FHC e 'Veja' pregam golpe paraguaio
Por Altamiro Borges
Derrotada nas urnas em outubro passado, a direita está excitada com a
possibilidade de derrubar a presidenta Dilma Rousseff através de um golpe "made
in Paraguai" – via pedido de impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF).
Neste final de semana, dois representantes desta corrente deixaram explícita
esta tática golpista. Em artigo publicado no Estadão, no domingo (2), o
ex-presidente FHC, recalcado com sua abissal rejeição na sociedade, sinalizou
com esta hipótese. No mesmo rumo, a criminosa revista "Veja" estampou na capa a
manchete "Reação em cadeia", indicando que a sinistra Operação Lava-Jato pode
resultar no impeachment de Dilma e na prisão de Lula.
No texto intitulado "Chegou a hora", FHC utiliza a sua
linguagem empolada, típica do "sociólogo da Sorbonne", para indicar o caminho
que a direita nativa deve seguir no próximo período. Segundo o "príncipe da
privataria", o governo recém-eleito "já apodreceu". Prova disto são "as fraturas
expostas na base aliada", "os esguichos da Operação Lava Jato", a crise
energética e a retração da economia. Egocêntrico e ressentido, FHC não esconde
sua inveja doentia. "Depois de 12 anos de contínua tentativa de desmoralização
de quase tudo o que meu governo fez, bem que eu poderia dizer: estão vendo, o PT
beijou a cruz e tenta praticar tudo o que negou no passado". Mas ele se diz
magnânimo: "Em vez disso, procuro soluções". Haja cinismo!
As soluções apresentadas pelo grão-tucano são evidentemente golpistas. Para
ele, a presidenta Dilma "não tem condições para liderar" as mudanças políticas
no Brasil. "Daí minha insistência: ou há uma regeneração 'por dentro', governo e
partidos reagem e alteram o que se sabe que deve ser alterado nas leis
eleitorais e partidárias, ou a mudança virá 'de fora'. No passado, seriam golpes
militares. Não é o caso, não é desejável nem se veem sinais. Resta, portanto, a
Justiça. Que ela leve adiante a purga; que não se ponham obstáculos insuperáveis
ao juiz, aos procuradores, aos delegados ou à mídia. Que tenham a ousadia de
chegar até aos mais altos hierarcas, desde que efetivamente culpados". A solução
para a crise, insiste FHC, se dará através do Poder Judiciário... e não no
terreno da política.
Já a revista "Veja", menos empolada e mais escrachada, vai direto ao ponto.
Ela informa que uma das empresas envolvidas nas denúncias de corrupção na
Petrobras encomendou um parecer jurídico sobre a viabilidade do pedido de
impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A edição da revista, que chegou
às bancas no sábado (31), não revela o nome da empreiteira, mas informa que o
parecer foi elaborado pelo jurista Ives Gandra Martins – famoso por ser um dos
fundadores e mentores da seita fascistóide Opus Dei no Brasil.
"Considerando que o assalto aos recursos da Petrobras, perpetrado durante
oito anos, de bilhões de reais, sem que a Presidente do Conselho e depois
Presidente da República o detectasse, constitui omissão, negligência e
imperícia, conformando a figura da improbidade administrativa", o parecer do
militante do Opus Dei prega abertamente o impeachment de Dilma Rousseff. A
revista "Veja" festeja o resultado do "estudo jurídico" e ainda aponta a
possibilidade da "reação em cadeia" resultar no indiciamento e no "eventual"
pedido de prisão para o ex-presidente Lula.
Como se observa, a direita está super-excitada. E os dois petardos foram
disparados antes da eleição do lobista Eduardo Cunha para a presidência da
Câmara dos Deputados. As festanças após a vitória na noite de domingo devem
embriagar ainda mais as hostes golpistas. Ou a presidenta Dilma parte
urgentemente para a contra-ofensiva, ou seu governo pode não chegar ao fim do
mandato. A conferir!
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