Sugerido por Mário de Oliveira
Da Carta Capital
Foi um tempo precioso perdido para os adversários de Dilma Rousseff. Faltam sete meses e meio para as eleições
por Marcos Coimbra
Dilma Rousseff é a favorita para se reeleger em outubro
A notícia mais relevante da
recém-concluída pesquisa CartaCapital/Vox Populi é a estabilidade do
cenário eleitoral. Quando se comparam os resultados desta com aqueles da
pesquisa anterior, realizada em outubro do ano passado, percebe-se que a
estrutura das intenções de voto é basicamente a mesma. Também ficaram
iguais a avaliação do governo federal (mantida majoritariamente
positiva) e a identificação dos problemas que preocupam os eleitores em
sua natureza e hierarquia (com a proeminência da saúde).
Em outras palavras, nos quase quatro
meses entre o fim de outubro de 2013, período de realização do
levantamento anterior, e os dias 13 e 15 de fevereiro de 2014, quando os
questionários deste foram aplicados, a população não mudou de atitude
em relação aos candidatos e ao que poderíamos chamar de “agenda da
eleição”.
Isso naturalmente só é bom para quem está na frente.
Dilma Rousseff, do PT, tinha 43% em
outubro e alcança 41% agora, uma oscilação dentro da margem de erro.
Algo semelhante acontece com Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O
tucano estacionou em 17% e o pernambucano veio de 9% para 6%. A soma de
seus votos era insuficiente para levar a eleição para o segundo turno e
assim continua. A presidenta possui ampla vantagem para vencer já no
primeiro.
São números frustrantes para a
oposição. Indicam não terem adiantado os esforços para alterar o
favoritismo alcançado pela petista no encerramento de 2013.
Para as oposições, foi um tempo
precioso perdido. E o relógio não para. Em outubro, faltava um ano para a
eleição. Agora, sete meses e meio. E se pouca coisa mudar no próximo
quadrimestre? E nos meses seguintes?
Quem conhece os estrategistas da
oposição sabe que esperavam mais das pesquisas feitas neste momento,
depois de a largada para o ano eleitoral ter sido “oficialmente” dada.
Em nossa história de eleições presidenciais, neste momento parcelas
expressivas do eleitorado já se mostram definidas.
A falta de crescimento de Aécio e
Campos, não apenas de outubro, mas de julho de 2013 até agora, os
preocupa. Se o tucano permanece abaixo de 20%, apesar do espaço na
mídia, e se Campos não atinge 10%, apesar do noticiário sempre favorável
e da “aliança” com Marina Silva, o que pode levá-los a patamares de
maior competitividade?
Cabe discutir se o “desconhecimento” é
uma explicação ou um sintoma de algo mais grave para seus propósitos.
Aécio e Campos, de fato, são menos conhecidos que Dilma, mas resta
analisar os motivos de permanecerem “desconhecidos”. Será apenas por
“falta de janela”, déficit que a campanha supriria mais adiante? Quem
disse que a maioria do eleitorado chegará à segunda quinzena de agosto,
quando começa a propaganda eleitoral na televisão e no rádio, ainda
disposta a conhecê-los? Quem sabe não estará resolvida, de posse da
informação que considera satisfatória a respeito deles?
O “desconhecimento” de Aécio e Campos
pode significar mais que um fenômeno transitório. Sua persistência
sugere outra coisa: a falta de curiosidade do eleitorado em relação a
ambos.
Outro ponto: o desempenho de Dilma não
muda quando sua candidatura é confrontada com muitos adversários, em
vez de apenas dois, como ocorria nos levantamentos anteriores. Diante de
sete possíveis oponentes, ela fica onde estava, e permite a seguinte
análise: a estratégia de lançar vários “nanicos”, imaginada por
expoentes oposicionistas, não deve ser eficaz.
É desnecessário, por óbvio, dizer que a
eleição não está resolvida. Há elementos de incerteza no horizonte,
entre os quais a Copa do Mundo e suas possíveis consequências políticas.
Tudo funcionará adequadamente? Existem riscos de vexames? Os protestos
previsíveis serão expressivos?
O Mundial de futebol termina em julho.
O que menos importará em 5 de outubro é quem venceu ou perdeu o
torneio. Até lá, a população estará envolvida com a eleição. E se
nenhuma mudança relevante acontecer, sabemos o que ela pretende fazer.
*É diretor do Instituto Vox Populi
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