Beto de Almeida
Sangue brasileiro em solo cubano
Mas, entre Cuba e Brasil os laços de solidariedade — ternura entre os povos — são muito mais antigos, sempre mal divulgados. Lutaram no Exército de Libertação Nacional de José Marti dois brasileiros, dois cariocas. Essas 19 mil toneladas de arroz aportam em solo irrigado pelo sangue de dois brasileiros que atenderam ao chamado revolucionário de Marti para a luta de libertação de Nuestra América. Solo fértil. Lá ficaram, junto com José Marti, também abatido em combate. Já havíamos doado sangue ao povo cubano.
Em outros momentos, brasileiros e cubanos também estiveram de alguma forma juntos, como, por exemplo, na luta de libertação de Angola. Trezentos e cinqüenta mil cidadãos cubanos, homens e mulheres, incluindo a filha do Che, tomaram em armas e foram para Angola lutar contra o exército sul-africano que invadia a terra do poeta Agostinho Neto, que pessoalmente solicitou ajuda a Fidel Castro. A sanguinária democracia dos EUA apoiando o exército do Apartheid de um lado e Cuba lutando ombro a ombro com os angolanos do outro. O Movimento Negro brasileiro não mandou uma aspirina em solidariedade aos angolanos. Na Batalha de Cuito Cuanavale, 1988, os nazis do apartheid da África do Sul foram finalmente derrotados, levando Mandela a declarar: "a Batalha de Cuito Cuanavale foi o começo do fim do Apartheid!!!" O Brasil tinha sido o primeiro país a reconhecer a independência da República Popular de Angola, o que levou Henry Kissinger, então secretário de estado dos EUA, a vir ao Brasil para reclamar de Ernesto Geisel , afirmando que o Brasil estava fazendo o jogo dos comunistas, estava junto com Cuba, etc. Geisel respondeu apenas: "a política externa brasileira não está em discussão com o senhor!” Houve um tempo em que chanceleres brasileiros tiravam o sapato diante de ordens desaforadas de qualquer guardinha de alfândega....
Fonte:Blog À ilharga de uma geógrafa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário