sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ECONOMIA - O jornalismo econômico brasileiro não é técnico, é partidário.

Jornais se recusam a mudar diagnóstico sobre economia brasileira

“Analistas terão de passar o carnaval revendo projeções.” A frase é do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o desempenho do PIB em 2013, que cresceu 2,3%, acima do que vinham prevendo (ou torcendo) analistas e grande parte da mídia.
O ministro acrescenta que “os analistas estão revendo as suas projeções à luz do resultado do quarto trimestre”, quando houve alta de 0,7%. As estimativas eram bem piores para o último trimestre do ano. “Certamente as projeções serão mais positivas em relação àquelas que estavam ocorrendo”, afirmou Mantega.
De fato, os analistas e a mídia têm motivos de sobra para rever suas previsões e diagnósticos. Mas será que vão fazer mesmo? A julgar pelo noticiário de hoje, é no mínimo duvidoso.
Vejam, os jornais dizem que o resultado foi uma surpresa. Ainda que implicitamente, portanto, admitem que estavam errados, já que pregaram o tempo todo um cenário pior que esse. Mas logo em seguida, mantêm as mesmas análises sobre a economia brasileira: dizem que ela vai muito mal, que vai continuar crescendo pouco, que está tudo errado e por aí vai.
Ou seja, a realidade não é suficiente para mudar o discurso da imprensa conservadora. Erraram e viram que erraram. Mas não dão o braço a torcer e continuam trabalhando com um cenário equivocado. Uma penca de analistas ouvidos hoje pelos jornais se recusa igualmente a trabalhar com a realidade.
Ignoram que 2014 pode ter condições mais favoráveis por causa da melhora da economia mundial, como bem analisou Mantega: “Essa melhora ainda não aconteceu em 2013, mas está começando a acontecer em 2014″. Ele acrescentou que “teremos um cenário internacional cada vez melhor em 2014. Os mercados vão melhorar e a nossa indústria que teve problemas de crescimento em 2013 poderá crescer mais, aumentando as exportações. Agora com um câmbio melhor”,
Mas, como apontou aqui diversas vezes o ex-ministro José Dirceu, o jornalismo econômico no Brasil sofre de profunda politização. É partidário, e não técnico.

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