Do Estadão
Procuradores defendem que as investigações continuem e que não há prescrição dos crimes
Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - Depois de denunciarem à Justiça,
na semana passada, seis envolvidos na explosão da bomba do Riocentro, em
1981, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de
Janeiro disseram nesta segunda-feira, 17, que as investigações continuam
e poderão oferecer o benefício da delação premiada (chamada por eles de
contribuição premiada) para pessoas que ofereçam novas informações
sobre o caso.
Os procuradores estão em busca da
identidade de três militares: dois deles tinham planos de continuar a
praticar atentados semelhantes ao do Riocentro, com o objetivo de deter o
processo de abertura, e o terceiro, de codinome Dr. Luiz, teria
ameaçado a família do sargento Guilherme do Rosário, que carregava a
bomba e morreu no atentado. Os procuradores sustentam que não houve
prescrição dos crimes, por se tratarem de "ações de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático" e que outros crimes, como fraude processual e favorecimento
pessoal, também são imprescritíveis.
No caso dos denunciados idosos, como o
general reformado Newton Cruz, chefe da Agência Central do Serviço
Nacional de Informações (SNI), de 89 anos, o procurador Antonio Cabral
disse que foi pedido que o processo seja agilizado, até mesmo para que o
depoimento à Justiça seja prestado o mais rápido possível. Além de
Newton Cruz, foram denunciados pelos crimes de homicídio doloso
duplamente qualificado o general reformado Nilton Cerqueira, na época
comandante da Polícia Militar do Rio, o ex-delegado Claudio Guerra e o
capitão Wilson Machado, que estava com o sargento Rosário no Puma onde a
bomba explodiu, no estacionamento do Riocentro.
O MPF pediu penas de 36 anos para
Guerra, Cerqueira e Machado e de 36 anos e 6 meses para Cruz. O general
reformado Edson Sá Rocha foi denunciado por associação criminosa armada,
com pedido de pena de 2 anos e 6 meses. O major reformado Divany
Carvalho Barros é acusado de fraude processual, com pena de 1 ano.
Divany confessou aos procuradores ter ido ao local do acidente, depois
da explosão, para recolher provas. Sá Rocha recusou-se a falar, mas é
acusado de ter tramado um atentado no Riocentro um ano antes, em ação
que acabou abortada por ordens superiores.
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