sábado, 21 de fevereiro de 2009

CRISE AMERICANA - Casa Branca salva Wall Street.

Casa Branca salva Wall Street ao negar estatização de bancos.

Uma declaração do porta-voz oficial da Casa Branca salvou a Bolsa de Nova York de um dia de queda livre nesta sexta-feira (20), ao negar os insistentes rumores sobre uma iminente estatização do Bank of America (BofA) e do Citigroup, os dois maiores bancos dos Estados Unidos. Mesmo assim, Wall Street fechou em baixa de 1,34% e abaixo dos 7.500 pontos, o pior desempenho em seis anos.

Por Bernardo Joffily

O teor das declarações do porta-voz dá uma idéia dos calafrios que acometeram Wall Street. Mais ainda depois que o influente senador democrata Christopher Dodd, presidente da Comissão de Bancos do Senado, ter admitido a estatização. "Temo que poderíamos terminar sendo obrigados a fazê-la, oelo menos por um curto período", disse Dodd na Bloomberg TV.

"Mãos privadas é o caminho"

"Esta administração continua a acreditar fortemente que o sistema bancário em mãos privadas é o caminho acertado, desde que suficientemente regulada por este governo. Esta tem sido a nossa crença há bastante tempo e nos continuamos a mante-la", disse o porta-voz, Robert Gibbs.


"Penso que fui muito claro quanto ao sistema que este país tem e continuará a ter", insistiu ainda o porta-voz. Gibbs atribuiu a turbulência nos mercados a "uma variedade de dados", e não à decepção com o plano de salvamento do presidente Barack Obama.


"Acho que é insensato acreditar que tudo que fazemos é concebido para provocar uma reação imediata do mercado ou que este deve ser o parâmetro", disse ele. "Acho que se você olhar para as notícias da semana, houve uma porção de notícias em todo o mundosobre uma economia em deterioração", agregou.


Alan Greenspan, o estatista


A firme defesa da banca privada comprovou como eram mentirosas as acusações republicanas sobre de que Obama é "socialista", feitas durante a campanha eleitoral de 2008. Porém não afasta as dificuldades que rondam os bancos. Estas podem terminar impondo a estatização mesmo a contragosto – a fórmula aventada por Dodd –, não para enterrar o capitalismo mas para tirá-lo da UTI.


Foi o que defendeu nesta quarta-feira (18), em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o ex-presidente do banco central americano durante 19 anos e sumo-sacerdote do liberalismo econômico, Alan Greenspan. Para Greenspan, a estatização de parte do sistema financeiro pode ser a "opção menos ruim". Ele constatou que as medidas que já foram tomadas, tanto no governo de George W. Bush como no de Barack Obama, até agora não conseguiram recuperar a confiança no sistema financeiro.


"Talvez seja necessário temporariamente nacionalizar [estatizar] alguns bancos de forma a facilitar uma reestruturação mais ordenada", afirmou o ex-presidente do Fed. "Eu entendo que uma vez a cada cem anos é isso que você tem que fazer", argumentou.


Ações dos grandes bancos derretem em NY

Mesmo com o anúncio da Casa Branca, as ações do Citigroup (o banco que projetou o presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles) desabaram 22,3% nesta sexta-feira, depois de terem caído 13,8% na quinta. Enquanto as do Bank of America, que tombaram 14% na quinta, tiveram as perdas de sexta reduzidas para 3,6% depois que um conhecido analista disse na CNBC que comprar ações do BofA era naquele momento "o melhor negócio da história de Wall Street". Em um só dia, mais de 1,2 bilhões de títulos dos dois bancos trocaram de mãos.

O BofA anunciou no mês passado o seu primeiro trimestre de prejuízos em 17 anos, devido à aquisição de outra casa bancária em maus lençóis, o Merrill Lynch. Já o Citi, repleto de créditos duvidosos e ativos tóxicos, perdeu US$ 28,5 bilhões nos últimos 15 meses. As duas empresas receberam desde outubro US$ 45 bilhões, cada uma, de recursos públicos para sanear suas finanças.

Não se trata de bancos como o Merrill Lynch, cujo naufrágio assombrou o mundo cem dias atrás, mas dos dois maiores símbolos do poderio financeiro do império estadunidense. Entretanto, os números de sexta-feira na Bolsa também não pouparam os demais pesos-pesados das finanças dos EUA.

O JP Morgan recuou 3,40%; o Wells Fargo dedeu 9,16%; os dois últimos bancos de negócios de Wall Street, Goldman Sachs e Morgan Stanley, cairam respectivamente 1,11% e 2,51%; O American International Group, outrora maior seguradora do mundo, recuou mais 8,47%; e o Hartford Financial perdeu 12,16% .

General Motors vale hoje o que valia em 1935

Em um cenário dominado pelo fantasma da estatização da banca, ficou em segundo plano na Bolsa de Nova York o novo agravamento da lenta agonia da General Motors. A montadora que foi durante décadas a maior automobilística do mundo (título hoje em mãos da japonesa Toyota) teve suas ações desvalorizadas em mais 11,5% e vendidas a US$ 1,77, a cotação mais baixa em 74 anos.

A GM já recebeu US$ 13,4 bilhões de dinheiro público, porém na sexta-feira avisou que vai precisar de mais US$ 16 bi. Seu plano de demissões para 2009 prevê a supressão de 47 mil postos de trabalho, dos quais 26 mil fora dos Estados Unidos. Entre eles estão os 800 metalúrgicos brasileiros demitidos na unidade da GM em São José dos Campos (SP).
Fonte: Site O Vermelho.

Um comentário:

Anônimo disse...

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What Is A De Novo Bank