Luís Inácio avisa: antes da justiça, midia já terá condenado pessoal da Lava Jato
O ex-presidente Lula comparou, na noite desta 4ª feira, o caso Petrobras ao processo da Ação Penal 470 e previu que quando a investigação chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), a imprensa já terá condenado o PT e implicados na Operação Lava a Jato, de investigações sobre a estatal. Ele ironizou, também, a oposição dizendo até parecer que ela arrecada dinheiro para as campanhas eleitorais no Criança Esperança, e não com empresários.
“Agora a bola da vez somos nós. O PT não pode continuar crescendo, tem que ser atacado de todos os lados, em todas as frentes, com artilharia leve e pesada. (A mídia se determina) Vamos fazer guerra eletrônica contra o PT, não importa se é verdade ou mentira. Vamos tentar difamar, destruir esse partido. No processo do mensalão, os companheiros que foram julgados já estavam condenados”, lembrou o ex-presidente ao discursar no lançamento da segunda etapa do 5º Congresso Nacional do PT na noite de ontem, em Brasília.
O ex-chefe do governo prosseguiu acentuando que nesse “processo da Petrobras, o que a gente está vendo é que quando chegar na Suprema Corte, quando o ministro Teori (Zavascki) for analisar a delação premiada – instrumento criado por nós no governo -a imprensa já vai ter condenado. Todo o vazamento é contra o PT”.
Oposição finge arrecadar pra campanha no Criança Esperança
Ele ironizou as críticas recebidas pelo partido quanto a arrecadação de dinheiro para disputas eleitorais, a ameaça de rejeição das contas da campanha da presidenta dilma (foram aprovadas ontem à noite por unanimidade), afirmando: “A presidente Dilma tentou explicar isso muitas vezes na campanha eleitoral, mas nossos adversários nunca quiseram compreender. Como se quem faz campanha pedindo dinheiro para empresário fosse só o PT. Me parece que os tucanos arrecadam dinheiro em campanha como o Criança Esperança, de tão nobre que eles são…”
Mas, o ex-presidente avisou que que o PT não vai aceitar a pecha de corrupto, conclamou a militância a reagir e disse que quem errou será punido. “É hora dos petistas levantarem a cabeça, enfrentarem o debate da corrupção. A gente não pode aceitar a pecha que eles querem nos incutir na nossa testa. Não sou melhor do que ninguém, mas se enfiar todos eles um dentro do outro, eles não são mais honestos do que eu nem nenhum de vocês.”
No momento em que lançava a segunda etapa do 5º Congresso do partido – programada para junho próximo, em Salvador – e que vai discutir a atualização do programa e do estatuto do PT, o ex-presidente Lula comparou a sigla a um filho que cresce e começa a dar trabalho: “Não nascemos para ser igual aos outros, não nascemos para fazer campanha com cabos eleitorais pagos. Aí nasce o político profissional. A gente tinha menos voto, mas tinha mais orgulho, andava de cabeça erguida, querendo que as pessoas copiassem a gente.”
Vamos dar demonstração de força política na nova posse em Brasília
O ex-chefe do governo foi conclamado pela militância a sair candidato em 2018 e voltar ao Planalto, mas ponderou que o momento é de garantir que a presidente Dilma faça um bom 2º governo. Ele advertiu que os próximos quatro anos serão tempos difíceis: “Ninguém tem que pensar neste momento em 2018. Temos que pensar na posse da presidente Dilma. Este é o sinal que temos que dar a esse país.”
“Dar o sinal – aconselhou – e ficar na expectativa de que a presidente Dilma anuncie no próximo dia 1º (janeiro, data da posse do novo mandato) o que serão os próximos quatro anos do ponto de vista econômico, das políticas sociais, de desenvolvimento, de crescimento, para que a gente possa recuperar neste país a alegria.. É importante que a gente não perca de vista que os tempos que virão pela frente não serão fáceis.”
Em outro trecho de seu pronunciamento ele e outros oradores, como o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão (SP) – Rui chamou os oposicionistas de “coxinhas” – e o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), criticaram a oposição por não descer do palanque e conclamaram a militância a dar uma demonstração de força na posse da presidente Dilma, fazendo uma grande festa popular em Brasília.
“Eu perdi 8em 1989 – exemplificou o ex-presidente – e todo mundo sabe como perdi. Entretanto não fiquei na rua protestando. Fui me preparar para a outra (…) Quando a gente perdia a gente acatava o resultado. Eles acham que a campanha não acabou. A gente não pode ficar
nessa disputa com eles. Eles fazem uma passeata um dia e a gente no outro. Ninguém aguenta. A Dilma precisa governar. Deixa a mulher trabalhar gente, ela ganhou as eleições”.
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