FIM DE PAPO: JOAQUIM BARBOSA ESTÁ FORA DA CORRIDA PRESIDENCIAL
A entrevista de Joaquim Barbosa à veja
resultou numa comédia de erros com final feliz: se existia alguma
possibilidade de ele disputar a próxima eleição presidencial, agora não
há nenhuma. Para alívio dos que sabem aonde podem levar as candidaturas
sem verdadeira sustentação política, de líderes carismáticos que se
colocam acima dos partidos, das ideologias e da própria sociedade.
Na noite de 6ª feira (14), a dita suja... ôps, ato falho, eu queria dizer a dita cuja, colocou
no ar as chamadas de capa de sua edição 2.361, incluindo a relativa à
intenção do ministro Joaquim Barbosa de aposentar-se do STF; a íntegra,
contudo, só seria conhecida na manhã de sábado (15), quando da entrada
da revista nas bancas.
A novidade, destacada pelo site Brasil 247,
provocou alvoroço nas redes sociais. Somada à recente interpelação do
ex-presidente Lula a JB, foi interpretada como indício seguro de uma
candidatura presidencial. Até eu embarquei na canoa furada, dissecando
tal possibilidade neste artigo que escrevi em plena madrugada.
Mesmo a
posterior leitura da íntegra da entrevista não me deu a certeza de estar
afastado o espectro de uma candidatura que poderia ser tão nefasta
quanto as de Jânio Quadros e Fernando Collor.
JB negava a intenção de candidatar-se em 2014, mas a veja lhe atribuiu um timing
muito suspeito: pretenderia pendurar a toga no próximo mês de abril,
exatamente o prazo-limite para deixar a Justiça e inscrever-se num
partido ainda em tempo de disputar a eleição deste ano.
Dificilmente saberemos se JB declarou mesmo o que o repórter da veja colocou na sua boca ou a revista mais uma vez estava praticando seu costumeiro wishful thinking, no afã de empurrar os acontecimentos na direção que considera correta.
Desde que deixou de ser revista, tornando-se apenas o house organ da direita truculenta e golpista, a veja é useira e vezeira nessas manipulações grosseiras, que acabam invariavelmente ruindo como castelos de cartas.
O certo é que a assessoria de JB desmentiu, em nota oficial, boa parte das afirmações que a veja lhe imputou:
- "O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, ratifica que não é candidato a presidente nas eleições de 2014.
- "Com relação a uma possível renúncia ao cargo que hoje ocupa, o ministro já manifestou diversas vezes seu desejo de não permanecer no Supremo até a idade de 70 anos, quando teria que se aposentar compulsoriamente. No entanto, não existe nenhuma definição com relação ao momento de sua saída. Ele não fez consulta alguma ao setor de recursos humanos do STF sobre benefícios de aposentadoria.
- "No que se refere ao seu futuro após deixar o Tribunal, o ministro reserva-se o direito de tomar as decisões que julgar mais adequadas para a sua vida na ocasião oportuna. Entende que após deixar a condição de servidor público, suas decisões passam a ser de caráter privado.
- "O ministro Joaquim Barbosa não faz juízo de valor sobre nenhum dos partidos políticos brasileiros, individualmente. A respeito do quadro partidário, já expressou sua opinião no sentido da realização de uma ampla reforma política que aprimore o atual sistema. Apesar de já ter tornado público o seu voto nas últimas três eleições presidenciais, o presidente do STF, Tribunal que é o guardião da Constituição, ratifica seu respeito por todas as agremiações partidárias, seus filiados e eleitores."
Ou seja, JB
nega que já tenha fixado sua saída para abril, nega que haja pedido
esclarecimentos sobre sua aposentadoria (isto pipocara na imprensa
alguns dias antes, alimentando as especulações sobre uma saída
iminente), não confirma nem descarta que pretenda disputar as eleições
de 2018 e nega haver dito que o PT hoje está "tomado por bandidos, pela
corrupção".
Ou falou demais e recuou, ou a veja forçou a barra por ansiar desesperadamente pela sua entrada na corrida presidencial.
Na segunda
hipótese, terá desferido um formidável tiro pela culatra: JB, agora, foi
longe demais para poder dar o dito por não dito sem ficar
desmoralizado.
Cai o pano
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