No início de 2010, o presidente do
IBOPE, Carlos Augusto Montenegro deu várias entrevistas assegurando que
Dilma Rousseff perderia as eleições. Baseou-se em supostos "padrões
históricos" das eleições brasileiras, uma baboseira que deve ter deixado
de cabelo em pé seus estatísticos.
Após a redemocratização o país
experimentara apenas cinco eleições, uma totalmente imprevisível (a de
Fernando Collor), uma não repetível (a de Fernando Henrique Cardoso nos
ventos do plano Real), uma do maior fenômeno popular da política
brasileira (Lula) e duas reeleições. Qual o padrão?
Agora, sem o mesmo chutômetro de
Montenegro, dá-se como favas contadas a reeleição de Dilma Rousseff. A
ponto de jornais engajados com (qualquer) oposição sugerirem a
candidatura de Joaquim Barbosa e Marina Silva, para impedir a vitória do
primeiro turno.
Do lado da Dilma consolida-se a percepção de que basta deixar tudo como está para garantir a reeleição.
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Devagar com o andor. O jogo não começou ainda.
Desde a redemocratização, apenas um fato
tornou-se padrão: a criação de ondas alternadas, com a opinião pública
indo de um a outro candidato até se consolidarem as posições dos
líderes.
Em 1994 Lula liderou boa parte da
campanha e acabou derrotado no primeiro turno. Em 2001 houve o fenômeno
Roseana Sarney, fulminado por uma operação de espionagem do esquema José
Serra com a Rede Globo. Houve o fenômeno Garotinho, Ciro Gomes.
Cada um desses movimentos desperta forças imprevisíveis, contra ou a favor.
Em 2010, a campanha obscurantista de
José Serra, de repente, encontrou eco na Igreja Católica tradicional e
nos evangélicos que, na reta final, quase desequilibraram o jogo.
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No estágio atual, os pré-candidatos
Aécio Neves e Eduardo Campos apontam para a falta de um projeto de
desenvolvimento de Dilma, os problemas operacionais do governo e o baixo
crescimento. E julgam que durante a campanha, haverá suficiente espaço
para desconstruir sua imagem.
Não levam em conta que, durante a
campanha, Dilma terá também espaço para apresentar suas realizações,
especialmente na área social, e sua equipe terá condições de pensar
objetivamente em formas de criar expectativas favoráveis para o segundo
mandato.
Do lado de Dilma, há a convicção de que
nenhum dos dois candidatos têm um projeto alternativo de governo capaz
de sensibilizar o eleitorado. E as pesquisas indicam diferença abissal
entre ela e os demais.
Ignora-se que ambos têm também baixa
taxa de rejeição, o que facilita o marketing da renovação, ainda que
fundado apenas na imagem pessoal de ambos.
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De lado a lado, há vulnerabilidades enormes a serem exploradas.
Do lado da oposição, a incapacidade de
definir um discurso minimamente voltado para as classes C e D. Valorizam
mais os almoços empresariais do que o desenvolvimento de um projeto que
contemple os desassistidos.
Do lado de Dilma, o afastamento de todas
as forças sociais relevantes, das organizações sociais e sindicatos ao
meio empresarial. E o acúmulo cada vez maior de pepinos que irão
estourar em 2015.
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De qualquer modo, até começar o jogo, os
dois lados já terão tempo para montar estratégias que levem essa conta
todos esses aspectos.
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