O drama da mídia ao noticiar pesquisas que não favorecem seus candidatos
A capacidade de manipulação dos jornalões, principalmente contra o governo – um comportamento sempre criticado aqui pelo ex-ministro José Dirceu – tem seus limites. Ela vai até um certo ponto e eles terminam obrigados a registrar fatos que definitivamente não lhes agrada, sob pena de perderem a pouca credibilidade que ainda lhes resta. É o caso das pesquisas divulgadas na semana passada (CNT/MDA) e no fim de semana Datafolha e IBOPE.
Praticamente com os mesmos percentuais, a pesquisa Datafolha, publicada pela Folha de S.Paulo no domingo, confirma o que a CNT/MDA havia registrado pouco antes, quanto a intenção de voto dos brasileiros na eleição de outubro próximo para presidente da República. Por essas duas pesquisas, a candidata a reeleição, presidenta Dilma Rousseff, mantido o quadro atual, vence todos os demais candidatos no 1º turno, dia 5 de outubro. E, se houver 2º turno, dia 26 de outubro, ganha também, qualquer que seja o adversário classificado para esta segunda etapa.
Já o Estadão preferiu centrar a pesquisa que encomendou ao IBOPE em outro ponto – aferir a avaliação do governo agora, em comparação com a aferida em pesquisa de dezembro/2013. Por aí conseguiu a manchete que queria: “avaliação positiva do governo Dilma teve queda de 4 pontos, afirma IBOPE”. Nessa toada e linha editorial, aproveita e só lá pelo meio da matéria assinala que o desempenho pessoal da presidenta Dilma Roussef continua apoiado pela maioria dos brasileiros. “Sua conduta é aprovada por 55% e desaprovada por 41%, aferiu a pesquisa”.
Brasileiros veem Lula e Dilma como os mais preparados
Os números, sejam os de intenção de voto na presidenta, sejam os relativos à avaliação de seu governo, levam candidatos da oposição a avaliar que a chefe do Estado e candidata à reeleição “atingiu seu teto” – o candidato dos tucanos ao Planalto, senador Aécio Neves (PSDB-MG) fala isso. Mas assim, já, sete meses antes da eleição, cino meses antes de se iniciar a campanha?
Ao que tudo indica, Aécio esqueceu-se de ler outro trecho colocado lá pelo fim de um box-análise da pesquisa que o Estadão também publicou e no qual afirma: “O problema de Aécio Neves (PSDB) e de Eduardo Campos (PSB) é que eles não têm conseguido seduzir o ex-simpatizante de Dilma. Esse eleitor perdeu o encanto pela presidente, mas tampouco se entusiasma com as alternativas”.
Angústia semelhante deve ter acometido a Folha de S.Paulo ao publicar sua pesquisa Datafolha em várias reportagens no domingo, uma delas com o título “Brasileiro quer mudança, mas com petistas”. O que diz essa reportagem? Que para 67% dos brasileiros, o próximo presidente da República precisa adotar ações diferentes, imprimir novos rumos políticos ao país.
Só que os que os brasileiros apontam majoritariamente que os mais preparados para conduzir essas alterações são justamente a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Os dois somam 47% da preferência dos brasileiros para conduzir essas mudanças e deixam na rabeira, lá atrás, todos os demais candidatos lançados e/citados como prováveis pela mídia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário