quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

POR QUEM MERECE AMOR

Beto de Almeida

Por quem merece amor....

Solidariedade não se discute a quem, mas esta é matéria que Cuba pode dar aulas de sobra. Existem hoje profissionais de saúde cubanos em mais de 70 país. Apenas na Venezuela trabalham 23 mil médicos cubanos. No Timor Leste também encontram-se 350 médicos cubanos em missão de solidariedade. O presidente timorense, o jornalista e poeta Ramos-Horta, contou-me que o embaixador dos EUA tentou pressionar para que Timor rejeitasse a ajuda cubana. Ramos, com a sabedoria humilde dos timorenses, apenas perguntou ao embaixador norte-americano quantos médicos seu país havia enviado para aquela ilha que antes foi um Vietnã Silencioso, dado seu heroísmo e dignidade, escondidos de modo vil pela mídia controlada pela indústria bélica e pela ditadura petroleira internacionais. O gringo vestiu a carapuça. Há mais médicos e professores cubanos em todos os continentes do que profissionais de todos os países ricos de idêntica especialização , somados. Mas, se a continha fosse de soldados...

A Venezuela já foi declarada pela Unesco "Território Livre de Analfabetismo”, e lá estavam os professores e pedagogos cubanos para assegurar esta conquista. Ser livre é ser culto, diz Marti. Da mesma maneira, quando em dezembro último a mesma Unesco - mais acostumada nos últimos tempos a contabilizar a devastação da educação pública no mundo - declarou oficialmente a Bolívia como "Território Livre do Analfabetismo”, lá estavam os professores cubanos, com o seu método de alfabetização "Yo si puedo”, prestando sua solidariedade para tirar o povo boliviano das trevas da ignorância neoliberal.

Doando médicos, professores, pedagogia

Aliás, este método de alfabetização também foi adaptado por pedagogos cubanos para aplicação via rádio no Haiti, em dialeto creole. A observação é simples: um país que já extirpou a praga do analfabetismo há mais de 48 anos coloca agora seus profissionais a serviço de outros povos buscando soluções para problemas sociais que já não existem mais ali entre cubanos. De certo modo, lá no Haiti brasileiros e cubanos também encontram-se novamente juntos. Seus esforços de algum modo coordenam-se favoravelmente. A integração se dá. Os 500 médicos cubanos que estão no Haiti são, na prática, a espinha dorsal do que resta do serviço de saúde pública daquele país em colapso e o Batalhão de Engenharia do Exército Brasileiro lá está a construir fossas, pavimentar ruas e estradas, obras de saneamento. O tema provoca polêmicas, inclusive por vários movimentos sociais, mesmo assim é central considerar declaração do Comandante Fidel Castro em 2006: "eu prefiro tropas brasileiras do que mariners dos EUA no Haiti". Revelando a com quê concepção geopolítica, portanto com quê visão estratégica ampla avalia a questão.

Do mesmo modo, cabe registrar que este mesmo método de alfabetização cubano está sendo adaptado e aplicado entre indígenas na nova Zelândia e em inúmeros Assentamentos da Reforma Agrária do MST aqui no Brasil sempre combinando o uso do livro e da televisão, incluindo a participação, no caso brasileiro, de alguns artistas de telenovela, igualmente solidários com os mais necessitados.
Fonte:À ilharga de uma geógrafa.

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