Li hoje que a Reserva Federal dos Estados Unidos tinha criado uma nova linha de créditos para os Bancos Centrais do México, Brasil, Coréia do Sul e Cingapura.
Na mesma declaração informa que proporcionou créditos similares aos Bancos Centrais da Austrália, Canadá, Dinamarca, Reino Unido, Japão, Nova Zelândia, Suíça e o Banco Central Europeu.
Em virtude desses acordos, proporciona dólares aos Bancos Centrais a mudança de reservas em divisas desses países, que sofreram perdas consideráveis devido à crise financeira e comercial.
Desse modo consolida-se o poder econômico de sua moeda, privilégio outorgado em Bretton Woods.
O Fundo Monetário Internacional, que é o mesmo cão com diferente coleira, anuncia a injeção de elevadas somas a seus clientes da Europa Oriental. A Hungria injeta o equivalente a 20 bilhões de euros, grande parte dos quais são dólares procedentes dos Estados Unidos. As máquinas de imprimir cédulas não param, nem o FMI de outorgar seus leoninos empréstimos.
Por sua vez, ontem o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) declarava em Genebra que ao ritmo atual de gastos, a humanidade precisaria dos recursos de dois planetas em 2030 para manter seu estilo de vida.
O WWF é uma instituição séria. Não faz falta ser graduado universitário em Matemáticas, Economia ou Ciências Políticas para compreender o que isso significa. É a pior variante. O capitalismo desenvolvido ainda pretende continuar saqueando o mundo como se o mundo pudesse o suportá-lo.
Fidel Castro Ruz
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
II GUERRA MUNDIAL - General japonês é demitido por texto...
(Reuters) - O Ministério da Defesa do Japão anunciou nesta sexta-feira que vai demitir o comandante da Força Aérea do país por ele ter dito que o Japão foi uma vítima dos Estados Unidos na 2a Guerra Mundial, e não um agressor de países asiáticos durante o conflito.
O texto do general Toshio Tamogami, publicado em uma página da Internet, pode provocar ira na China e na Coréia do Sul, onde as memórias da guerra e da colonização japonesa ainda são profundas.
"Eu acredito que é impróprio que o chefe da força aérea demonstre uma visão claramente diferente da visão do governo", disse o ministro da Defesa, Yasukazu Hamada, a jornalistas. "Por essa razão, é inapropriado para ele se manter em sua posição e eu vou demiti-lo", acrescentou.
Em 1995, o Japão expressou seu remorso pelos atos de guerra, e voltou a se desculpar novamente uma década depois.
Uma reportagem da agência de notícias japonesa Kyodo citou o primeiro-ministro do país, Taro Aso, dizendo que o texto, no qual o general nega que o Japão tenha sido o agressor da China, foi inapropriado.
Impasses pela história da guerra geralmente estremecem as relações entre Pequim e Seul, embora a relação com a China tenha se estreitado nos últimos dois anos de ambos lados por conta da prioridade de aprofundar o comércio e o investimento.
"Mesmo agora, há muitas pessoas que pensam que as agressões do nosso país causaram um sofrimento intolerável para os países da Ásia durante a Guerra da Ásia Oriental", escreveu Tamogami no texto, publicado em inglês e japonês.
"No entanto, nós precisamos reconhecer que muitos países asiáticos adotaram uma visão positiva da Guerra da Ásia. Isto é certamente uma acusação falsa para dizer que nosso país foi um agressor", disse ele.
Tamogami disse ainda no texto que as ações militares do Japão na China foram baseadas em um tratado, e que a colonização japonesa na península sul-coreana de 1910 a 1945 "foi próspera e segura".
Tamogami também rejeitou o veredicto de um tribunal aliado que condenou os líderes militares do Japão por crimes de guerra, após a derrota de Tóquio em 1945.
Visões semelhantes são compartilhadas por alguns estudiosos e políticos japoneses de direita. Mas governos japoneses sucessivos, incluindo o de Aso, tem defendido um marco de desculpas para as pessoas, principalmente na Ásia, que sofreram sob as regras de colonização do Japão.
(Reportagem de Linda Sieg)
Fonte:Reuters.
O texto do general Toshio Tamogami, publicado em uma página da Internet, pode provocar ira na China e na Coréia do Sul, onde as memórias da guerra e da colonização japonesa ainda são profundas.
"Eu acredito que é impróprio que o chefe da força aérea demonstre uma visão claramente diferente da visão do governo", disse o ministro da Defesa, Yasukazu Hamada, a jornalistas. "Por essa razão, é inapropriado para ele se manter em sua posição e eu vou demiti-lo", acrescentou.
Em 1995, o Japão expressou seu remorso pelos atos de guerra, e voltou a se desculpar novamente uma década depois.
Uma reportagem da agência de notícias japonesa Kyodo citou o primeiro-ministro do país, Taro Aso, dizendo que o texto, no qual o general nega que o Japão tenha sido o agressor da China, foi inapropriado.
Impasses pela história da guerra geralmente estremecem as relações entre Pequim e Seul, embora a relação com a China tenha se estreitado nos últimos dois anos de ambos lados por conta da prioridade de aprofundar o comércio e o investimento.
"Mesmo agora, há muitas pessoas que pensam que as agressões do nosso país causaram um sofrimento intolerável para os países da Ásia durante a Guerra da Ásia Oriental", escreveu Tamogami no texto, publicado em inglês e japonês.
"No entanto, nós precisamos reconhecer que muitos países asiáticos adotaram uma visão positiva da Guerra da Ásia. Isto é certamente uma acusação falsa para dizer que nosso país foi um agressor", disse ele.
Tamogami disse ainda no texto que as ações militares do Japão na China foram baseadas em um tratado, e que a colonização japonesa na península sul-coreana de 1910 a 1945 "foi próspera e segura".
Tamogami também rejeitou o veredicto de um tribunal aliado que condenou os líderes militares do Japão por crimes de guerra, após a derrota de Tóquio em 1945.
Visões semelhantes são compartilhadas por alguns estudiosos e políticos japoneses de direita. Mas governos japoneses sucessivos, incluindo o de Aso, tem defendido um marco de desculpas para as pessoas, principalmente na Ásia, que sofreram sob as regras de colonização do Japão.
(Reportagem de Linda Sieg)
Fonte:Reuters.
ANOS DE CHUMBO - STF suspende processo de extradição.
BRASÍLIA (Reuters) - O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento de um pedido vindo da Argentina para a extradição de um militar aposentado do Uruguai acusado de praticar crimes contra a humanidade durante as ditaduras que controlaram a região na década de 70.
O processo contra o coronel Manuel Cordero foi suspenso na noite de quinta-feira a pedido do ministro Eros Grau, que pediu mais tempo para analisar o caso, disse em um comunicado o STF.
Grau havia votado pelo rechaço do pedido de extradição em setembro, antes de que fosse apresentada uma solicitação anterior de suspensão do procedimento.
O Uruguai também requereu a extradição de Cordero, mas o STF descartou esse pedido por considerar que os delitos imputados ao acusado foram cometidos na Argentina, afirmou o tribunal.
O STF não estabeleceu ainda nenhuma data para a retomada do processo.
O militar uruguaio é acusado de envolvimento no sumiço de dez pessoas, além do sequestro de um menor de idade, durante a chamada Operação Condor, arquitetada na década de 70 pelas ditaduras que governavam os países do Cone Sul a fim de reprimir militantes da oposição.
Antes da suspensão do processo, na quinta-feira, cinco ministros já haviam se manifestado a favor do pedido de extradição e três, contra.
O ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, tinha votado em setembro pela denegação do pedido de extradição já que, segundo argumentou, os delitos de desaparecimento e sequestro haviam prescrito.
Naquele momento, antes de um recesso, três outros ministros acompanharam o voto dele, mas a ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha mudou de opinião na quinta-feira, discordando do voto do relator, afirmou o comunicado do STF.
(Reportagem de Julio Villaverde)
Fonte:Reuters
O processo contra o coronel Manuel Cordero foi suspenso na noite de quinta-feira a pedido do ministro Eros Grau, que pediu mais tempo para analisar o caso, disse em um comunicado o STF.
Grau havia votado pelo rechaço do pedido de extradição em setembro, antes de que fosse apresentada uma solicitação anterior de suspensão do procedimento.
O Uruguai também requereu a extradição de Cordero, mas o STF descartou esse pedido por considerar que os delitos imputados ao acusado foram cometidos na Argentina, afirmou o tribunal.
O STF não estabeleceu ainda nenhuma data para a retomada do processo.
O militar uruguaio é acusado de envolvimento no sumiço de dez pessoas, além do sequestro de um menor de idade, durante a chamada Operação Condor, arquitetada na década de 70 pelas ditaduras que governavam os países do Cone Sul a fim de reprimir militantes da oposição.
Antes da suspensão do processo, na quinta-feira, cinco ministros já haviam se manifestado a favor do pedido de extradição e três, contra.
O ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, tinha votado em setembro pela denegação do pedido de extradição já que, segundo argumentou, os delitos de desaparecimento e sequestro haviam prescrito.
Naquele momento, antes de um recesso, três outros ministros acompanharam o voto dele, mas a ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha mudou de opinião na quinta-feira, discordando do voto do relator, afirmou o comunicado do STF.
(Reportagem de Julio Villaverde)
Fonte:Reuters
ARTIGO - Tigre de papéis.
Léo Lince
O capitalismo global entrou em crise profunda e duradoura. Ninguém contesta. Até os próprios capitalistas e os intelectuais a seu serviço são obrigados a se dobrar diante da contundência dos fatos. O que era tema restrito ao debate da esquerda, agora virou assunto da pauta geral. Assim como o muro de Berlin desabou sobre o "socialismo real", agora chegou a vez do "capitalismo real" enfrentar as "duras réplicas da história".
Não se trata, por suposto, de um problema localizado, circunscrito ao escaninho financeiro e passível de ser resolvido pela mera edição de novas regras de controle. O buraco é mais embaixo. E a gangorra vertiginosa das bolsas é apenas a feição mais visível do descontrole geral. O capitalismo puro e duro da investida neoliberal se firmou como expressão da supremacia absoluta do capital financeiro. No cerne do sistema, a roleta do cassino, apesar e por causa de gangorra vertiginosa, cumpre função essencial na reprodução do "capitalismo real".
A crise está em curso e não se sabe o tamanho, a duração e a profundidade do seu processo. No entanto, além dos papagaios financeiros, muita coisa já rolou por água abaixo. Uma delas é o mito ultraliberal de que o capital é capaz de se auto-regular. Balela. Fora do controle social, o poder privado funciona com a lógica das máfias e a "exuberância irracional" da especulação libera o ímpeto destrutivo que sempre habitou a natureza cíclica do capitalismo.
A idéia de que a economia brasileira estaria "descolada" da crise é outro mito que desabou em poucos dias. No começo, ao falar em "marolinha", o governo tentou dourar a pílula. Um emplasto ingênuo para encobrir o tamanho da rebordosa. Tanto assim, que o ministro da Fazenda já foi obrigado a trocar de discurso. Em novo diagnóstico, afirmou: "essa é uma crise de longa duração, de uma magnitude inédita que a nossa geração nunca viu e terá um impacto forte na economia real do mundo todo". Perfeito. Faltou agregar que a política econômica praticada pelo governo, de inserção subalterna aos esquemas da globalização financeira, coloca nosso país entre os mais vulneráveis na linha de tiro.
A receita para a saída da crise, tanto lá fora como aqui, começa a ser aviada na linha de sempre. Os magnatas financeiros, que na prosperidade se serviram do aparato do Estado para privatizar lucros, agora se valerão dele para socializar prejuízos. Basta ver a quantia bestial de dinheiro que os bancos centrais do mundo inteiro, inclusive o nosso, já entregaram aos donos do poder. Carne aos leões. Esse é o sentido das "estatizações" em curso. Com o derretimento do capital fictício, resta o erário público como pau que sustenta a lona do circo.
A crise abre uma conjuntura política inteiramente nova. A dinâmica dos conflitos sociais e o "pensamento único" que avassalou a política nesta virada de século sofrerão os abalos da nova situação. Keynes e Marx, redivivos no baile das idéias, já voltaram à cena. Tanto lá fora como aqui, será um período de rearranjo na correlação de forças. O mercado - que já existia antes do capitalismo e, certamente, sobreviverá a ele - está soterrado por um Himalaia de papéis podres, derivativos tóxicos e alavancas derretidas. Fera acuada, o capitalismo lança mão das garras de aço do Leviatã e ataca como um perigoso tigre de papéis.
Léo Lince é sociólogo.
Fonte: Correio da Cidadania.
O capitalismo global entrou em crise profunda e duradoura. Ninguém contesta. Até os próprios capitalistas e os intelectuais a seu serviço são obrigados a se dobrar diante da contundência dos fatos. O que era tema restrito ao debate da esquerda, agora virou assunto da pauta geral. Assim como o muro de Berlin desabou sobre o "socialismo real", agora chegou a vez do "capitalismo real" enfrentar as "duras réplicas da história".
Não se trata, por suposto, de um problema localizado, circunscrito ao escaninho financeiro e passível de ser resolvido pela mera edição de novas regras de controle. O buraco é mais embaixo. E a gangorra vertiginosa das bolsas é apenas a feição mais visível do descontrole geral. O capitalismo puro e duro da investida neoliberal se firmou como expressão da supremacia absoluta do capital financeiro. No cerne do sistema, a roleta do cassino, apesar e por causa de gangorra vertiginosa, cumpre função essencial na reprodução do "capitalismo real".
A crise está em curso e não se sabe o tamanho, a duração e a profundidade do seu processo. No entanto, além dos papagaios financeiros, muita coisa já rolou por água abaixo. Uma delas é o mito ultraliberal de que o capital é capaz de se auto-regular. Balela. Fora do controle social, o poder privado funciona com a lógica das máfias e a "exuberância irracional" da especulação libera o ímpeto destrutivo que sempre habitou a natureza cíclica do capitalismo.
A idéia de que a economia brasileira estaria "descolada" da crise é outro mito que desabou em poucos dias. No começo, ao falar em "marolinha", o governo tentou dourar a pílula. Um emplasto ingênuo para encobrir o tamanho da rebordosa. Tanto assim, que o ministro da Fazenda já foi obrigado a trocar de discurso. Em novo diagnóstico, afirmou: "essa é uma crise de longa duração, de uma magnitude inédita que a nossa geração nunca viu e terá um impacto forte na economia real do mundo todo". Perfeito. Faltou agregar que a política econômica praticada pelo governo, de inserção subalterna aos esquemas da globalização financeira, coloca nosso país entre os mais vulneráveis na linha de tiro.
A receita para a saída da crise, tanto lá fora como aqui, começa a ser aviada na linha de sempre. Os magnatas financeiros, que na prosperidade se serviram do aparato do Estado para privatizar lucros, agora se valerão dele para socializar prejuízos. Basta ver a quantia bestial de dinheiro que os bancos centrais do mundo inteiro, inclusive o nosso, já entregaram aos donos do poder. Carne aos leões. Esse é o sentido das "estatizações" em curso. Com o derretimento do capital fictício, resta o erário público como pau que sustenta a lona do circo.
A crise abre uma conjuntura política inteiramente nova. A dinâmica dos conflitos sociais e o "pensamento único" que avassalou a política nesta virada de século sofrerão os abalos da nova situação. Keynes e Marx, redivivos no baile das idéias, já voltaram à cena. Tanto lá fora como aqui, será um período de rearranjo na correlação de forças. O mercado - que já existia antes do capitalismo e, certamente, sobreviverá a ele - está soterrado por um Himalaia de papéis podres, derivativos tóxicos e alavancas derretidas. Fera acuada, o capitalismo lança mão das garras de aço do Leviatã e ataca como um perigoso tigre de papéis.
Léo Lince é sociólogo.
Fonte: Correio da Cidadania.
ARTIGO - Como esses estúpidos selvagens chegaram a dominar Washington.
Como a política nos EUA chegou a ser dominada por pessoas que fizeram da ignorância uma virtude? Num ponto isso é fácil de responder. Na nação mais poderosa do planeta, um em cada cinco adultos acredita que o sol gira em torno da terra; só 26% aceitam que a evolução ocorre por seleção natural e dois terços dos jovens adultos são incapazes de encontrar o Iraque num mapa.
George Monbiot
Como se permitiu que se chegasse a esse ponto? Como a política nos EUA chegou a ser dominada por pessoas que fizeram da ignorância uma virtude? Foi a caridade que permitiu que um parente mais próximo do homem chegasse a gastar dois mandatos como presidente? Como foi possível que Sarah Palin, Dan Quayle e outros estúpidos do gênero chegassem aonde chegaram? Como foi possível que os comícios republicanos em 2008 fossem tomados por gritarias ignorantes insistindo que Barack Obama era um muçulmano e terrorista?
Como muitos deste lado do Atlântico, eu fui por muitos anos encantado com a política americana. Os EUA têm as melhores universidades do mundo e atrai as mentes mais brilhantes. Domina descobertas na ciência e na medicina. Sua riqueza e seu poder dependem da aplicação do conhecimento. Ainda assim, de maneira única dentre as muitas nações desenvolvidas (com a exceção possível da Austrália), o conhecimento é uma desvantagem política grave nos EUA.
Houve exceções ao longo do século passado – Franklin Roosevelt, JF Kennedy e Bill Clinton temperaram seu intelectualismo com um toque de senso comum e sobreviveram -, mas Adlai Stevenson, Al Gore e John Kerry foram respectivamente fulminados por seus oponentes por serem membros de uma elite cerebral (como se isso não fosse uma qualificação para a presidência). Talvez o momento decisivo no colapso da política inteligente tenha sido a resposta de Ronald Reagan a Jimmy Carter, no debate presidencial de 1980. Carter – tropeçando um pouco, usando longas palavras – cuidadosamente enumera os benefícios do sistema nacional de saúde. Reagan sorri e diz: “Lá vem você de novo”. Seu próprio programa de saúde teria apavorado muitos americanos, caso tivesse sido explicado tão cuidadosamente como o fez Carter, mas ele tinha encontrado a fórmula para se prevenir de questões políticas sérias ao fazer com que seus oponentes parecessem intelectuais “engomados” que não mereciam confiança.
Não foi sempre assim. Os pais fundadores da República – Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, James Madison, John Adams, Alexander Hamilton e outros – estavam entre os maiores pensadores de sua época. Eles não sentiam necessidade de tornar isso um segredo. Como o projeto por eles construído degenerou-se em George W. Bush e Sarah Palin?
Num ponto isso é fácil de responder. Políticos ignorantes são eleitos por povos ignorantes. A educação norte-americana, assim como seu sistema de saúde, é notória por seus fracassos. Na nação mais poderosa do planeta, um em cada cinco adultos acredita que o sol gira em torno da terra; só 26% aceitam que a evolução ocorre por seleção natural; dois terços dos jovens adultos são incapazes de encontrar o Iraque num mapa, dois terços dos votantes norte-americanos não são capazes de nomear três organizações governamentais; a competência matemática dos adolescentes de 15 anos nos Estados Unidos está em vigésimo quarto dos vinte e nove países da OECD.
Mas isso só aumenta o mistério: como tantos cidadãos norte-americanos tornaram-se tão estúpidos, e desconfiados da inteligência? Até onde li, o livro de Susan Jacoby, The Age of America Unreason [algo como A Era da des-Razão Americana], fornece uma explicação completa. Ela mostra que a degradação da política norte-americana resulta de uma série de tragédias interligadas.
Um tema é muito familiar e claro: religião – particularmente religião fundamentalista – torna você estúpido. Os EUA é o único país rico em que o fundamentalismo cristão é vasto e crescente.
Jacoby mostra que já houve uma certa lógica nesse anti-racionalismo. Durante as algumas décadas após a publicação de A Origem das Espécies, por exemplo, os americanos tinham boas razões para rejeitar a teoria da seleção natural e para tratar os intelectuais públicos com suspeita. Desde o começo, a teoria de Darwin foi misturada, nos EUA, com a filosofia brutal – agora conhecida como darwinismo social – do escritor britânico Herbert Spencer. A doutrina de Spencer, promovida na imprensa popular com o financiamento de Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e Thomas Edison, sugeria que os milionários estavam no topo da escala estabelecida pela evolução. Ao impedir os desajustados de serem eliminados, a intervenção governamental enfraquecia a nação. A maioria das desigualdades econômicas eram tanto justificáveis como necessárias.
O darwinismo, em outras palavras, tornou-se indistinguível da forma mais bestial do laissez-faire econômico. Muitos cristãos responderam a isso com náusea. É profundamente irônico que a doutrina rejeitada um século atrás por proeminentes fundamentalistas como William Jennings Bryan seja agora determinante para o pensamento da direita cristã. Fundamentalistas modernos rejeitam a ciência darwinista da evolução e aceitam a pseudociência do darwinismo social.
Mas há outras razões, mais poderosas, que explicam o isolamento intelectual dos fundamentalistas. Os EUA são peculiares ao delegarem o controle da educação a autoridades locais. Ensinar nos estados do sul era ser dominado por uma elite aristocrática e ignorante de donos de terras, e um grande abismo educacional foi aberto. “No sul”, escreve Jacoby, “só o que pode ser descrito é que um bloqueio intelectual foi imposto para manter do lado de fora idéias que pudessem ameaçar a ordem social”.
A Convenção Batista do Sul, agora a maior congregação religiosa dos EUA, era para a escravidão e a segregação o que a Igreja Reformada Holandesa (Dutch Reformed Church) era para o apartheid na África do Sul. Ela fez mais do que qualquer força política para manter o sul estúpido. Nos anos 60 tentou disseminar a desagregação estabelecendo um sistema privado de escolas e universidades cristãs. Hoje, um estudante pode ir do jardim da infância até o mais alto grau de estudos sem qualquer exposição ao ensino secular. As crenças batistas do sul também passam imunes ao sistema de escola pública. Uma enquete feita por pesquisadores na Universidade do Texas em 1998 revelou que um em cada quatro professores de biologia das escolas do estado acreditavam que humanos e dinossauros viveram na Terra ao mesmo tempo.
Essa tragédia vem sendo assistida pela fetichização americana da auto-educação. Apesar de seu lamento por sua falta de educação formal, a carreira de Abraham Lincoln é repetidamente citada como evidência de que a boa educação fornecida pelo estado não é necessária: tudo de que se precisa para ter sucesso é determinação e individualismo vigoroso. Isso pode ter servido bem para as pessoas quando os genuínos movimentos de auto-educação, como o que se construiu em torno dos Little Blue Books na primeira metade do século XX estiveram em voga. Na era do info-entreternimento (1), esse tipo de coisa é receita para a confusão.
Além da religião fundamentalista, talvez a razão mais potente para o combate dos intelectuais na eleição seja que o intelectualismo tem sido equiparado à subversão. O breve flerte de alguns pensadores com o comunismo há muito tempo atrás tem sido usado para criar uma impressão na mente do público de que todos os intelectuais são comunistas. Quase todo dia homens como Rush Limbaugh e Bill O'Reilly vociferam contra as “elites liberais” que estão destruindo a América.
O espectro das grandes cabeças alienígenas subversivas foi crucial para a eleição de Reagan e de Bush. Uma elite intelectual genuína – como os neocons (alguns deles ex-comunistas) em torno de Bush – deu o tom dos conflitos políticos como uma batalha entre americanos comuns e bem sucedidos e super-educados pinkos (2). Qualquer tentativa de desafiar as idéias da elite intelectual da direita tem sido atacada, com sucesso, como sendo elitismo.
Obama tem muito a oferecer aos EUA, mas nada disso vai parar se ele vencer. Até que os grandes problemas do sistema educacional sejam revertidos ou que o fundamentalismo religioso perca sua força, haverá oportunidade política para que gente como Bush e Palin ostentem sua ignorância.
Publicado originalmente no Guardian, em 28 de outubro de 2008
O artigo também está publicado na página de George Monbiot
(1) Neologismo usado pelo autor (infotainment), que resulta da junção das palavras informação com entreternimento. N.deT.
(2) Pinko é um termo pejorativo criado pela direita norte-americana para designar intelectuais supostamente comunistas ou simpáticos ao comunismo que, contudo, não são militantes partidários. A palavra pinko deriva do nome da cor rosa, em inglês – pink -, que resulta da mistura do vermelho com o branco. Pinko seria uma forma light de comunismo, assumida supostamente por aqueles “intelectuais” que não pretendem ser associados diretamente ao comunismo. Termo aparece pela primeira vez, segundo a Wikipédia, em 1926, no semanário Time. N.deT.
Fonte:Agência Carta Maior.
George Monbiot
Como se permitiu que se chegasse a esse ponto? Como a política nos EUA chegou a ser dominada por pessoas que fizeram da ignorância uma virtude? Foi a caridade que permitiu que um parente mais próximo do homem chegasse a gastar dois mandatos como presidente? Como foi possível que Sarah Palin, Dan Quayle e outros estúpidos do gênero chegassem aonde chegaram? Como foi possível que os comícios republicanos em 2008 fossem tomados por gritarias ignorantes insistindo que Barack Obama era um muçulmano e terrorista?
Como muitos deste lado do Atlântico, eu fui por muitos anos encantado com a política americana. Os EUA têm as melhores universidades do mundo e atrai as mentes mais brilhantes. Domina descobertas na ciência e na medicina. Sua riqueza e seu poder dependem da aplicação do conhecimento. Ainda assim, de maneira única dentre as muitas nações desenvolvidas (com a exceção possível da Austrália), o conhecimento é uma desvantagem política grave nos EUA.
Houve exceções ao longo do século passado – Franklin Roosevelt, JF Kennedy e Bill Clinton temperaram seu intelectualismo com um toque de senso comum e sobreviveram -, mas Adlai Stevenson, Al Gore e John Kerry foram respectivamente fulminados por seus oponentes por serem membros de uma elite cerebral (como se isso não fosse uma qualificação para a presidência). Talvez o momento decisivo no colapso da política inteligente tenha sido a resposta de Ronald Reagan a Jimmy Carter, no debate presidencial de 1980. Carter – tropeçando um pouco, usando longas palavras – cuidadosamente enumera os benefícios do sistema nacional de saúde. Reagan sorri e diz: “Lá vem você de novo”. Seu próprio programa de saúde teria apavorado muitos americanos, caso tivesse sido explicado tão cuidadosamente como o fez Carter, mas ele tinha encontrado a fórmula para se prevenir de questões políticas sérias ao fazer com que seus oponentes parecessem intelectuais “engomados” que não mereciam confiança.
Não foi sempre assim. Os pais fundadores da República – Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, James Madison, John Adams, Alexander Hamilton e outros – estavam entre os maiores pensadores de sua época. Eles não sentiam necessidade de tornar isso um segredo. Como o projeto por eles construído degenerou-se em George W. Bush e Sarah Palin?
Num ponto isso é fácil de responder. Políticos ignorantes são eleitos por povos ignorantes. A educação norte-americana, assim como seu sistema de saúde, é notória por seus fracassos. Na nação mais poderosa do planeta, um em cada cinco adultos acredita que o sol gira em torno da terra; só 26% aceitam que a evolução ocorre por seleção natural; dois terços dos jovens adultos são incapazes de encontrar o Iraque num mapa, dois terços dos votantes norte-americanos não são capazes de nomear três organizações governamentais; a competência matemática dos adolescentes de 15 anos nos Estados Unidos está em vigésimo quarto dos vinte e nove países da OECD.
Mas isso só aumenta o mistério: como tantos cidadãos norte-americanos tornaram-se tão estúpidos, e desconfiados da inteligência? Até onde li, o livro de Susan Jacoby, The Age of America Unreason [algo como A Era da des-Razão Americana], fornece uma explicação completa. Ela mostra que a degradação da política norte-americana resulta de uma série de tragédias interligadas.
Um tema é muito familiar e claro: religião – particularmente religião fundamentalista – torna você estúpido. Os EUA é o único país rico em que o fundamentalismo cristão é vasto e crescente.
Jacoby mostra que já houve uma certa lógica nesse anti-racionalismo. Durante as algumas décadas após a publicação de A Origem das Espécies, por exemplo, os americanos tinham boas razões para rejeitar a teoria da seleção natural e para tratar os intelectuais públicos com suspeita. Desde o começo, a teoria de Darwin foi misturada, nos EUA, com a filosofia brutal – agora conhecida como darwinismo social – do escritor britânico Herbert Spencer. A doutrina de Spencer, promovida na imprensa popular com o financiamento de Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e Thomas Edison, sugeria que os milionários estavam no topo da escala estabelecida pela evolução. Ao impedir os desajustados de serem eliminados, a intervenção governamental enfraquecia a nação. A maioria das desigualdades econômicas eram tanto justificáveis como necessárias.
O darwinismo, em outras palavras, tornou-se indistinguível da forma mais bestial do laissez-faire econômico. Muitos cristãos responderam a isso com náusea. É profundamente irônico que a doutrina rejeitada um século atrás por proeminentes fundamentalistas como William Jennings Bryan seja agora determinante para o pensamento da direita cristã. Fundamentalistas modernos rejeitam a ciência darwinista da evolução e aceitam a pseudociência do darwinismo social.
Mas há outras razões, mais poderosas, que explicam o isolamento intelectual dos fundamentalistas. Os EUA são peculiares ao delegarem o controle da educação a autoridades locais. Ensinar nos estados do sul era ser dominado por uma elite aristocrática e ignorante de donos de terras, e um grande abismo educacional foi aberto. “No sul”, escreve Jacoby, “só o que pode ser descrito é que um bloqueio intelectual foi imposto para manter do lado de fora idéias que pudessem ameaçar a ordem social”.
A Convenção Batista do Sul, agora a maior congregação religiosa dos EUA, era para a escravidão e a segregação o que a Igreja Reformada Holandesa (Dutch Reformed Church) era para o apartheid na África do Sul. Ela fez mais do que qualquer força política para manter o sul estúpido. Nos anos 60 tentou disseminar a desagregação estabelecendo um sistema privado de escolas e universidades cristãs. Hoje, um estudante pode ir do jardim da infância até o mais alto grau de estudos sem qualquer exposição ao ensino secular. As crenças batistas do sul também passam imunes ao sistema de escola pública. Uma enquete feita por pesquisadores na Universidade do Texas em 1998 revelou que um em cada quatro professores de biologia das escolas do estado acreditavam que humanos e dinossauros viveram na Terra ao mesmo tempo.
Essa tragédia vem sendo assistida pela fetichização americana da auto-educação. Apesar de seu lamento por sua falta de educação formal, a carreira de Abraham Lincoln é repetidamente citada como evidência de que a boa educação fornecida pelo estado não é necessária: tudo de que se precisa para ter sucesso é determinação e individualismo vigoroso. Isso pode ter servido bem para as pessoas quando os genuínos movimentos de auto-educação, como o que se construiu em torno dos Little Blue Books na primeira metade do século XX estiveram em voga. Na era do info-entreternimento (1), esse tipo de coisa é receita para a confusão.
Além da religião fundamentalista, talvez a razão mais potente para o combate dos intelectuais na eleição seja que o intelectualismo tem sido equiparado à subversão. O breve flerte de alguns pensadores com o comunismo há muito tempo atrás tem sido usado para criar uma impressão na mente do público de que todos os intelectuais são comunistas. Quase todo dia homens como Rush Limbaugh e Bill O'Reilly vociferam contra as “elites liberais” que estão destruindo a América.
O espectro das grandes cabeças alienígenas subversivas foi crucial para a eleição de Reagan e de Bush. Uma elite intelectual genuína – como os neocons (alguns deles ex-comunistas) em torno de Bush – deu o tom dos conflitos políticos como uma batalha entre americanos comuns e bem sucedidos e super-educados pinkos (2). Qualquer tentativa de desafiar as idéias da elite intelectual da direita tem sido atacada, com sucesso, como sendo elitismo.
Obama tem muito a oferecer aos EUA, mas nada disso vai parar se ele vencer. Até que os grandes problemas do sistema educacional sejam revertidos ou que o fundamentalismo religioso perca sua força, haverá oportunidade política para que gente como Bush e Palin ostentem sua ignorância.
Publicado originalmente no Guardian, em 28 de outubro de 2008
O artigo também está publicado na página de George Monbiot
(1) Neologismo usado pelo autor (infotainment), que resulta da junção das palavras informação com entreternimento. N.deT.
(2) Pinko é um termo pejorativo criado pela direita norte-americana para designar intelectuais supostamente comunistas ou simpáticos ao comunismo que, contudo, não são militantes partidários. A palavra pinko deriva do nome da cor rosa, em inglês – pink -, que resulta da mistura do vermelho com o branco. Pinko seria uma forma light de comunismo, assumida supostamente por aqueles “intelectuais” que não pretendem ser associados diretamente ao comunismo. Termo aparece pela primeira vez, segundo a Wikipédia, em 1926, no semanário Time. N.deT.
Fonte:Agência Carta Maior.
POLÍTICA - O que os Democratas aprenderam com os Republicanos.
Luiz Carlos Azenha
Vou fazer um balanço de várias coisas que escrevi ao longo dos anos neste site. Uso os Estados Unidos como exemplo por um motivo simples: passei lá, baseado em Nova York, a maior parte de minha vida profissional. E acompanhei de perto os embates políticos entre conservadores e liberais, o que no Brasil equivale, respectivamente, à direita e à esquerda, ao PSDB e ao PT.
Lembrem-se que nos Estados Unidos uma gama variada de opinião, especialmente à esquerda, não sai na mídia corporativa, especialmente aqueles que se dedicam à crítica da própria mídia.
Porém, essa gente tem outras plataformas para atingir o público: o mercado editorial é gigantesco e há um grande número de editoras "alternativas"; a banda larga está disseminada e há organizações não-governamentais que se dedicam especificamente a fazer o trabalho de watchdog, cão de guarda, da mídia.
É por isso que gente "do contra" consegue falar nos Estados Unidos. No Brasil, seja pelo controle editorial centralizado -- como o que Ali Kamel desempenha nas Organizações Globo --, seja pela má qualidade dos novos jornalistas e do "novo Jornalismo" -- profissionais sem formação crítica, produção de notícias em massa, sem qualquer contextualização -- quem pensa diferente é jogado para escanteio.
É importante que você, caro leitor, se dê conta de que isso não é irrelevante. Quem faz parte da "panela" tem um sem número de vantagens: garantia eterna de emprego, aumentos salariais, ascensão rápida, promoção dos livros que escreve, dentre outros. É sedutor para qualquer jornalista puxar o saco não só do patrão como de interesses políticos e econômicos que, lá na frente, poderão recompensá-lo.
O Luís Nassif já tratou de aspectos relativos ao uso da mídia em disputas comerciais, cujo exemplo mais grotesco é o engajamento de O Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo e revistas Veja e IstoÉ nos interesses associados ao banqueiro Daniel Dantas.
Aqui vou tratar, portanto, apenas do aspecto político.
MATRIZ DE OPINIÃO
O ativismo dos neocons é um belíssimo exemplo a ser estudado. Os intelectuais fundadores do "movimento" -- que se organizou para defender uma política externa ativista dos Estados Unidos, de defesa de Israel e de combate ideológico à esquerda em geral -- migraram do Partido Democrata para o Partido Republicano entre os anos 70 e 80.
Washington, uma cidade que nunca teve uma "elite intelectual" comparável à burocrata, era um vazio que foi preenchido pelos neocons, muitos dos quais eram ex-trotskistas. Eles se organizaram em torno de algumas revistas e alguns institutos financiados pela iniciativa privada. E passaram a disseminar a sua "matriz de opinião" nas publicações, em livros, palestras e na crítica a integrantes do governo.
Na internet, o Drudge Report passou a ser o endereço dos neocons. Nas rádios, Rush Limbaugh passou a disseminar o pensamento dos conservadores.
O problema dos neocons é que faltava a eles "povo", ou "a militância". O problema foi resolvido quando eles fizeram aliança com a direita religiosa dentro do Partido Republicano. Ainda que fossem seculares, os neocons abriram espaço em suas publicações para as causas queridas à coalizão religiosa que juntou católicos, evangélicos e judeus conservadores.
Dentre elas o combate ao aborto, ao ensino do evolucionismo nas escolas públicas, à separação entre Estado e Igreja e o apoio ao financiamento público de programas organizados por instituições religiosas.
Essa atuação se deu mesmo quando a coalizão não estava no poder. No primeiro governo Clinton, o projeto de criar um sistema nacional de saúde, idealizado pela primeira dama Hillary, foi derrotado no Congresso depois de uma intensa campanha pública em que grandes interesses econômicos se juntaram aos neocons e à direita religiosa.
A campanha de ataques a Hillary, definida como "bitch", uma "cadela", se parece muito com os ataques pessoais feitos à petista Marta Suplicy depois que ela se separou do marido ou aos ataques feitos pelo blogueiro Reinaldo Azevedo à vereadora Soninha, quando ela ainda estava no PT.
Nos Estados Unidos, o nome de Bill e Hillary foi associado ao suicídio de Vincent Foster da mesma forma que o assassinato de Celso Daniel, em Santo André, foi associado ao PT no Brasil. Foster era advogado da Casa Branca e amigo de Hillary. Ele se matou em julho de 1993.
O site Drudge Report e Rush Limbaugh tiveram papéis essenciais na disseminação de rumores, meias-verdades, boatos e falsidades a respeito de Clinton, no que Hillary mais tarde definiria como "a grande conspiração de direita".
O democrata se reelegeu graças ao bom desempenho da economia, mas o envolvimento do presidente com a estagiária Monica Lewinsky foi a oportunidade que os republicanos esperavam para detonar o legado de Clinton. Apesar de ter presidido os Estados Unidos por oito anos ininterruptos de crescimento econômico, Bill Clinton chegou ao fim do governo tão estigmatizado que foi mantido à distância da campanha de Al Gore.
Com George W. Bush os neocons, enfim, assumiram plenamente o poder. Mas estiveram em campanha permanente, como "vanguarda intelectual" do movimento, desde os anos 90. Dominaram o debate político e intelectual, preencheram cargos no governo e ocuparam espaços na mídia a ponto de tornar a palavra "liberal", que nos Estados Unidos equivale a "esquerdista", um palavrão.
Como é que Barack Obama vem enfrentando a máquina de moer carne dos republicanos, que é especializada em disseminar mentiras, boatos, rumores e meias-verdades?
1) Os democratas dispõem de sua própria rede informal de blogueiros. São os blogueiros "liberais", que se reúnem anualmente na maior convenção do gênero nos Estados Unidos. Os militantes se organizaram em torno do Daily Kos. E os democratas em geral em torno do Huffington Post. Os dois projetos são patrocinados pela iniciativa privada ou por contribuições arrecadadas através da própria internet.
2) Políticos democratas passaram a considerar essa "mídia liberal" tão importante quanto a mídia tradicional. Era comum ver o senador Edward Kennedy dando entrevista a blogs "liberais" dos Estados Unidos. Barack Obama fez o mesmo. Ou seja, os políticos liberais tiraram proveito ao mesmo tempo em que ajudaram a promover essa mídia. Hoje o Huffington Post dá alguns dos maiores furos sobre política nos Estados Unidos.
3) Não deixar ataques sem resposta. A campanha de Obama credenciou um grande número de porta-vozes para responder aos ataques de forma imediata, em todos os meios -- jornais, rádio, televisão e internet. Hoje uma informação falsa ganha o mundo em questão de horas. Combatê-la na fonte é necessário. Quando um livro repleto de inverdades e insinuações foi publicado nos Estados Unidos a respeito de Obama, a campanha já tinha um texto-resposta contestando ponto a ponto o autor.
4) Usar o You Tube. A TV tradicional está perdendo espaço junto aos formadores de opinião. Os jovens não têm mais paciência de esperar as notícias no Jornal Nacional. O You Tube tem um incrível poder multiplicador. Mas é preciso adequar a linguagem. O humor e o deboche são essenciais para qualquer conteúdo na internet, especialmente os destinados ao You Tube. As mensagens devem ser curtas. Barack Obama gravou vídeos para o You Tube: sem maquiagem, sem marqueteiro, sem firula.
5) Denunciar a mídia. Os republicanos conseguiram convencer os americanos de que a mídia do país é "liberal", embora ela tenha se tornado muito conservadora, especialmente depois que Rupert Murdoch começou sua onda de aquisições nos Estados Unidos. Os republicanos sempre fizeram campanha denunciando a mídia. Os democratas só aprenderam a fazer isso com Barack Obama, cuja campanha manifesta publicamente sua discordância do noticiário. Ajudar o público a entender o papel da mídia é esencial, especialmente quando ela se torna protagonista da disputa política.
6) Denunciar publicamente o cinismo alheio. A campanha de Gilberto Kassab foi preconceituosa, especialmente no rádio, quando atacou "Dona Marta" por estar em Paris quando houve enchentes em São Paulo. No entanto, quando a campanha do PT sugeriu que Kassab é homossexual acabou denunciada de forma cínica pela mídia, a mesma mídia que fez gato e sapato de Marta pelo fato dela ter se separado de Eduardo Suplicy e casado com um argentino. O que a campanha de Kassab fez, com a ajuda da mídia, foi transformar o prefeito em "vítima". Os republicanos perpetraram algumas das maiores barbaridades contra adversários políticos nos Estados Unidos e ainda assim posam de "vítimas". A campanha de Barack Obama vai a público para denunciar todas as manobras do adversário, mesmo sem dispor do horário eleitoral gratuito.
7) Finalmente, os seis pontos acima se aplicam a políticos de todos os partidos brasileiros. O protagonismo das empresas de mídia veio para ficar. Acabou, se um dia houve, o Jornalismo como atividade fim. Hoje nossa profissão é vista como atividade meio, para obter vantagens políticas e econômicas. Você, que se julga beneficiado pela mídia corporativa hoje, pode ser vítima dela amanhã.
PS: Barack Obama tem um blog em que anuncia em primeira mão notícias, vídeos e a transmissão ao vivo, pela internet, das íntegras dos discursos feitos por ele. Ou seja, criou um instrumento para dar a volta na mídia tradicional.
PS2: Os democratas denunciam a hipocrisia dos republicanos. Recentemente, o Huffington Post revelou que os republicanos gastaram 150 mil dólares comprando roupas para a candidata a vice Sarah Palin, em plena crise econômica e num momento em que os republicanos dizem representar o "eleitor comum".
Fonte: Blog Vi o Mundo.
Vou fazer um balanço de várias coisas que escrevi ao longo dos anos neste site. Uso os Estados Unidos como exemplo por um motivo simples: passei lá, baseado em Nova York, a maior parte de minha vida profissional. E acompanhei de perto os embates políticos entre conservadores e liberais, o que no Brasil equivale, respectivamente, à direita e à esquerda, ao PSDB e ao PT.
Lembrem-se que nos Estados Unidos uma gama variada de opinião, especialmente à esquerda, não sai na mídia corporativa, especialmente aqueles que se dedicam à crítica da própria mídia.
Porém, essa gente tem outras plataformas para atingir o público: o mercado editorial é gigantesco e há um grande número de editoras "alternativas"; a banda larga está disseminada e há organizações não-governamentais que se dedicam especificamente a fazer o trabalho de watchdog, cão de guarda, da mídia.
É por isso que gente "do contra" consegue falar nos Estados Unidos. No Brasil, seja pelo controle editorial centralizado -- como o que Ali Kamel desempenha nas Organizações Globo --, seja pela má qualidade dos novos jornalistas e do "novo Jornalismo" -- profissionais sem formação crítica, produção de notícias em massa, sem qualquer contextualização -- quem pensa diferente é jogado para escanteio.
É importante que você, caro leitor, se dê conta de que isso não é irrelevante. Quem faz parte da "panela" tem um sem número de vantagens: garantia eterna de emprego, aumentos salariais, ascensão rápida, promoção dos livros que escreve, dentre outros. É sedutor para qualquer jornalista puxar o saco não só do patrão como de interesses políticos e econômicos que, lá na frente, poderão recompensá-lo.
O Luís Nassif já tratou de aspectos relativos ao uso da mídia em disputas comerciais, cujo exemplo mais grotesco é o engajamento de O Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo e revistas Veja e IstoÉ nos interesses associados ao banqueiro Daniel Dantas.
Aqui vou tratar, portanto, apenas do aspecto político.
MATRIZ DE OPINIÃO
O ativismo dos neocons é um belíssimo exemplo a ser estudado. Os intelectuais fundadores do "movimento" -- que se organizou para defender uma política externa ativista dos Estados Unidos, de defesa de Israel e de combate ideológico à esquerda em geral -- migraram do Partido Democrata para o Partido Republicano entre os anos 70 e 80.
Washington, uma cidade que nunca teve uma "elite intelectual" comparável à burocrata, era um vazio que foi preenchido pelos neocons, muitos dos quais eram ex-trotskistas. Eles se organizaram em torno de algumas revistas e alguns institutos financiados pela iniciativa privada. E passaram a disseminar a sua "matriz de opinião" nas publicações, em livros, palestras e na crítica a integrantes do governo.
Na internet, o Drudge Report passou a ser o endereço dos neocons. Nas rádios, Rush Limbaugh passou a disseminar o pensamento dos conservadores.
O problema dos neocons é que faltava a eles "povo", ou "a militância". O problema foi resolvido quando eles fizeram aliança com a direita religiosa dentro do Partido Republicano. Ainda que fossem seculares, os neocons abriram espaço em suas publicações para as causas queridas à coalizão religiosa que juntou católicos, evangélicos e judeus conservadores.
Dentre elas o combate ao aborto, ao ensino do evolucionismo nas escolas públicas, à separação entre Estado e Igreja e o apoio ao financiamento público de programas organizados por instituições religiosas.
Essa atuação se deu mesmo quando a coalizão não estava no poder. No primeiro governo Clinton, o projeto de criar um sistema nacional de saúde, idealizado pela primeira dama Hillary, foi derrotado no Congresso depois de uma intensa campanha pública em que grandes interesses econômicos se juntaram aos neocons e à direita religiosa.
A campanha de ataques a Hillary, definida como "bitch", uma "cadela", se parece muito com os ataques pessoais feitos à petista Marta Suplicy depois que ela se separou do marido ou aos ataques feitos pelo blogueiro Reinaldo Azevedo à vereadora Soninha, quando ela ainda estava no PT.
Nos Estados Unidos, o nome de Bill e Hillary foi associado ao suicídio de Vincent Foster da mesma forma que o assassinato de Celso Daniel, em Santo André, foi associado ao PT no Brasil. Foster era advogado da Casa Branca e amigo de Hillary. Ele se matou em julho de 1993.
O site Drudge Report e Rush Limbaugh tiveram papéis essenciais na disseminação de rumores, meias-verdades, boatos e falsidades a respeito de Clinton, no que Hillary mais tarde definiria como "a grande conspiração de direita".
O democrata se reelegeu graças ao bom desempenho da economia, mas o envolvimento do presidente com a estagiária Monica Lewinsky foi a oportunidade que os republicanos esperavam para detonar o legado de Clinton. Apesar de ter presidido os Estados Unidos por oito anos ininterruptos de crescimento econômico, Bill Clinton chegou ao fim do governo tão estigmatizado que foi mantido à distância da campanha de Al Gore.
Com George W. Bush os neocons, enfim, assumiram plenamente o poder. Mas estiveram em campanha permanente, como "vanguarda intelectual" do movimento, desde os anos 90. Dominaram o debate político e intelectual, preencheram cargos no governo e ocuparam espaços na mídia a ponto de tornar a palavra "liberal", que nos Estados Unidos equivale a "esquerdista", um palavrão.
Como é que Barack Obama vem enfrentando a máquina de moer carne dos republicanos, que é especializada em disseminar mentiras, boatos, rumores e meias-verdades?
1) Os democratas dispõem de sua própria rede informal de blogueiros. São os blogueiros "liberais", que se reúnem anualmente na maior convenção do gênero nos Estados Unidos. Os militantes se organizaram em torno do Daily Kos. E os democratas em geral em torno do Huffington Post. Os dois projetos são patrocinados pela iniciativa privada ou por contribuições arrecadadas através da própria internet.
2) Políticos democratas passaram a considerar essa "mídia liberal" tão importante quanto a mídia tradicional. Era comum ver o senador Edward Kennedy dando entrevista a blogs "liberais" dos Estados Unidos. Barack Obama fez o mesmo. Ou seja, os políticos liberais tiraram proveito ao mesmo tempo em que ajudaram a promover essa mídia. Hoje o Huffington Post dá alguns dos maiores furos sobre política nos Estados Unidos.
3) Não deixar ataques sem resposta. A campanha de Obama credenciou um grande número de porta-vozes para responder aos ataques de forma imediata, em todos os meios -- jornais, rádio, televisão e internet. Hoje uma informação falsa ganha o mundo em questão de horas. Combatê-la na fonte é necessário. Quando um livro repleto de inverdades e insinuações foi publicado nos Estados Unidos a respeito de Obama, a campanha já tinha um texto-resposta contestando ponto a ponto o autor.
4) Usar o You Tube. A TV tradicional está perdendo espaço junto aos formadores de opinião. Os jovens não têm mais paciência de esperar as notícias no Jornal Nacional. O You Tube tem um incrível poder multiplicador. Mas é preciso adequar a linguagem. O humor e o deboche são essenciais para qualquer conteúdo na internet, especialmente os destinados ao You Tube. As mensagens devem ser curtas. Barack Obama gravou vídeos para o You Tube: sem maquiagem, sem marqueteiro, sem firula.
5) Denunciar a mídia. Os republicanos conseguiram convencer os americanos de que a mídia do país é "liberal", embora ela tenha se tornado muito conservadora, especialmente depois que Rupert Murdoch começou sua onda de aquisições nos Estados Unidos. Os republicanos sempre fizeram campanha denunciando a mídia. Os democratas só aprenderam a fazer isso com Barack Obama, cuja campanha manifesta publicamente sua discordância do noticiário. Ajudar o público a entender o papel da mídia é esencial, especialmente quando ela se torna protagonista da disputa política.
6) Denunciar publicamente o cinismo alheio. A campanha de Gilberto Kassab foi preconceituosa, especialmente no rádio, quando atacou "Dona Marta" por estar em Paris quando houve enchentes em São Paulo. No entanto, quando a campanha do PT sugeriu que Kassab é homossexual acabou denunciada de forma cínica pela mídia, a mesma mídia que fez gato e sapato de Marta pelo fato dela ter se separado de Eduardo Suplicy e casado com um argentino. O que a campanha de Kassab fez, com a ajuda da mídia, foi transformar o prefeito em "vítima". Os republicanos perpetraram algumas das maiores barbaridades contra adversários políticos nos Estados Unidos e ainda assim posam de "vítimas". A campanha de Barack Obama vai a público para denunciar todas as manobras do adversário, mesmo sem dispor do horário eleitoral gratuito.
7) Finalmente, os seis pontos acima se aplicam a políticos de todos os partidos brasileiros. O protagonismo das empresas de mídia veio para ficar. Acabou, se um dia houve, o Jornalismo como atividade fim. Hoje nossa profissão é vista como atividade meio, para obter vantagens políticas e econômicas. Você, que se julga beneficiado pela mídia corporativa hoje, pode ser vítima dela amanhã.
PS: Barack Obama tem um blog em que anuncia em primeira mão notícias, vídeos e a transmissão ao vivo, pela internet, das íntegras dos discursos feitos por ele. Ou seja, criou um instrumento para dar a volta na mídia tradicional.
PS2: Os democratas denunciam a hipocrisia dos republicanos. Recentemente, o Huffington Post revelou que os republicanos gastaram 150 mil dólares comprando roupas para a candidata a vice Sarah Palin, em plena crise econômica e num momento em que os republicanos dizem representar o "eleitor comum".
Fonte: Blog Vi o Mundo.
CINEMA - Soderbergh não pôde filmar "Che" em Cuba.
Claudio Leal
Produtora do filme Che, Laura Bickford afirmou a jornalistas, na manhã desta quinta, que o longa de Steven Soderbergh não contou com capital americano para sua realização. Projeto de seis anos, baseado em escritos de Che Guevara e pesquisas de campo, a obra ganhou financiamento europeu, principalmente da Espanha. A língua espanhola foi apenas um dos entraves.
Dividida em duas partes, "O Argentino" e "A Guerrilha", a saga guevariana não teve um set cubano, em razão do embargo econômico dos Estados Unidos contra a Ilha. "Como americanos, não podemos fazer negócios com Cuba. Não filmamos em Cuba. Não temos essa permissão", declarou Laura. Guevara foi um dos personagens centrais da Revolução Cubana, em 1959. O bloqueio comercial e financeiro se iniciou em 1962, no governo de John Kennedy.
Leia também:
» "Eu não sou o Che Guevara", diz Del Toro em SP
A produtora americana participou de coletiva à imprensa, em São Paulo. No centro dos flashes, o ator porto-riquenho Benicio Del Toro (Guevara) e o brasileiro Rodrigo Santoro (Raúl Castro). Com 262 minutos, Che ganhará exibição hoje à noite, no encerramento da 32ª Mostra Internacional de Cinema.
Soderbergh também não rodou cenas na Argentina, onde nasceu o mítico guerrilheiro - nada que, a princípio, prejudique o resultado da película. O filme teve locações em Porto Rico, México, Nova Iorque, Bolívia e Espanha.
"Pudemos pesquisar em Cuba. Estivemos lá, com o Benício, umas duas vezes ao ano", disse a americana Laura, indicada ao Oscar pela produção de Traffic.
Del Toro se integrou desde o início ao projeto de Soderbergh e participou dos estudos sobre a personalidade de Che Guevara, morto em 1967 na selva boliviana. Para o ator, ele era "um homem de ação e um intelectual", mas hoje há outros meios de superar conflitos sociais, "não somente o fuzil". Prefere situá-lo nos anos 60: "Um tempo muito violento".
Terra Magazine
Produtora do filme Che, Laura Bickford afirmou a jornalistas, na manhã desta quinta, que o longa de Steven Soderbergh não contou com capital americano para sua realização. Projeto de seis anos, baseado em escritos de Che Guevara e pesquisas de campo, a obra ganhou financiamento europeu, principalmente da Espanha. A língua espanhola foi apenas um dos entraves.
Dividida em duas partes, "O Argentino" e "A Guerrilha", a saga guevariana não teve um set cubano, em razão do embargo econômico dos Estados Unidos contra a Ilha. "Como americanos, não podemos fazer negócios com Cuba. Não filmamos em Cuba. Não temos essa permissão", declarou Laura. Guevara foi um dos personagens centrais da Revolução Cubana, em 1959. O bloqueio comercial e financeiro se iniciou em 1962, no governo de John Kennedy.
Leia também:
» "Eu não sou o Che Guevara", diz Del Toro em SP
A produtora americana participou de coletiva à imprensa, em São Paulo. No centro dos flashes, o ator porto-riquenho Benicio Del Toro (Guevara) e o brasileiro Rodrigo Santoro (Raúl Castro). Com 262 minutos, Che ganhará exibição hoje à noite, no encerramento da 32ª Mostra Internacional de Cinema.
Soderbergh também não rodou cenas na Argentina, onde nasceu o mítico guerrilheiro - nada que, a princípio, prejudique o resultado da película. O filme teve locações em Porto Rico, México, Nova Iorque, Bolívia e Espanha.
"Pudemos pesquisar em Cuba. Estivemos lá, com o Benício, umas duas vezes ao ano", disse a americana Laura, indicada ao Oscar pela produção de Traffic.
Del Toro se integrou desde o início ao projeto de Soderbergh e participou dos estudos sobre a personalidade de Che Guevara, morto em 1967 na selva boliviana. Para o ator, ele era "um homem de ação e um intelectual", mas hoje há outros meios de superar conflitos sociais, "não somente o fuzil". Prefere situá-lo nos anos 60: "Um tempo muito violento".
Terra Magazine
COMPORTAMENTO - Fase de "lua-de-mel" entre casais dura 2 anos e meio.
Maioria não tem uma noite romântica desde o casamento.
Uma pesquisa britânica afirma que o período em que um casal parece viver em "lua-de-mel" dura dois anos, seis meses e 25 dias depois do casamento.
Segundo o estudo, conduzido pelo instituto britânico de pesquisas globais pela internet One Poll, é neste ponto de um casamento considerado normal que homens e mulheres começam a encarar o relacionamento como algo completamente garantido.
O estudo, que analisou 5 mil casais, afirma que, depois do segundo aniversário de casamento, o casal tem mais possibilidades de descuidos como deixar meias e roupas de baixo espalhadas pela casa, ficar sem maquiagem ou se apoderar do controle remoto.
No terceiro aniversário de casamento, 83% dos pesquisados afirmaram que já não se importavam mais em celebrar a data da união.
"Pesquisamos casais que estão juntos há mais de dez anos para ver como eles enxergam a relação atual", afirmou John Sewell, porta-voz da One Poll.
"Pode parecer que eles estão presos na rotina e, apesar de eles ainda se amarem, estão um pouco confortáveis demais na presença um do outro", acrescentou.
Confortáveis
A pesquisa afirma que sete em cada dez homens admitem que se sentem tão confortáveis com a esposa que, freqüentemente, deixam meias, roupas de baixo e roupas sujas pela casa.
Dois terços das pesquisadas afirmaram que nunca se esforçam para se vestir e parecer bem para seus parceiros e 54% nem usam maquiagem para o marido.
Na verdade, 61% das mulheres admitem que a primeira coisa que fazem quando chegam em casa do trabalho é trocar saias e saltos por uma roupa confortável como um pijama ou calças de abrigo.
E, de acordo com a pesquisa, 75% dos casais não abrem mão da posse do controle remoto, mesmo quando o parceiro pede gentilmente.
Mas, apesar de todos os "maus hábitos", 61% dos pesquisados admitem que ainda conseguem lembrar carinhosamente do momento em que viram o parceiro ou parceira pela primeira vez.
"Esta pesquisa não é totalmente negativa, apesar de revelar maus hábitos", disse Sewell. "Os pesquisados ainda se lembram dos velhos tempos, quando o romance ainda era importante no relacionamento."
Mãos dadas
A lista de "maus hábitos" não se restringe a problemas domésticos. Durante os primeiros meses de casamento, 83% dos casais andavam de mãos dadas pela rua. Depois de alguns anos, apenas 38% fazem isso.
Cerca de 70% dos pesquisados afirmam que gestos como comprar flores, servir o café na cama ou abrir a porta do carro já não são mais comuns depois do segundo ano de casamento.
Os casais se abraçavam ou trocavam carinhos mais de oito vezes por dia antes do primeiro aniversário de casamento, comparados com cinco vezes ou menos depois.
Desde o casamento, 60% dos pesquisados afirmam que não foram surpreendidos com uma noite romântica fora de casa. Outros 43% não tomaram café da manhã na cama juntos desde a união.
Fonte:BBC Brasil.
Uma pesquisa britânica afirma que o período em que um casal parece viver em "lua-de-mel" dura dois anos, seis meses e 25 dias depois do casamento.
Segundo o estudo, conduzido pelo instituto britânico de pesquisas globais pela internet One Poll, é neste ponto de um casamento considerado normal que homens e mulheres começam a encarar o relacionamento como algo completamente garantido.
O estudo, que analisou 5 mil casais, afirma que, depois do segundo aniversário de casamento, o casal tem mais possibilidades de descuidos como deixar meias e roupas de baixo espalhadas pela casa, ficar sem maquiagem ou se apoderar do controle remoto.
No terceiro aniversário de casamento, 83% dos pesquisados afirmaram que já não se importavam mais em celebrar a data da união.
"Pesquisamos casais que estão juntos há mais de dez anos para ver como eles enxergam a relação atual", afirmou John Sewell, porta-voz da One Poll.
"Pode parecer que eles estão presos na rotina e, apesar de eles ainda se amarem, estão um pouco confortáveis demais na presença um do outro", acrescentou.
Confortáveis
A pesquisa afirma que sete em cada dez homens admitem que se sentem tão confortáveis com a esposa que, freqüentemente, deixam meias, roupas de baixo e roupas sujas pela casa.
Dois terços das pesquisadas afirmaram que nunca se esforçam para se vestir e parecer bem para seus parceiros e 54% nem usam maquiagem para o marido.
Na verdade, 61% das mulheres admitem que a primeira coisa que fazem quando chegam em casa do trabalho é trocar saias e saltos por uma roupa confortável como um pijama ou calças de abrigo.
E, de acordo com a pesquisa, 75% dos casais não abrem mão da posse do controle remoto, mesmo quando o parceiro pede gentilmente.
Mas, apesar de todos os "maus hábitos", 61% dos pesquisados admitem que ainda conseguem lembrar carinhosamente do momento em que viram o parceiro ou parceira pela primeira vez.
"Esta pesquisa não é totalmente negativa, apesar de revelar maus hábitos", disse Sewell. "Os pesquisados ainda se lembram dos velhos tempos, quando o romance ainda era importante no relacionamento."
Mãos dadas
A lista de "maus hábitos" não se restringe a problemas domésticos. Durante os primeiros meses de casamento, 83% dos casais andavam de mãos dadas pela rua. Depois de alguns anos, apenas 38% fazem isso.
Cerca de 70% dos pesquisados afirmam que gestos como comprar flores, servir o café na cama ou abrir a porta do carro já não são mais comuns depois do segundo ano de casamento.
Os casais se abraçavam ou trocavam carinhos mais de oito vezes por dia antes do primeiro aniversário de casamento, comparados com cinco vezes ou menos depois.
Desde o casamento, 60% dos pesquisados afirmam que não foram surpreendidos com uma noite romântica fora de casa. Outros 43% não tomaram café da manhã na cama juntos desde a união.
Fonte:BBC Brasil.
SAÚDE - Horário de verão aumenta risco de infarto.
Claudia Varejão Wallin
Hora de sono perdida com horário de verão traz riscos ao coração.
Adiantar os relógios em uma hora por causa horário de verão aumenta o risco de infartos, alerta um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Karolinska da Suécia.
Segundo o estudo, publicado no New England Journal of Medicine, os casos de infarto do miocárdio aumentam cerca de 5% na semana seguinte ao ajuste dos relógios – principalmente nos três primeiros dias.
“A hora de sono perdida e os conseqüentes distúrbios de sono que isto provoca são as explicações mais prováveis”, disse Imre Janszky, um dos pesquisadores envolvidos no estudo.
Em entrevista à agência de notícias sueca TT, outro cientista ligado ao estudo chegou a sugerir o fim dos ajustes anuais dos relógios.
“Talvez seja melhor adotar o horário de verão durante todo o ano, em vez de ajustar os relógios duas vezes por ano. Este é um debate que está ocorrendo atualmente”, disse o Dr. Rickard Ljung.
Com base no registro de infartos na Suécia desde 1987, os cientistas do Instituto Karolinska chegaram às conclusões do estudo após examinar as variações na incidência de ataques cardíacos durante os períodos de ajuste dos relógios, no início e no fim do horário de verão.
Sono a mais
Os cientistas também observaram que o reajuste dos relógios no fim do horário de verão (que na Suécia ocorre sempre no último domingo do mês de outubro), que é sempre seguido por um dia de uma hora extra de sono, representa uma leve redução do risco de infartos na segunda-feira seguinte.
A redução no índice de ataques cardíacos durante toda a semana que se inicia, no entanto, é significativamente menor do que o aumento registrado no início do horário de verão.
Estudos anteriores demonstram que a ocorrência de infartos é mais comum às segundas-feiras. Segundo os cientistas do Instituto Karolinska, o ajuste dos relógios no horário de verão oferece outra explicação para este fato.
“Sempre se pensou que a causa da maior incidência de infartos às segundas-feiras fosse principalmente o estresse relacionado ao início de uma nova semana de trabalho. Mas, talvez outro fator seja a alteração dos padrões de sono ocorrida durante o fim de semana”, observou o Dr. Janszky.
Os cientistas explicam que os distúrbios do sono produzem efeitos negativos no organismo humano e alertam que níveis elevados de estresse podem desencadear um ataque cardíaco nas pessoas que se situam em grupos de risco.
“Pessoas mais propensas a sofrer um infarto devem viver de maneira saudável, e isto inclui ciclos regulares de sono durante toda a semana”, diz Rickard Ljung. “Como um cuidado extra, podem talvez também relaxar mais nas manhãs de segunda-feira”, acrescentou ele.
Os cientistas suecos esperam que o estudo possa aumentar a compreensão sobre os impactos que as alterações dos ritmos diários do organismo podem ter sobre a saúde humana.
“Cerca de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo são expostas todos os anos aos ajustes dos relógios, mas é difícil generalizar a ocorrência de infartos do miocárdio que isto pode provocar”, observou Ljung.
Fonte:BBC Brasil.
Hora de sono perdida com horário de verão traz riscos ao coração.
Adiantar os relógios em uma hora por causa horário de verão aumenta o risco de infartos, alerta um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Karolinska da Suécia.
Segundo o estudo, publicado no New England Journal of Medicine, os casos de infarto do miocárdio aumentam cerca de 5% na semana seguinte ao ajuste dos relógios – principalmente nos três primeiros dias.
“A hora de sono perdida e os conseqüentes distúrbios de sono que isto provoca são as explicações mais prováveis”, disse Imre Janszky, um dos pesquisadores envolvidos no estudo.
Em entrevista à agência de notícias sueca TT, outro cientista ligado ao estudo chegou a sugerir o fim dos ajustes anuais dos relógios.
“Talvez seja melhor adotar o horário de verão durante todo o ano, em vez de ajustar os relógios duas vezes por ano. Este é um debate que está ocorrendo atualmente”, disse o Dr. Rickard Ljung.
Com base no registro de infartos na Suécia desde 1987, os cientistas do Instituto Karolinska chegaram às conclusões do estudo após examinar as variações na incidência de ataques cardíacos durante os períodos de ajuste dos relógios, no início e no fim do horário de verão.
Sono a mais
Os cientistas também observaram que o reajuste dos relógios no fim do horário de verão (que na Suécia ocorre sempre no último domingo do mês de outubro), que é sempre seguido por um dia de uma hora extra de sono, representa uma leve redução do risco de infartos na segunda-feira seguinte.
A redução no índice de ataques cardíacos durante toda a semana que se inicia, no entanto, é significativamente menor do que o aumento registrado no início do horário de verão.
Estudos anteriores demonstram que a ocorrência de infartos é mais comum às segundas-feiras. Segundo os cientistas do Instituto Karolinska, o ajuste dos relógios no horário de verão oferece outra explicação para este fato.
“Sempre se pensou que a causa da maior incidência de infartos às segundas-feiras fosse principalmente o estresse relacionado ao início de uma nova semana de trabalho. Mas, talvez outro fator seja a alteração dos padrões de sono ocorrida durante o fim de semana”, observou o Dr. Janszky.
Os cientistas explicam que os distúrbios do sono produzem efeitos negativos no organismo humano e alertam que níveis elevados de estresse podem desencadear um ataque cardíaco nas pessoas que se situam em grupos de risco.
“Pessoas mais propensas a sofrer um infarto devem viver de maneira saudável, e isto inclui ciclos regulares de sono durante toda a semana”, diz Rickard Ljung. “Como um cuidado extra, podem talvez também relaxar mais nas manhãs de segunda-feira”, acrescentou ele.
Os cientistas suecos esperam que o estudo possa aumentar a compreensão sobre os impactos que as alterações dos ritmos diários do organismo podem ter sobre a saúde humana.
“Cerca de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo são expostas todos os anos aos ajustes dos relógios, mas é difícil generalizar a ocorrência de infartos do miocárdio que isto pode provocar”, observou Ljung.
Fonte:BBC Brasil.
DEUS E RATZINGER
José Saramago
Que pensará Deus de Ratzinger? Que pensará Deus da igreja católica apostólica romana de que este Ratzinger é soberano papa? Que eu saiba (e escusado será dizer que sei bastante pouco), até hoje ninguém se atreveu a formular estas heréticas perguntas, talvez por saber-se, de antemão, que não há nem haverá nunca resposta para elas. Como escrevi em horas de vã interrogação metafísica, há uns bons quinze anos, Deus é o silêncio do universo e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio. Está nos Cadernos de Lanzarote e tem sido frequentemente citado por teólogos do país vizinho que tiveram a bondade de me ler. Claro que para que Deus pense alguma coisa de Ratzinger ou da igreja que o papa anda a querer salvar de uma morte mais do que previsível, seja por inanição, seja por não encontrar ouvidos que a escutem nem fé que lhe reforce os alicerces, será necessário demonstrar a existência do dito Deus, tarefa entre todas impossível, não obstante as supostas provas arquitectadas por S. Boaventura, como a de esvaziar os oceanos com um balde furado ou mesmo sem furo nenhum. Do que Deus, caso exista, deve estar agradecido a Ratzinger é pela preocupação que este tem manifestado nos últimos tempos sobre o delicado estado da fé católica. A gente não vai à missa, deixou de acreditar nos dogmas e cumprir preceitos que para os seus antepassados, na maior parte dos casos, constituíram a base da própria vida espiritual, senão também da vida material, como sucedeu, por exemplo, com muitos dos banqueiros dos primórdios do capitalismo, severos calvinistas, e, tanto quanto é possível supor, de uma honestidade pessoal e profissional à prova de qualquer tentação demoníaca em forma de subprime. O leitor estará talvez a pensar que esta súbita inflexão no transcendente assunto que me havia proposto abordar, o sínodo episcopal reunido em Roma, se destinaria, afinal, a introduzir, com mais ou menos jeito dialéctico, uma crítica ao comportamento irregular (é o mínimo que se pode dizer) dos banqueiros nossos contemporâneos. Não foi essa a minha intenção nem essa é a minha competência, se alguma tenho.
Voltemos então a Ratzinger. A este homem, decerto inteligente e informado, com uma vida activíssima nos âmbitos vaticanais e adjacentes (baste dizer que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, continuadora, por outros métodos, do ominoso Tribunal do Santo Ofício, mais conhecido por Inquisição), ocorreu-lhe algo que não se esperaria de alguém com a sua responsabilidade, cuja fé devemos respeitar, mas não a expressão do seu pensamento medieval. Escandalizado com os laicismos, frustrado pelo abandono dos fiéis, abriu a boca na missa com que iniciou o sínodo para soltar enormidades como estas: «Se olhamos a História, vemo-nos obrigados a admitir que não são únicos este distanciamento e esta rebelião dos cristãos incoerentes. Em consequência disso, Deus, embora não faltando nunca à sua promessa de salvação, teve de recorrer amiúde ao castigo». Na minha aldeia dizia-se que Deus castiga sem pau nem pedra, por isso é de temer que venha por aí outro dilúvio que afogue de uma vez os ateus, os agnósticos, os laicos em geral e outros fautores de desordem espiritual. A não ser, sendo os desígnios de Deus infinitos e ignotos, que o actual presidente dos Estados Unidos já tenha sido parte do castigo que nos está reservado. Tudo é possível se o quer Deus. Com a imprescindível condição de que exista, claro está. Se não existe (pelo menos nunca falou com Ratzinger), então tudo isto são histórias que já não assustam ninguém. Que Deus é eterno, dizem, e tem tempo para tudo. Eterno será, admitamo-lo para não contrariar o papa, mas a sua eternidade é só a de um eterno não-ser.
Fonte: Blog Informação Alternativa.
Que pensará Deus de Ratzinger? Que pensará Deus da igreja católica apostólica romana de que este Ratzinger é soberano papa? Que eu saiba (e escusado será dizer que sei bastante pouco), até hoje ninguém se atreveu a formular estas heréticas perguntas, talvez por saber-se, de antemão, que não há nem haverá nunca resposta para elas. Como escrevi em horas de vã interrogação metafísica, há uns bons quinze anos, Deus é o silêncio do universo e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio. Está nos Cadernos de Lanzarote e tem sido frequentemente citado por teólogos do país vizinho que tiveram a bondade de me ler. Claro que para que Deus pense alguma coisa de Ratzinger ou da igreja que o papa anda a querer salvar de uma morte mais do que previsível, seja por inanição, seja por não encontrar ouvidos que a escutem nem fé que lhe reforce os alicerces, será necessário demonstrar a existência do dito Deus, tarefa entre todas impossível, não obstante as supostas provas arquitectadas por S. Boaventura, como a de esvaziar os oceanos com um balde furado ou mesmo sem furo nenhum. Do que Deus, caso exista, deve estar agradecido a Ratzinger é pela preocupação que este tem manifestado nos últimos tempos sobre o delicado estado da fé católica. A gente não vai à missa, deixou de acreditar nos dogmas e cumprir preceitos que para os seus antepassados, na maior parte dos casos, constituíram a base da própria vida espiritual, senão também da vida material, como sucedeu, por exemplo, com muitos dos banqueiros dos primórdios do capitalismo, severos calvinistas, e, tanto quanto é possível supor, de uma honestidade pessoal e profissional à prova de qualquer tentação demoníaca em forma de subprime. O leitor estará talvez a pensar que esta súbita inflexão no transcendente assunto que me havia proposto abordar, o sínodo episcopal reunido em Roma, se destinaria, afinal, a introduzir, com mais ou menos jeito dialéctico, uma crítica ao comportamento irregular (é o mínimo que se pode dizer) dos banqueiros nossos contemporâneos. Não foi essa a minha intenção nem essa é a minha competência, se alguma tenho.
Voltemos então a Ratzinger. A este homem, decerto inteligente e informado, com uma vida activíssima nos âmbitos vaticanais e adjacentes (baste dizer que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, continuadora, por outros métodos, do ominoso Tribunal do Santo Ofício, mais conhecido por Inquisição), ocorreu-lhe algo que não se esperaria de alguém com a sua responsabilidade, cuja fé devemos respeitar, mas não a expressão do seu pensamento medieval. Escandalizado com os laicismos, frustrado pelo abandono dos fiéis, abriu a boca na missa com que iniciou o sínodo para soltar enormidades como estas: «Se olhamos a História, vemo-nos obrigados a admitir que não são únicos este distanciamento e esta rebelião dos cristãos incoerentes. Em consequência disso, Deus, embora não faltando nunca à sua promessa de salvação, teve de recorrer amiúde ao castigo». Na minha aldeia dizia-se que Deus castiga sem pau nem pedra, por isso é de temer que venha por aí outro dilúvio que afogue de uma vez os ateus, os agnósticos, os laicos em geral e outros fautores de desordem espiritual. A não ser, sendo os desígnios de Deus infinitos e ignotos, que o actual presidente dos Estados Unidos já tenha sido parte do castigo que nos está reservado. Tudo é possível se o quer Deus. Com a imprescindível condição de que exista, claro está. Se não existe (pelo menos nunca falou com Ratzinger), então tudo isto são histórias que já não assustam ninguém. Que Deus é eterno, dizem, e tem tempo para tudo. Eterno será, admitamo-lo para não contrariar o papa, mas a sua eternidade é só a de um eterno não-ser.
Fonte: Blog Informação Alternativa.
ARTIGO - Ler deveria ser proibido!
Guiomar de Grammon.
Texto que circula pela Internet e possui um interessante montagem no YouTube. A primeira vez que o li foi em um periódico aqui da região, editado por um companheiro de luta. Vale a pena a leitura. A ironia da autora nos coloca diante de uma reflexão interessante. Ler deveria ser proibido!
A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebida. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Por Guiomar de Grammon.
Fonte:Blog do Cássio.
Texto que circula pela Internet e possui um interessante montagem no YouTube. A primeira vez que o li foi em um periódico aqui da região, editado por um companheiro de luta. Vale a pena a leitura. A ironia da autora nos coloca diante de uma reflexão interessante. Ler deveria ser proibido!
A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebida. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Por Guiomar de Grammon.
Fonte:Blog do Cássio.
AGRICULTURA FAMILIAR - Crises mundiais reforçam papel central da agricultura familiar.
A demanda pela produção de gêneros alimentícios e o furacão que chacoalha o mercado financeiro - ligado diretamente ao comércio mundial das commodities - reforçam a relevância da produção familiar para o futuro do país
Por Antônio Biondi, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis
Primeiro foi a crise dos alimentos, que elevou os preços de gêneros básicos nas prateleiras mundo afora. Depois veio a crise financeira, que abalou o "coração" do capitalismo globalizado e continua atormentando a tábua das marés do chamado "mercado". Seja pela demanda de aumento da produção familiar ou pela demonstração cabal dos riscos da dependência das commodities agrícolas à roleta especulativa bancária, a conjuntura deste ano contribuiu para reposicionar a agricultura familiar como setor essencial ao equilíbrio nacional, tanto em termos econômicos quanto sociais.
Em entrevista à Repórter Brasil, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, vê "uma re-significação da agricultura familiar para o país" no período recente. "A agricultura familiar tinha passado a ser vista pela sociedade como espaço de atraso, de problemas, de pobreza. Conseguimos resgatar o significado e conseguimos resgatar o setor economicamente, um setor que é muito relevante para o país", coloca o ministro. Para ele, "a visão que estava se estabelecendo era uma visão errada" (leia entrevista exclusiva).
Um dos nós do amplo debate gerado a partir da crise dos alimentos se concentra no uso de terras e da força produtiva para as culturas ligadas aos agrocombustíveis, em concorrência com a produção de alimentos. Em alguns casos, estimativas chegaram a atribuir 75% da alta do preço dos alimentos aos agrocombustíveis. Em que pese os possíveis exageros nos números (e os interesses camuflados por trás deles), a inflação dos preços alimentícios tem ajudado a ampliar as discussões sobre o que é prioridade na economia rural. Além de reafirmar que toda febre - inclusive a dos agrocombustíveis - exige contrapesos e cuidados, a crise reafirmou a importância da agricultura familiar e da produção de alimentos.
De olho neste cenário, o governo federal pretende destinar à agricultura familiar cerca de R$ 13 bilhões na safra 2008/2009. Um aumento de R$ 1 bilhão frente ao período anterior. Os números são do próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que estima que a produção familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
A crise financeira, por sua vez, reaquece as críticas à desregulamentação da economia, ao frenesi das bolsas de valores, mercadorias e futuros, à especulação da economia virtual, no mais das vezes sem base na economia real. A transposição desta lógica financeira à agricultura, que favorece apenas o retorno financeiro das commodities (soja, milho, carne etc.), passou a ser alvo de pesadas críticas - assim como a atuação das empresas do agronegócio que controlam os preços desses produtos.
Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pequenos agricultores buscam alternativas frente ao atual cenário. Em viagem realizada com o objetivo de estudar os impactos econômicos, sociais e ambientais que os agrocombustíveis têm gerado no campo brasileiro, a Repórter Brasil se deparou com importantes experiências de agricultores familiares - confira a íntegra do estudo "O Brasil dos Agrocombustíveis - Palmáceas, Algodão, Milho e Pinhão-Manso - 2008" (em pdf).
Nos quase 5 mil quilômetros percorridos pela reportagem, foi possível aferir o conjunto das pressões e dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores. E, ao mesmo tempo, como encontram soluções válidas não somente para a realidade de cada um deles, mas para o conjunto do setor.
Alternativas
A Região Sul possui uma tradição histórica nesse quesito (leia: RS, PR e SC recebem 43% dos R$ 13 bi para produção familiar). Aproveitando as novas oportunidades trazidas pelos agrocombustíveis e por outras culturas com força no campo brasileiro, os pequenos agricultores também se desdobram para superar os desafios colocados. Com isso, a necessidade de viabilização de alternativas exige prudência e criatividade. Essencialmente, buscam adotar uma lógica com base na diversificação de culturas, no respeito ao trabalhador, ao meio ambiente, entre outros aspectos.
No Paraná, por exemplo, pequenos agricultores familiares empreendem uma verdadeira batalha para manter vivas as espécies crioulas do grão. No município de Bituruna (PR), a trincheira está erguida no Assentamento Rondon III. No lote do assentado Anísio Francisco da Rosa, cinco famílias participaram de um longo processo para preservar as sementes crioulas. A área do seu Anísio é também pródiga na diversidade de culturas e no auto-consumo.
Com a liberação de diversas variedades transgênicas no Brasil, as sementes crioulas conseguiram na atual safra o reconhecimento do governo federal. Por meio de um certificado emitido pelo MDA, os produtores que trabalham com este tipo de sementes poderão ter acesso ao crédito e seguro oficiais.
Em Porto Barreiro (PR), a força motriz dos pequenos agricultores é a organização coletiva da produção e da comercialização. Com apostas variadas - que vão de itens de cesta básica à produção de biodiesel, passando pela implementação de agroflorestas - os agricultores criaram a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do Paraná (CPC-PR). De acordo com Valter Israel da Silva, integrante da direção nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Paraná, a cooperativa se dedicará a cuidar em nível estadual dos produtos da marca "Do Campesinato", do MPA Nacional.
De acordo com o dirigente, o movimento tem buscado estudar e recuperar a lógica da produção camponesa, inclusive com o lançamento de livros a respeito. "O pequeno produtor estava entrando na lógica do agronegócio".
Na região de Palmeira das Missões (RS), Romário Rossetto, da direção nacional do MPA no Estado, frisa que, embora o pequeno produtor sempre tenha diversificado o plantio, "nos anos 90, muitos chegaram a plantar quase só na lógica da monocultura". Segundo ele, "conseguimos reverter isso somando a lógica da diversificação às da segurança e da soberania alimentar".
Valter, do Paraná, concorda com o colega do Rio Grande do Sul e estima que, atualmente, "cerca de 20% das famílias com quem dialogamos começaram a utilizar a lógica que defendemos". Antes, diz, "lutávamos pelo crédito, mas a liberação de recursos atuava contra nós, pois incentivava a inclusão do agricultor no sistema, no uso das sementes, adubos, tudo das transnacionais". De acordo com o dirigente paranaense, as propostas do MPA nunca foram tão bem aceitas entre os agricultores quanto agora. "O discurso, que sempre pareceu somente ideológico, se torna claramente econômico com a atual crise". O projeto do MPA no Paraná, explica Silva, busca respostas integradas às crises ambiental alimentar e energética.
Edgar Kramer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar em Chapecó e Região (Sintraf), mostra, contudo, que inúmeros problemas continuam rondando o setor. Segundo ele, a população rural de Chapecó (SC), um dos centros do agronegócio na região, vem caindo significativamente. "As pessoas perdem o emprego na agroindústria, diante das exigências de mão-de-obra mais qualificada. O jovem está indo para a cidade. As novas famílias também". Segundo ele, quem vai para o núcleos urbanos "muitas vezes acabam no crime, no desemprego, nas favelas".
O cenário atual para a agricultura familiar é de completa insegurança, analisa Edgar. Entre outros motivos, porque as parcerias entre os agricultores e as grandes empresas da região e - como a Aurora, Sadia, Perdigão e outras - "só beneficiam os grandes", ao passo que os pequenos "entram com toda estrutura física e de trabalho". Na região, de Chapecó e outras próximas, é comum que a entrada de cada propriedade seja "carimbada" por uma dessas empresas. São os chamados "integrados", produtores que já têm sua atividade e produção ligadas diretamente a uma das empresas. Mais do que o nome da propriedade ou do seu dono, as placas destacam os logos das indústrias. E criam uma sensação de que os donos são outros...
Os apontamentos destacados pelo dirigente da Sintraf não são isolados, e encontram eco na posição de importantes entidades. E a Região Sul do país, mesmo com sua história de força no setor da agricultura familiar, não escapa às dificuldades - conforme se pode constatar nos relatórios produzidos pela Repórter Brasil sobre a soja e a mamona, e sobre o dendê, algodão, milho, babaçu e pinhão-manso que demonstram a existência na região de problemas de grilagem, de violência, problemas ambientais entre outros conflitos.
Fonte:Repórter Brasil.
Por Antônio Biondi, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis
Primeiro foi a crise dos alimentos, que elevou os preços de gêneros básicos nas prateleiras mundo afora. Depois veio a crise financeira, que abalou o "coração" do capitalismo globalizado e continua atormentando a tábua das marés do chamado "mercado". Seja pela demanda de aumento da produção familiar ou pela demonstração cabal dos riscos da dependência das commodities agrícolas à roleta especulativa bancária, a conjuntura deste ano contribuiu para reposicionar a agricultura familiar como setor essencial ao equilíbrio nacional, tanto em termos econômicos quanto sociais.
Em entrevista à Repórter Brasil, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, vê "uma re-significação da agricultura familiar para o país" no período recente. "A agricultura familiar tinha passado a ser vista pela sociedade como espaço de atraso, de problemas, de pobreza. Conseguimos resgatar o significado e conseguimos resgatar o setor economicamente, um setor que é muito relevante para o país", coloca o ministro. Para ele, "a visão que estava se estabelecendo era uma visão errada" (leia entrevista exclusiva).
Um dos nós do amplo debate gerado a partir da crise dos alimentos se concentra no uso de terras e da força produtiva para as culturas ligadas aos agrocombustíveis, em concorrência com a produção de alimentos. Em alguns casos, estimativas chegaram a atribuir 75% da alta do preço dos alimentos aos agrocombustíveis. Em que pese os possíveis exageros nos números (e os interesses camuflados por trás deles), a inflação dos preços alimentícios tem ajudado a ampliar as discussões sobre o que é prioridade na economia rural. Além de reafirmar que toda febre - inclusive a dos agrocombustíveis - exige contrapesos e cuidados, a crise reafirmou a importância da agricultura familiar e da produção de alimentos.
De olho neste cenário, o governo federal pretende destinar à agricultura familiar cerca de R$ 13 bilhões na safra 2008/2009. Um aumento de R$ 1 bilhão frente ao período anterior. Os números são do próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que estima que a produção familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
A crise financeira, por sua vez, reaquece as críticas à desregulamentação da economia, ao frenesi das bolsas de valores, mercadorias e futuros, à especulação da economia virtual, no mais das vezes sem base na economia real. A transposição desta lógica financeira à agricultura, que favorece apenas o retorno financeiro das commodities (soja, milho, carne etc.), passou a ser alvo de pesadas críticas - assim como a atuação das empresas do agronegócio que controlam os preços desses produtos.
Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pequenos agricultores buscam alternativas frente ao atual cenário. Em viagem realizada com o objetivo de estudar os impactos econômicos, sociais e ambientais que os agrocombustíveis têm gerado no campo brasileiro, a Repórter Brasil se deparou com importantes experiências de agricultores familiares - confira a íntegra do estudo "O Brasil dos Agrocombustíveis - Palmáceas, Algodão, Milho e Pinhão-Manso - 2008" (em pdf).
Nos quase 5 mil quilômetros percorridos pela reportagem, foi possível aferir o conjunto das pressões e dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores. E, ao mesmo tempo, como encontram soluções válidas não somente para a realidade de cada um deles, mas para o conjunto do setor.
Alternativas
A Região Sul possui uma tradição histórica nesse quesito (leia: RS, PR e SC recebem 43% dos R$ 13 bi para produção familiar). Aproveitando as novas oportunidades trazidas pelos agrocombustíveis e por outras culturas com força no campo brasileiro, os pequenos agricultores também se desdobram para superar os desafios colocados. Com isso, a necessidade de viabilização de alternativas exige prudência e criatividade. Essencialmente, buscam adotar uma lógica com base na diversificação de culturas, no respeito ao trabalhador, ao meio ambiente, entre outros aspectos.
No Paraná, por exemplo, pequenos agricultores familiares empreendem uma verdadeira batalha para manter vivas as espécies crioulas do grão. No município de Bituruna (PR), a trincheira está erguida no Assentamento Rondon III. No lote do assentado Anísio Francisco da Rosa, cinco famílias participaram de um longo processo para preservar as sementes crioulas. A área do seu Anísio é também pródiga na diversidade de culturas e no auto-consumo.
Com a liberação de diversas variedades transgênicas no Brasil, as sementes crioulas conseguiram na atual safra o reconhecimento do governo federal. Por meio de um certificado emitido pelo MDA, os produtores que trabalham com este tipo de sementes poderão ter acesso ao crédito e seguro oficiais.
Em Porto Barreiro (PR), a força motriz dos pequenos agricultores é a organização coletiva da produção e da comercialização. Com apostas variadas - que vão de itens de cesta básica à produção de biodiesel, passando pela implementação de agroflorestas - os agricultores criaram a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do Paraná (CPC-PR). De acordo com Valter Israel da Silva, integrante da direção nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Paraná, a cooperativa se dedicará a cuidar em nível estadual dos produtos da marca "Do Campesinato", do MPA Nacional.
De acordo com o dirigente, o movimento tem buscado estudar e recuperar a lógica da produção camponesa, inclusive com o lançamento de livros a respeito. "O pequeno produtor estava entrando na lógica do agronegócio".
Na região de Palmeira das Missões (RS), Romário Rossetto, da direção nacional do MPA no Estado, frisa que, embora o pequeno produtor sempre tenha diversificado o plantio, "nos anos 90, muitos chegaram a plantar quase só na lógica da monocultura". Segundo ele, "conseguimos reverter isso somando a lógica da diversificação às da segurança e da soberania alimentar".
Valter, do Paraná, concorda com o colega do Rio Grande do Sul e estima que, atualmente, "cerca de 20% das famílias com quem dialogamos começaram a utilizar a lógica que defendemos". Antes, diz, "lutávamos pelo crédito, mas a liberação de recursos atuava contra nós, pois incentivava a inclusão do agricultor no sistema, no uso das sementes, adubos, tudo das transnacionais". De acordo com o dirigente paranaense, as propostas do MPA nunca foram tão bem aceitas entre os agricultores quanto agora. "O discurso, que sempre pareceu somente ideológico, se torna claramente econômico com a atual crise". O projeto do MPA no Paraná, explica Silva, busca respostas integradas às crises ambiental alimentar e energética.
Edgar Kramer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar em Chapecó e Região (Sintraf), mostra, contudo, que inúmeros problemas continuam rondando o setor. Segundo ele, a população rural de Chapecó (SC), um dos centros do agronegócio na região, vem caindo significativamente. "As pessoas perdem o emprego na agroindústria, diante das exigências de mão-de-obra mais qualificada. O jovem está indo para a cidade. As novas famílias também". Segundo ele, quem vai para o núcleos urbanos "muitas vezes acabam no crime, no desemprego, nas favelas".
O cenário atual para a agricultura familiar é de completa insegurança, analisa Edgar. Entre outros motivos, porque as parcerias entre os agricultores e as grandes empresas da região e - como a Aurora, Sadia, Perdigão e outras - "só beneficiam os grandes", ao passo que os pequenos "entram com toda estrutura física e de trabalho". Na região, de Chapecó e outras próximas, é comum que a entrada de cada propriedade seja "carimbada" por uma dessas empresas. São os chamados "integrados", produtores que já têm sua atividade e produção ligadas diretamente a uma das empresas. Mais do que o nome da propriedade ou do seu dono, as placas destacam os logos das indústrias. E criam uma sensação de que os donos são outros...
Os apontamentos destacados pelo dirigente da Sintraf não são isolados, e encontram eco na posição de importantes entidades. E a Região Sul do país, mesmo com sua história de força no setor da agricultura familiar, não escapa às dificuldades - conforme se pode constatar nos relatórios produzidos pela Repórter Brasil sobre a soja e a mamona, e sobre o dendê, algodão, milho, babaçu e pinhão-manso que demonstram a existência na região de problemas de grilagem, de violência, problemas ambientais entre outros conflitos.
Fonte:Repórter Brasil.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
MEIO AMBIENTE - Plásticos oxibiodegradáveis não se decompõem como esperado.
Os consumidores mais atentos já devem ter notado que certas sacolas plásticas, dessas utilizadas para embalar produtos comprados em supermercados, drogarias e lojas as mais diversas, trazem a informação de que são confeccionadas com plástico oxibiodegradável.
Esse tipo de plástico começou a ser produzido no final dos anos 1980 e, segundo seus fabricantes, são ambientalmente corretos porque se decompõem rapidamente na natureza.
Com isso minimizariam uma série de riscos ambientais decorrentes do descarte desses produtos, como a impermeabilização do solo e a contaminação de lençóis freáticos.
Agora uma pesquisa concluída recentemente por um pesquisador brasileiro mostra que não é bem assim. O engenheiro de materiais Guilherme José Macedo Fechine, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, realizou uma bateria de testes com um tipo de plástico oxibiodegradável vendido no mercado nacional e constatou que, apesar de ele se fragmentar e virar pó, não é consumido por fungos, bactérias, protozoários e outros microorganismos — condição necessária para ser considerado biodegradável e desaparecer do solo ou da água.
De acordo com o pesquisador, que não quer falar os nomes comerciais dos produtos porque as empresas não foram consultadas, não é de hoje que a biodegradabilidade dos polímeros oxibiodegráveis é considerada um assunto polêmico na comunidade científica internacional. Uma corrente de estudiosos duvida se eles são, de fato, biodegradáveis.
No início do ano, o governador José Serra vetou um projeto de lei da Assembléia Legislativa paulista que tornava obrigatório o uso de sacolas plásticas com o aditivo oxibiodegradável porque havia dúvidas sobre o real benefício ao ambiente. "Meu estudo comprovou que não são biodegradáveis", afirma Fechine, que acaba de retornar da Bélgica, onde participou de um congresso internacional sobre modificação e degradação de polímeros, o Modest 2008 na sigla em inglês.
Para entender a controvérsia sobre os polímeros oxibiodegradáveis, é importante, primeiro, compreender como ocorre o processo de biodegradação desses plásticos e, em seguida, saber como eles são produzidos. A oxibiodegradação acontece em dois estágios.
No início o plástico é convertido, pela ação de oxigênio, temperatura ou radiação ultravioleta em fragmentos moleculares menores. Em seguida esses fragmentos se biodegradam, o que significa que são convertidos em dióxido de carbono, água e biomassa por microorganismos decompositores.
Para fomentar tal característica, os fabricantes misturam um aditivo pró-oxidante a polímeros convencionais, como polipropileno, polietileno ou outros.
Esses polímeros são os mais usados para confecção de sacos e outros produtos plásticos. O aditivo pró-oxidante acaba por tornar o polímero supostamente biodegradável.
Quando descartado em aterros ou lixões, o aditivo quebraria as longas cadeias moleculares que formam os polímeros, conferindo-lhe as características necessárias para ser consumido pelos microorganismos presentes no solo.
"Segundo meu estudo, a única diferença dos polímeros oxibiodegradáveis é que o tempo de fragmentação é muito mais rápido do que o dos polímeros convencionais", afirma Fechine.
"As empresas que comercializam esse tipo de aditivo pró-oxidante deveriam alertar que apenas sua presença não tornará o plástico biodegradável. Para que isso ocorra, o polímero precisaria passar por uma forte degradação prévia, causada por radiação ultravioleta ou temperatura, por exemplo, e ser descartado em solo apropriado, com pH, umidade, temperatura e presença de microorganismos que permitissem a ocorrência da biodegradação".
Nem todos concordam com as limitações do aditivo. "Não conheço o trabalho, não sei se foi feito com o aditivo que represento, nem sei que metodologia o pesquisador utilizou. Mas posso garantir que testes conduzidos pela Ecosigma, empresa com sede em Campinas especializada em compostagem e gestão de resíduos, e com participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto Agronômico de Campinas (IAC), demonstraram que os plásticos oxibiodegradáveis fabricados com o aditivo d2w, que representamos no Brasil, são, de fato, biodegradáveis, compostáveis e não ecotóxicos para plantas superiores, minhocas e microorganismos metanogênicos [que produzem metano]", afirma Eduardo van Roost, diretor-superintendente da Res Brasil, que comercializa o aditivo d2w para mais de 160 fabricantes brasileiros de embalagens plásticas.
"Uma prova da eficiência, desempenho e segurança do nosso aditivo é o fato de ele estar presente em mais de 60 países", complementa.
Comparação de amostras
O experimento conduzido por Fechine, que há três anos está à frente de um projeto Jovem Pesquisador da FAPESP, realizado no Departamento de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) antes de ele se tornar professor do Mackenzie, comparou a degradação de duas amostras de polipropileno, uma delas contendo o aditivo pró-oxidante e outra sem essa substância.
Na primeira etapa do trabalho, as duas amostras foram previamente fotodegradadas numa câmara de envelhecimento acelerado com emissão de radiação ultravioleta.
"Com isso simulamos a fotodegradação que os plásticos sofrem num aterro sanitário ou lixão em função da radiação solar que incide sobre eles", explica o professor. As amostras foram submetidas a diferentes tempos de radiação, sendo que a mais longa exposição correspondeu a 480 horas (ou 20 dias) na câmara de envelhecimento.
Ao final desse período o polímero com aditivo pró-oxidante encontrava-se em avançado estado de decomposição.
"Medimos a massa molar (mede quantidade de moléculas) das duas amostras antes e depois do ensaio na câmara de envelhecimento e constatamos que o aditivo pró-oxidante realmente acelerou a fotodegradação de forma intensa, quando comparado à amostra com polímero convencional. Restava saber se, além de fragmentado, ele se tornara biodegradável", conta o professor Fechine.
As duas amostras foram, então, submetidas a testes de biodegradabilidade em um terreno previamente preparado. Foram enterradas e, de tempos em tempos, coletadas para pesagem e avaliação de perda de massa.
"Depois de quase dois meses constatamos que não houve perda significativa de massa para ambas as amostras. Isso quer dizer que nenhuma das duas foi consumida pelos microorganismos do solo durante esse tempo", diz Fechine.
"Nosso experimento mostrou que o aditivo acelera a fragmentação do polímero, mas não o torna biodegradável".
Um artigo com os resultados dos ensaios já foi aceito para publicação pela revista Polymer Engineering and Science, uma das mais conceituadas na área de polímeros.
Intitulado Effect of UV radiation and pro-oxidant biodegradability, o artigo foi escrito em parceria com os pesquisadores Nicole Demarquette, da Poli-USP, Derval dos Santos Rosa e Marina Rezende, da Universidade São Francisco, em Itatiba, no interior paulista, responsáveis pelos ensaios de biodegradação em solo.
Fonte: Mercado Ético/Envolverde/Revista Pesquisa Fapesp
Agência Envolverde/IPS
Fonte:Site O Vermelho.
Esse tipo de plástico começou a ser produzido no final dos anos 1980 e, segundo seus fabricantes, são ambientalmente corretos porque se decompõem rapidamente na natureza.
Com isso minimizariam uma série de riscos ambientais decorrentes do descarte desses produtos, como a impermeabilização do solo e a contaminação de lençóis freáticos.
Agora uma pesquisa concluída recentemente por um pesquisador brasileiro mostra que não é bem assim. O engenheiro de materiais Guilherme José Macedo Fechine, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, realizou uma bateria de testes com um tipo de plástico oxibiodegradável vendido no mercado nacional e constatou que, apesar de ele se fragmentar e virar pó, não é consumido por fungos, bactérias, protozoários e outros microorganismos — condição necessária para ser considerado biodegradável e desaparecer do solo ou da água.
De acordo com o pesquisador, que não quer falar os nomes comerciais dos produtos porque as empresas não foram consultadas, não é de hoje que a biodegradabilidade dos polímeros oxibiodegráveis é considerada um assunto polêmico na comunidade científica internacional. Uma corrente de estudiosos duvida se eles são, de fato, biodegradáveis.
No início do ano, o governador José Serra vetou um projeto de lei da Assembléia Legislativa paulista que tornava obrigatório o uso de sacolas plásticas com o aditivo oxibiodegradável porque havia dúvidas sobre o real benefício ao ambiente. "Meu estudo comprovou que não são biodegradáveis", afirma Fechine, que acaba de retornar da Bélgica, onde participou de um congresso internacional sobre modificação e degradação de polímeros, o Modest 2008 na sigla em inglês.
Para entender a controvérsia sobre os polímeros oxibiodegradáveis, é importante, primeiro, compreender como ocorre o processo de biodegradação desses plásticos e, em seguida, saber como eles são produzidos. A oxibiodegradação acontece em dois estágios.
No início o plástico é convertido, pela ação de oxigênio, temperatura ou radiação ultravioleta em fragmentos moleculares menores. Em seguida esses fragmentos se biodegradam, o que significa que são convertidos em dióxido de carbono, água e biomassa por microorganismos decompositores.
Para fomentar tal característica, os fabricantes misturam um aditivo pró-oxidante a polímeros convencionais, como polipropileno, polietileno ou outros.
Esses polímeros são os mais usados para confecção de sacos e outros produtos plásticos. O aditivo pró-oxidante acaba por tornar o polímero supostamente biodegradável.
Quando descartado em aterros ou lixões, o aditivo quebraria as longas cadeias moleculares que formam os polímeros, conferindo-lhe as características necessárias para ser consumido pelos microorganismos presentes no solo.
"Segundo meu estudo, a única diferença dos polímeros oxibiodegradáveis é que o tempo de fragmentação é muito mais rápido do que o dos polímeros convencionais", afirma Fechine.
"As empresas que comercializam esse tipo de aditivo pró-oxidante deveriam alertar que apenas sua presença não tornará o plástico biodegradável. Para que isso ocorra, o polímero precisaria passar por uma forte degradação prévia, causada por radiação ultravioleta ou temperatura, por exemplo, e ser descartado em solo apropriado, com pH, umidade, temperatura e presença de microorganismos que permitissem a ocorrência da biodegradação".
Nem todos concordam com as limitações do aditivo. "Não conheço o trabalho, não sei se foi feito com o aditivo que represento, nem sei que metodologia o pesquisador utilizou. Mas posso garantir que testes conduzidos pela Ecosigma, empresa com sede em Campinas especializada em compostagem e gestão de resíduos, e com participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Instituto Agronômico de Campinas (IAC), demonstraram que os plásticos oxibiodegradáveis fabricados com o aditivo d2w, que representamos no Brasil, são, de fato, biodegradáveis, compostáveis e não ecotóxicos para plantas superiores, minhocas e microorganismos metanogênicos [que produzem metano]", afirma Eduardo van Roost, diretor-superintendente da Res Brasil, que comercializa o aditivo d2w para mais de 160 fabricantes brasileiros de embalagens plásticas.
"Uma prova da eficiência, desempenho e segurança do nosso aditivo é o fato de ele estar presente em mais de 60 países", complementa.
Comparação de amostras
O experimento conduzido por Fechine, que há três anos está à frente de um projeto Jovem Pesquisador da FAPESP, realizado no Departamento de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) antes de ele se tornar professor do Mackenzie, comparou a degradação de duas amostras de polipropileno, uma delas contendo o aditivo pró-oxidante e outra sem essa substância.
Na primeira etapa do trabalho, as duas amostras foram previamente fotodegradadas numa câmara de envelhecimento acelerado com emissão de radiação ultravioleta.
"Com isso simulamos a fotodegradação que os plásticos sofrem num aterro sanitário ou lixão em função da radiação solar que incide sobre eles", explica o professor. As amostras foram submetidas a diferentes tempos de radiação, sendo que a mais longa exposição correspondeu a 480 horas (ou 20 dias) na câmara de envelhecimento.
Ao final desse período o polímero com aditivo pró-oxidante encontrava-se em avançado estado de decomposição.
"Medimos a massa molar (mede quantidade de moléculas) das duas amostras antes e depois do ensaio na câmara de envelhecimento e constatamos que o aditivo pró-oxidante realmente acelerou a fotodegradação de forma intensa, quando comparado à amostra com polímero convencional. Restava saber se, além de fragmentado, ele se tornara biodegradável", conta o professor Fechine.
As duas amostras foram, então, submetidas a testes de biodegradabilidade em um terreno previamente preparado. Foram enterradas e, de tempos em tempos, coletadas para pesagem e avaliação de perda de massa.
"Depois de quase dois meses constatamos que não houve perda significativa de massa para ambas as amostras. Isso quer dizer que nenhuma das duas foi consumida pelos microorganismos do solo durante esse tempo", diz Fechine.
"Nosso experimento mostrou que o aditivo acelera a fragmentação do polímero, mas não o torna biodegradável".
Um artigo com os resultados dos ensaios já foi aceito para publicação pela revista Polymer Engineering and Science, uma das mais conceituadas na área de polímeros.
Intitulado Effect of UV radiation and pro-oxidant biodegradability, o artigo foi escrito em parceria com os pesquisadores Nicole Demarquette, da Poli-USP, Derval dos Santos Rosa e Marina Rezende, da Universidade São Francisco, em Itatiba, no interior paulista, responsáveis pelos ensaios de biodegradação em solo.
Fonte: Mercado Ético/Envolverde/Revista Pesquisa Fapesp
Agência Envolverde/IPS
Fonte:Site O Vermelho.
ANOS DE CHUMBO - Para Vannuchi, AGU comete "equívoco brutal" ao defender torturadores.
O secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, criticou ontem em São Paulo o que classificou de "equivoco brutal" da Advocacia Geral da União (AGU) ao emitir posições que "extrapolam" suas atribuições, "sem conhecimento de causa e com abordagens superficiais". Em uma dura nota de repúdio, a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos também reclamou do parecer da AGU que considera perdoados pela Lei da Anistia os crimes de tortura cometidos na ditadura militar (1964-1985).
Com o parecer, feito para contestar ação movida na Justiça paulista pelo Ministério Público em defesa da punição de violadores de direitos humanos, a União, segundo a comissão, "preferiu assumir postura que beneficia os torturadores".
O ministro diz que entregará o cargo se a posição do órgão prevalecer no governo. "Se, ao final de uma paciente, perseverante, persistente e disciplinada argumentação interna, prevalecer esse ponto de vista, uma pessoa como eu tem que deixar o governo e voltar para a sociedade civil para levar adiante essa mesma atividade", afirmou Vannuchi. Ele negou que já tenha colocado seu cargo à disposição.
"Dentro do governo está em curso um conjunto de ações que colidem com a linha presente na manifestação da AGU", afirmou. Ele fez questão de ressaltar que não está sozinho no embate, citando outros ministros como Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil).
Além dos ministros, vários profissionais que atuam na Secretaria também se mostram solidários a Vannuchi. Um dos conselheiros, Augustino Veit, chegou a pensar em propor renúncia coletiva, mas foi dissuadido pelos colegas, para não enfraquecer a posição dos ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi. Veit foi convencido a assinar a nota, aderindo à posição de aguardar o julgamento da ação.
Na nota, a comissão alega que a AGU sustentou uma interpretação da anistia polêmica e sem guarida em qualquer instrumento legal, quando estende o benefício a agentes do Estado que torturaram.
"Procurou isentar aqueles que foram chefes do mais famoso centro de torturas do País de devolver à União as indenizações pagas às famílias dos que ali foram mortos sob tortura", diz a nota, atacando a AGU. A comissão se refere aos coronéis reformados do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel, acusados, em processo que corre na Justiça de São Paulo, de violações aos direitos humanos.
Procurada para se pronunciar sobre a nota, a AGU informou que sustenta a tese do perdão mútuo e tomará conhecimento dos termos da nota para se manifestar.
Da redação,
com agências
Fonte:AEPET.
Com o parecer, feito para contestar ação movida na Justiça paulista pelo Ministério Público em defesa da punição de violadores de direitos humanos, a União, segundo a comissão, "preferiu assumir postura que beneficia os torturadores".
O ministro diz que entregará o cargo se a posição do órgão prevalecer no governo. "Se, ao final de uma paciente, perseverante, persistente e disciplinada argumentação interna, prevalecer esse ponto de vista, uma pessoa como eu tem que deixar o governo e voltar para a sociedade civil para levar adiante essa mesma atividade", afirmou Vannuchi. Ele negou que já tenha colocado seu cargo à disposição.
"Dentro do governo está em curso um conjunto de ações que colidem com a linha presente na manifestação da AGU", afirmou. Ele fez questão de ressaltar que não está sozinho no embate, citando outros ministros como Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil).
Além dos ministros, vários profissionais que atuam na Secretaria também se mostram solidários a Vannuchi. Um dos conselheiros, Augustino Veit, chegou a pensar em propor renúncia coletiva, mas foi dissuadido pelos colegas, para não enfraquecer a posição dos ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi. Veit foi convencido a assinar a nota, aderindo à posição de aguardar o julgamento da ação.
Na nota, a comissão alega que a AGU sustentou uma interpretação da anistia polêmica e sem guarida em qualquer instrumento legal, quando estende o benefício a agentes do Estado que torturaram.
"Procurou isentar aqueles que foram chefes do mais famoso centro de torturas do País de devolver à União as indenizações pagas às famílias dos que ali foram mortos sob tortura", diz a nota, atacando a AGU. A comissão se refere aos coronéis reformados do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel, acusados, em processo que corre na Justiça de São Paulo, de violações aos direitos humanos.
Procurada para se pronunciar sobre a nota, a AGU informou que sustenta a tese do perdão mútuo e tomará conhecimento dos termos da nota para se manifestar.
Da redação,
com agências
Fonte:AEPET.
ARTIGO - A crise econômica e o pós-neoliberalismo.
A atual crise, que já não é meramente financeira, mas já atingiu a dita `economia real`, é de tal magnitude e profundidade que está obrigando até os mais convictos neoliberais a rever suas posições. Isso se tornou público em escala mundial quando o ex-presidente Banco Central dos Estados Unidos, Alan Greespan, admitiu na Câmara dos Deputados que havia se equivocado na sua crença sobre a capacidade do mercado resolver os problemas econômicos sem intervenção ou regulação governamental.
É claro que ainda sobram neoliberais fundamentalistas que preferem negar a realidade em nome reafirmação dos seus dogmas. Mas, parece que a doutrina/ideologia neoliberal não será mais a hegemônica na globalização econômica, abrindo espaços para regulação e intervenção estatal ou de organismos internacionais multilaterais na economia e no mercado financeiro. Pelo menos por alguns anos.
Essa perspectiva nos levanta diversas questões, das quais quero tratar de duas.
Na época em que a ideologia neoliberal reinava quase que absolutamente, a grande discussão era (ou, ainda é em certos setores): mercado livre X intervenção e regulação estatal na economia. O declínio do neoliberalismo nos coloca uma nova questão. Não mais o dualismo `mercado livre X intervenção`, mas que tipo de intervenção estatal/multilateral nas economias nacionais e global e em que direção?
No momento não há nenhuma perspectiva de uma intervenção ou dinâmicas sociais que altere de modo radical e profundo o sistema capitalista. Isto significa que a ordem econômica e social que resultará da `solução` da crise será algum tipo ou forma de capitalismo. Se ela será melhor ou pior, em termos humanos e sociais para a grande maioria da população mundial, dependerá das intervenções e o modo como a crise e a sua `solução` irão evoluir.
Uma intervenção que tenha como objetivo somente `salvar` o sistema financeiro e colocar a economia de volta aos `trilhos` do atual processo de globalização seria apenas substituir a ideologia neoliberal por uma outra, mantendo quase que inalterada a lógica da expansão imperial do atual sistema capitalista. Isto é, a lógica da expansão e exploração capitalista continuaria seguindo o seu rumo, substituindo somente a doutrina/ideologia a serviço da elite mundial.
Outra possibilidade seria aproveitar essa crise para repensar o papel do Estado e da sociedade civil na sua relação com o mercado. Ir além das intervenções do Estado na economia para salvaguardar o sistema econômico, em direção à construção de uma sociedade capaz de garantir de modo concreto os direitos sociais para todas as pessoas. Para isso, os movimentos sociais e os `intelectuais orgânicos` deveriam levantar as questões de fundo que estão por trás dessa crise e propor as grandes metas sociais que devem guiar as discussões sobre a economia, no atual momento da crise aguda e também nos momentos seguintes. Isto é, retomar a economia como economia política (nome original do que hoje se conhece como economia ou ciência econômica) e repensar o Estado e os governos como instâncias mediadoras e garantidoras dos direitos humanos e sociais de toda a população.
Nesta luta, surge uma tarefa urgente para intelectuais orgânicos, intelectuais acadêmicos ou não que fazem suas reflexões articuladas ou em favor das lutas populares e sociais: a elaboração de um novo pensamento e discurso crítico do capitalismo. Nos últimos 25 anos, o principal foco das críticas foi o neoliberalismo. Alguns teólogos da libertação contribuíram de modo decisivo com a formulação de categorias como `idolatria do mercado` para desvelar e critica a absolutização do mercado feito por neoliberalismo. Podemos dizer que uma boa parte da esquerda cristã na América Latina foi influenciada por este tipo de pensamento na sua luta. (Em alguns casos, até ocorreu quase uma identificação do neoliberalismo com o próprio capitalismo.)
As ações dos governos dos países capitalistas mais ricos e o rumo que está tomando o debate econômico sobre a atual crise mostram que novos discursos legitimadores (pós-neoliberais) do capitalismo estão sendo ou serão construídos. Novas realidades e novas formas de legitimação das dominações e injustiças do capitalismo exigem de nós a reformulação do nosso discurso crítico e também das propostas e ações sociais concretas. Uma tarefa importante para aqueles/as comprometidos com o cristianismo de libertação e com as propostas originais da teologia da libertação.
Jung Mo Sung é pós-doutorado em Educação (2000), doutor em Ciências da Religião (1993) e autor de `Cristianismo de Libertação: espiritualidade e luta social`, Ed. Paulus).
Fonte: AEPET.
É claro que ainda sobram neoliberais fundamentalistas que preferem negar a realidade em nome reafirmação dos seus dogmas. Mas, parece que a doutrina/ideologia neoliberal não será mais a hegemônica na globalização econômica, abrindo espaços para regulação e intervenção estatal ou de organismos internacionais multilaterais na economia e no mercado financeiro. Pelo menos por alguns anos.
Essa perspectiva nos levanta diversas questões, das quais quero tratar de duas.
Na época em que a ideologia neoliberal reinava quase que absolutamente, a grande discussão era (ou, ainda é em certos setores): mercado livre X intervenção e regulação estatal na economia. O declínio do neoliberalismo nos coloca uma nova questão. Não mais o dualismo `mercado livre X intervenção`, mas que tipo de intervenção estatal/multilateral nas economias nacionais e global e em que direção?
No momento não há nenhuma perspectiva de uma intervenção ou dinâmicas sociais que altere de modo radical e profundo o sistema capitalista. Isto significa que a ordem econômica e social que resultará da `solução` da crise será algum tipo ou forma de capitalismo. Se ela será melhor ou pior, em termos humanos e sociais para a grande maioria da população mundial, dependerá das intervenções e o modo como a crise e a sua `solução` irão evoluir.
Uma intervenção que tenha como objetivo somente `salvar` o sistema financeiro e colocar a economia de volta aos `trilhos` do atual processo de globalização seria apenas substituir a ideologia neoliberal por uma outra, mantendo quase que inalterada a lógica da expansão imperial do atual sistema capitalista. Isto é, a lógica da expansão e exploração capitalista continuaria seguindo o seu rumo, substituindo somente a doutrina/ideologia a serviço da elite mundial.
Outra possibilidade seria aproveitar essa crise para repensar o papel do Estado e da sociedade civil na sua relação com o mercado. Ir além das intervenções do Estado na economia para salvaguardar o sistema econômico, em direção à construção de uma sociedade capaz de garantir de modo concreto os direitos sociais para todas as pessoas. Para isso, os movimentos sociais e os `intelectuais orgânicos` deveriam levantar as questões de fundo que estão por trás dessa crise e propor as grandes metas sociais que devem guiar as discussões sobre a economia, no atual momento da crise aguda e também nos momentos seguintes. Isto é, retomar a economia como economia política (nome original do que hoje se conhece como economia ou ciência econômica) e repensar o Estado e os governos como instâncias mediadoras e garantidoras dos direitos humanos e sociais de toda a população.
Nesta luta, surge uma tarefa urgente para intelectuais orgânicos, intelectuais acadêmicos ou não que fazem suas reflexões articuladas ou em favor das lutas populares e sociais: a elaboração de um novo pensamento e discurso crítico do capitalismo. Nos últimos 25 anos, o principal foco das críticas foi o neoliberalismo. Alguns teólogos da libertação contribuíram de modo decisivo com a formulação de categorias como `idolatria do mercado` para desvelar e critica a absolutização do mercado feito por neoliberalismo. Podemos dizer que uma boa parte da esquerda cristã na América Latina foi influenciada por este tipo de pensamento na sua luta. (Em alguns casos, até ocorreu quase uma identificação do neoliberalismo com o próprio capitalismo.)
As ações dos governos dos países capitalistas mais ricos e o rumo que está tomando o debate econômico sobre a atual crise mostram que novos discursos legitimadores (pós-neoliberais) do capitalismo estão sendo ou serão construídos. Novas realidades e novas formas de legitimação das dominações e injustiças do capitalismo exigem de nós a reformulação do nosso discurso crítico e também das propostas e ações sociais concretas. Uma tarefa importante para aqueles/as comprometidos com o cristianismo de libertação e com as propostas originais da teologia da libertação.
Jung Mo Sung é pós-doutorado em Educação (2000), doutor em Ciências da Religião (1993) e autor de `Cristianismo de Libertação: espiritualidade e luta social`, Ed. Paulus).
Fonte: AEPET.
ANIMAIS - Cães podem "ler emoções" como humanos.
Cães apresentaram a tendência de olhar para o lado direito do rosto.
Cães domésticos podem ter a capacidade de avaliar as emoções humanas ao olhar para o rosto de uma pessoa da mesma forma que nós fazemos, de acordo com uma reportagem da revista New Scientist.
A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Lincoln, na Inglaterra, e publicado na revista acadêmica Animal Cognition.
Segundo a reportagem da New Scientist, quando olhamos para um rosto que vemos pela primeira vez, temos a tendência de olhar primeiro à esquerda, para o lado direito do rosto da pessoa.
Isso só acontece quando olhamos para o rosto humano, e não para outros objetos. A revista diz que não há ainda uma explicação definitiva para isso, mas uma teoria é que o lado direito do rosto expressa melhor as emoções humanas.
Agora, o estudo dos pesquisadores britânicos afirma que os cães também têm o mesmo comportamento.
Rosto invertido
A equipe mostrou a 17 cães imagens de faces humanas, de cães e de macacos e também objetos inanimados.
Ao filmar os movimentos dos olhos e das cabeças dos animais, a equipe descobriu que, quando olhavam para o rosto humano, os cães também direcionavam o olhar à esquerda, para o lado direito da face.
O mesmo comportamento não foi verificado quando os cães olhavam para as outras imagens.
Segundo a reportagem, os pesquisadores sugerem que, depois de milhares de gerações de associação com os homens, os cães podem ter desenvolvido o comportamento como uma forma de identificar as emoções humanas.
No entanto, quando os cães olharam para um rosto invertido, com a testa para baixo, os animais ainda assim olhavam à esquerda. Já os seres humanos abandonam o comportamento quando estão diante da imagem de um rosto invertido.
Segundo a reportagem da New Scientist, os pesquisadores afirmam que isso não descarta a teoria de que os cães estão lendo as emoções humanas.
A explicação estaria no fato de que o lado direito do cérebro do cachorro - que processa informação do campo visual esquerdo - está melhor adaptado para interpretar a face humana e que os animais não teriam como adaptar isso.
Mistério
Ainda segundo a reportagem da New Scientist, trabalhos complementares realizados pelos pesquisadores britânicos concluíram que a tendência de olhar à esquerda entre os cães é muito mais forte quando se deparam com um rosto aparentemente bravo do que com um neutro ou feliz.
Mas nem todos pesquisadores estão convencidos de que o novo estudo oferece provas suficientes de que os cachorros podem, de fato, "ler" as emoções humanas.
O especialista Adam Miklosi, da Universidade Eotvos Loránd, em Budapeste, na Hungria, diz que o trabalho é interessante, mas que ainda é um mistério como os cães "entendem" o rosto humano.
"Os cães podem ser capazes de reconhecer o rosto do dono, mas não há evidência de que podem reconhecer a emoção facial humana", disse Miklosi à New Scientist.
Fonte:BBC Brasil.
Cães domésticos podem ter a capacidade de avaliar as emoções humanas ao olhar para o rosto de uma pessoa da mesma forma que nós fazemos, de acordo com uma reportagem da revista New Scientist.
A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Lincoln, na Inglaterra, e publicado na revista acadêmica Animal Cognition.
Segundo a reportagem da New Scientist, quando olhamos para um rosto que vemos pela primeira vez, temos a tendência de olhar primeiro à esquerda, para o lado direito do rosto da pessoa.
Isso só acontece quando olhamos para o rosto humano, e não para outros objetos. A revista diz que não há ainda uma explicação definitiva para isso, mas uma teoria é que o lado direito do rosto expressa melhor as emoções humanas.
Agora, o estudo dos pesquisadores britânicos afirma que os cães também têm o mesmo comportamento.
Rosto invertido
A equipe mostrou a 17 cães imagens de faces humanas, de cães e de macacos e também objetos inanimados.
Ao filmar os movimentos dos olhos e das cabeças dos animais, a equipe descobriu que, quando olhavam para o rosto humano, os cães também direcionavam o olhar à esquerda, para o lado direito da face.
O mesmo comportamento não foi verificado quando os cães olhavam para as outras imagens.
Segundo a reportagem, os pesquisadores sugerem que, depois de milhares de gerações de associação com os homens, os cães podem ter desenvolvido o comportamento como uma forma de identificar as emoções humanas.
No entanto, quando os cães olharam para um rosto invertido, com a testa para baixo, os animais ainda assim olhavam à esquerda. Já os seres humanos abandonam o comportamento quando estão diante da imagem de um rosto invertido.
Segundo a reportagem da New Scientist, os pesquisadores afirmam que isso não descarta a teoria de que os cães estão lendo as emoções humanas.
A explicação estaria no fato de que o lado direito do cérebro do cachorro - que processa informação do campo visual esquerdo - está melhor adaptado para interpretar a face humana e que os animais não teriam como adaptar isso.
Mistério
Ainda segundo a reportagem da New Scientist, trabalhos complementares realizados pelos pesquisadores britânicos concluíram que a tendência de olhar à esquerda entre os cães é muito mais forte quando se deparam com um rosto aparentemente bravo do que com um neutro ou feliz.
Mas nem todos pesquisadores estão convencidos de que o novo estudo oferece provas suficientes de que os cachorros podem, de fato, "ler" as emoções humanas.
O especialista Adam Miklosi, da Universidade Eotvos Loránd, em Budapeste, na Hungria, diz que o trabalho é interessante, mas que ainda é um mistério como os cães "entendem" o rosto humano.
"Os cães podem ser capazes de reconhecer o rosto do dono, mas não há evidência de que podem reconhecer a emoção facial humana", disse Miklosi à New Scientist.
Fonte:BBC Brasil.
ARTIGO - Orgia especulativa.
Ao final do ano de 1929, a superaquecida Bolsa de Wall Street se desmoronou, arrastando consigo a economia mundial. Imensas fortunas se desfizeram da noite para o dia e as ruas das principais cidades do mundo se encontraram inundadas por milhões de desempregados. Como reação ao excesso de liberdade que havia conduzido ao `crack` da Bolsa, se iniciou uma nova era de regulações e controles.
Durante anos, a supervisão e regulamentação dos mercados financeiros foram a tônica dominante. Em 1º de maio de 1975 esta tendência começou a reverter-se. Nesta data se iniciou nos Estados Unidos um processo de desregulação paulatino. A aceleração que começou a ocorrer nas transações financeiras, sob este novo ambiente de abertura, chegou a inquietar a alguns investidores. Em 1978, o Prêmio Nobel de Economia, James Tobin, lançou um alerta contra um mecanismo de transações que, a seu juízo, estava adquirindo demasiada agilidade.
Para ele era necessário colocar um pouco de areia na engrenagem para mantê-la frenada. Propôs entre outras medidas, a criação de um imposto de 0,5% sobre transações financeiras, cada vez que os capitais cruzassem uma fronteira. Longe de seguir o seu conselho, o mercado bursátil norte-americano acelerou o seu processo de desregulamentação com a chegada de Ronald Reagan ao poder.
A Inglaterra de Margaret Tatcher, sempre disposta a seguir seus exemplos de liberalização econômica, iniciou a desregulação do seu mercado bursátil em 1986, o que foi denominado de `big bang` da Bolsa de Londres. Daí em diante este novo rumo começou generalizar-se e as transações financeiras adquiriram um extraordinário dinamismo. As principais bolsas do mundo, funcionando continuadamente as 24 horas do dia (umas abrindo enquanto outras fechavam ao redor do planeta), evidenciavam para o ano seguinte (1987) níveis de intercâmbio entre 150 e 300 bilhões de dólares, por dia.
Enquanto a euforia se apoderava dos mercados, a borbulha financeira ia se inflando cada vez mais. Bastava a ocorrência de uma má notícia para que todo o sistema cambaleasse e sentisse seus efeitos malévolos. Em outubro de 1987, as bolsas do mundo inteiro se encontravam ante uma situação de pânico. O déficit comercial norte-americano, muito maior do que o previsto e a alta das taxas de juros na Alemanha, bastaram para sacudir o mercado em suas bases.
Somente em um dia (19 outubro) o índice Dow-Jones perdeu 508 pontos. Um bilhão de dólares foram perdidos pelos Estados Unidos como resultado dessa crise. A invasão do Kuwait, pelo Iraque, em agosto de 1990, deu origem a uma segunda crise nos mercados, embora menos violenta do que a anterior. Entretanto, apesar dessas advertências, o mercado continuou crescendo e reaquecendo-se cada vez mais. Aproximadamente três trilhões de dólares se mobilizavam diariamente nos mercados bursáteis do mundo de hoje, ao amparo da moderna tecnologia de instantaneidade das comunicações e sob o ambiente de `laissez faire` imperante.
O volume de dinheiro que as bolsas manejam é simplesmente incomensurável... A revista Veja, em sua edição de 29 de março de 1995, chegou a afirmar que pelos mercados de ações do mundo circulam 32 trilhões de dólares o que, por sua própria magnitude, custa-se a crer e muito mais assimilar. A revista Business Week, edição de 12 de dezembro de 1994, em um instigante trabalho intitulado `A Nova Era do Dinheiro`, faz uma asseveração capaz de eriçar os pelos do mais frio analista: `a definição do dinheiro, como conceito, corre o risco de perder todo o significado`.
A razão desta afirmativa é muito simples: a combinação entre uma economia de papel e a proliferação de instrumentos de alta tecnologia, que permitem a mobilização quase instantânea de bilhões de dólares, estão conduzindo a níveis de abstração difíceis de serem manejados pela mente humana.
Um novo tipo de produto financeiro, os chamados `derivados`, torna-se particularmente perigoso em relação à advertência formulada pela revista Business Week. Combinando o raciocínio matemático e o sentido tradicional das apostas e contando com a ajuda de supercomputadores, se montam modelos de inversões `derivativas` cada vez mais complicados.
George Soros, um dos especuladores bursáteis mais ricos do mundo, assinalou o seguinte: `O crescimento explosivo de instrumentos derivativos traz grandes perigos. Eles são muitos e alguns deles tão exotéricos que os riscos envolvidos podem não ser adequadamente compreendidos, inclusive pelo mais sofisticado dos investidores`.
Os riscos que trazem os instrumentos derivativos não se fizeram esperar. A lista de perdas geradas através destes títulos nos últimos anos são impressionantes. O veterano investidor bursátil Michael Steinhardt perdeu aproximadamente um bilhão de dólares.
A companhia alemã Mettalgesellschaft perdeu, também, outro bilhão. O Bankers Trust fez seus clientes perderem - entre eles a Procter & Gamble - ao redor de quinhentos milhões. O financista David Askin e o Condado de Orange, na Califórnia, perderam cada um dois bilhões. George Soros, anteriormente citado, teve uma perda de seiscentos milhões. O Banco Barings acabou falindo após haver perdido mais de um bilhão de dólares.
Não é sem razão que numerosas vozes insistem em uma nova era de supervisão e regulação dos mercados financeiros. Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, se opôs taxativamente a esta possibilidade, aduzindo as virtudes do liberalismo econômico. Com um maior sentido comum, entretanto, um homem do meio econômico financeiro como George Soros tem insistido na imperiosa necessidade de supervisionar e regular. Segundo ele, `Os mercados financeiros são inerentemente instáveis e suscetíveis de quebra, salvo quando a estabilidade seja introduzida como um objetivo explícito de política governamental.`
O reconhecido economista e ex-primeiro ministro francês, Raymond Barre vinha freqüentemente alertando que se não nos utilizássemos dos instrumentos de regulação e controle, em nível mundial, brevemente enfrentaríamos um novo `crack`. E mais, tinha assinalado o seguinte: `Não podemos deixar o mundo em mãos de um bando de irresponsáveis de trinta anos que só pensam em fazer dinheiro`.
Diante deste curioso cenário, cabe-nos perguntar: Até quando poderá persistir a situação atual no que concerne aos mercados financeiros especulativos? Até quando a `orgia dos Yuppies` permanecerá sem controle neste mundo globalizado?
Manuel Cambeses Júnior, coronel-aviador, conferencista especial da ESG, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e vice-diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.
Publicado originalmente: Tribuna da Imprensa (27/10/08).
Fonte:AEPET.
Durante anos, a supervisão e regulamentação dos mercados financeiros foram a tônica dominante. Em 1º de maio de 1975 esta tendência começou a reverter-se. Nesta data se iniciou nos Estados Unidos um processo de desregulação paulatino. A aceleração que começou a ocorrer nas transações financeiras, sob este novo ambiente de abertura, chegou a inquietar a alguns investidores. Em 1978, o Prêmio Nobel de Economia, James Tobin, lançou um alerta contra um mecanismo de transações que, a seu juízo, estava adquirindo demasiada agilidade.
Para ele era necessário colocar um pouco de areia na engrenagem para mantê-la frenada. Propôs entre outras medidas, a criação de um imposto de 0,5% sobre transações financeiras, cada vez que os capitais cruzassem uma fronteira. Longe de seguir o seu conselho, o mercado bursátil norte-americano acelerou o seu processo de desregulamentação com a chegada de Ronald Reagan ao poder.
A Inglaterra de Margaret Tatcher, sempre disposta a seguir seus exemplos de liberalização econômica, iniciou a desregulação do seu mercado bursátil em 1986, o que foi denominado de `big bang` da Bolsa de Londres. Daí em diante este novo rumo começou generalizar-se e as transações financeiras adquiriram um extraordinário dinamismo. As principais bolsas do mundo, funcionando continuadamente as 24 horas do dia (umas abrindo enquanto outras fechavam ao redor do planeta), evidenciavam para o ano seguinte (1987) níveis de intercâmbio entre 150 e 300 bilhões de dólares, por dia.
Enquanto a euforia se apoderava dos mercados, a borbulha financeira ia se inflando cada vez mais. Bastava a ocorrência de uma má notícia para que todo o sistema cambaleasse e sentisse seus efeitos malévolos. Em outubro de 1987, as bolsas do mundo inteiro se encontravam ante uma situação de pânico. O déficit comercial norte-americano, muito maior do que o previsto e a alta das taxas de juros na Alemanha, bastaram para sacudir o mercado em suas bases.
Somente em um dia (19 outubro) o índice Dow-Jones perdeu 508 pontos. Um bilhão de dólares foram perdidos pelos Estados Unidos como resultado dessa crise. A invasão do Kuwait, pelo Iraque, em agosto de 1990, deu origem a uma segunda crise nos mercados, embora menos violenta do que a anterior. Entretanto, apesar dessas advertências, o mercado continuou crescendo e reaquecendo-se cada vez mais. Aproximadamente três trilhões de dólares se mobilizavam diariamente nos mercados bursáteis do mundo de hoje, ao amparo da moderna tecnologia de instantaneidade das comunicações e sob o ambiente de `laissez faire` imperante.
O volume de dinheiro que as bolsas manejam é simplesmente incomensurável... A revista Veja, em sua edição de 29 de março de 1995, chegou a afirmar que pelos mercados de ações do mundo circulam 32 trilhões de dólares o que, por sua própria magnitude, custa-se a crer e muito mais assimilar. A revista Business Week, edição de 12 de dezembro de 1994, em um instigante trabalho intitulado `A Nova Era do Dinheiro`, faz uma asseveração capaz de eriçar os pelos do mais frio analista: `a definição do dinheiro, como conceito, corre o risco de perder todo o significado`.
A razão desta afirmativa é muito simples: a combinação entre uma economia de papel e a proliferação de instrumentos de alta tecnologia, que permitem a mobilização quase instantânea de bilhões de dólares, estão conduzindo a níveis de abstração difíceis de serem manejados pela mente humana.
Um novo tipo de produto financeiro, os chamados `derivados`, torna-se particularmente perigoso em relação à advertência formulada pela revista Business Week. Combinando o raciocínio matemático e o sentido tradicional das apostas e contando com a ajuda de supercomputadores, se montam modelos de inversões `derivativas` cada vez mais complicados.
George Soros, um dos especuladores bursáteis mais ricos do mundo, assinalou o seguinte: `O crescimento explosivo de instrumentos derivativos traz grandes perigos. Eles são muitos e alguns deles tão exotéricos que os riscos envolvidos podem não ser adequadamente compreendidos, inclusive pelo mais sofisticado dos investidores`.
Os riscos que trazem os instrumentos derivativos não se fizeram esperar. A lista de perdas geradas através destes títulos nos últimos anos são impressionantes. O veterano investidor bursátil Michael Steinhardt perdeu aproximadamente um bilhão de dólares.
A companhia alemã Mettalgesellschaft perdeu, também, outro bilhão. O Bankers Trust fez seus clientes perderem - entre eles a Procter & Gamble - ao redor de quinhentos milhões. O financista David Askin e o Condado de Orange, na Califórnia, perderam cada um dois bilhões. George Soros, anteriormente citado, teve uma perda de seiscentos milhões. O Banco Barings acabou falindo após haver perdido mais de um bilhão de dólares.
Não é sem razão que numerosas vozes insistem em uma nova era de supervisão e regulação dos mercados financeiros. Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, se opôs taxativamente a esta possibilidade, aduzindo as virtudes do liberalismo econômico. Com um maior sentido comum, entretanto, um homem do meio econômico financeiro como George Soros tem insistido na imperiosa necessidade de supervisionar e regular. Segundo ele, `Os mercados financeiros são inerentemente instáveis e suscetíveis de quebra, salvo quando a estabilidade seja introduzida como um objetivo explícito de política governamental.`
O reconhecido economista e ex-primeiro ministro francês, Raymond Barre vinha freqüentemente alertando que se não nos utilizássemos dos instrumentos de regulação e controle, em nível mundial, brevemente enfrentaríamos um novo `crack`. E mais, tinha assinalado o seguinte: `Não podemos deixar o mundo em mãos de um bando de irresponsáveis de trinta anos que só pensam em fazer dinheiro`.
Diante deste curioso cenário, cabe-nos perguntar: Até quando poderá persistir a situação atual no que concerne aos mercados financeiros especulativos? Até quando a `orgia dos Yuppies` permanecerá sem controle neste mundo globalizado?
Manuel Cambeses Júnior, coronel-aviador, conferencista especial da ESG, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e vice-diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica.
Publicado originalmente: Tribuna da Imprensa (27/10/08).
Fonte:AEPET.
DICAS - Desinfetando frutas e vegetais.
Frutas e hortaliças são saudáveis e devem fazer parte de nossa
alimentação diária. O problema é que muitas vezes elas vem
contaminadas por bactérias e ovos ou larvas de vermes. Lavá-las
somente com água não resolve a questão. Uma maneira simples e rápida
é o uso de vinagre branco e água oxigenada a 10 volumes. Você precisa
também de dois recipientes com bico spray ou borrifador.
Para limpar seus vegetais e frutas borrife com o vinagre, em seguida
com a água oxigenada. Pode também ser feito na ordem inversa,
primeiro a água oxigenada seguida pelo vinagre, o resultado é o
mesmo. Depois é só enxaguar e consumir sem medo. Não há necessidade
de esperar nem um minuto, o processo de desinfecção é imediato e
eficiente.
Esta fórmula serve também para desinfetar tábuas de corte, pias,
balcões e geladeiras. O borrifo de vinagre (ácido acético) e água
oxigenada (peróxido de hidrogênio) é efetivo contra Salmonela,
Shigella e E.Coli, bactérias responsáveis pela maior parte das
contaminações alimentares, podendo levar a quadros de cólica
abdominal intensa, febre, diarréia e até desidratação. A Salmonela é
mais comum em carne de frango crua e ovos, a E.Coli deriva de
contaminação dos alimentos por fezes (os coliformes fecais), e a
Shigella também é transmitida por contaminação fecal.
Sempre que cortar carne ou frango crus em tábua de corte é importante
proceder à desinfecção. Simples e rápido. Para economizar procure
comprar a água oxigenada em recipientes de 1 litro, vendidos em
farmácias especializadas em material médico. O vinagre branco deve
ser o mais barato do supermercado, pois é mais ácido e mais efetivo
para o nosso propósito. É uma forma barata e eficaz de se proteger
contra agentes patogênicos.
Fonte: site GNT / alternativa saúde.
alimentação diária. O problema é que muitas vezes elas vem
contaminadas por bactérias e ovos ou larvas de vermes. Lavá-las
somente com água não resolve a questão. Uma maneira simples e rápida
é o uso de vinagre branco e água oxigenada a 10 volumes. Você precisa
também de dois recipientes com bico spray ou borrifador.
Para limpar seus vegetais e frutas borrife com o vinagre, em seguida
com a água oxigenada. Pode também ser feito na ordem inversa,
primeiro a água oxigenada seguida pelo vinagre, o resultado é o
mesmo. Depois é só enxaguar e consumir sem medo. Não há necessidade
de esperar nem um minuto, o processo de desinfecção é imediato e
eficiente.
Esta fórmula serve também para desinfetar tábuas de corte, pias,
balcões e geladeiras. O borrifo de vinagre (ácido acético) e água
oxigenada (peróxido de hidrogênio) é efetivo contra Salmonela,
Shigella e E.Coli, bactérias responsáveis pela maior parte das
contaminações alimentares, podendo levar a quadros de cólica
abdominal intensa, febre, diarréia e até desidratação. A Salmonela é
mais comum em carne de frango crua e ovos, a E.Coli deriva de
contaminação dos alimentos por fezes (os coliformes fecais), e a
Shigella também é transmitida por contaminação fecal.
Sempre que cortar carne ou frango crus em tábua de corte é importante
proceder à desinfecção. Simples e rápido. Para economizar procure
comprar a água oxigenada em recipientes de 1 litro, vendidos em
farmácias especializadas em material médico. O vinagre branco deve
ser o mais barato do supermercado, pois é mais ácido e mais efetivo
para o nosso propósito. É uma forma barata e eficaz de se proteger
contra agentes patogênicos.
Fonte: site GNT / alternativa saúde.
NOS BASTIDORES DA MÍDIA
Luiz Domingos de Luna
Penso que a mídia brasileira vem crescendo de forma positiva, ágil, versátil, informatizada; seu poder de informação é amplo, irrestrito, sem fronteiras; os noticiosos são bem aprimorados, toda uma programação que de fato e de direito se posiciona muito bem num Estado Democrático de Direito cumprindo a sua função primeira que é informar a sociedade, mantê-la sempre vigilante e atuante no processo continuo de aprimoramento dos seres humanos no espaço social. Sempre uma luz a pairar no presente, problematizado o nascedouro do futuro e abrindo novas facetas para novas problematizações.
Esta força desenvolvimentista é um imperativo para o crescer harmonicamente em sociedade, e de maior valia para a unidade social Brasileira. Porém, com este processo acelerativo do momento presente, onde novas ferramentas são diariamente oferecidas e que tudo deve ser atualizado, pois a informática é um dos setores que está sendo privilegiada, por aprimoramento de instrumentos que agilizam todo o processo como um todo, o que é uma forma de aprimoramento contínuo, facilitando a vida de todos os cidadãos brasileiros, talvez pela versatilidade da informática, alguns setores que formam a base da estrutura da liga social vem de certa forma, ainda que talvez sem querer, o por não ter a dimensão de seu poder, esquecendo ou não priorizando para o momento e que de certa forma vem causado uma falta para a sociedade, pois, se não Vejamos: Todos os demais paises têm um grande orgulho em mostrar para o mundo seus grandes escritores, poetas, contistas e principalmente os agentes culturais do país. Os Fomentadores da cultura sejam: regional ou nacional.
Os grandes Veículos de comunicação do Brasil durante o século XIX e até meados do século XX traziam em seu bojo, romance, contos, referencial dos grandes vultos da literatura nacional e a poesia sempre presente.
Creio que a juventude precisa ser oportunizada para leituras de poesias, incentivadas para a leitura dos clássicos nacionais e o fomento as manifestações artísticas e culturais de uma região, do país. A iniciativa de projetar para os jovens esta vontade de focar o gosto pela cultura arte e literatura {…} iria com certeza facilitar o trabalho dos educadores em sala de aula, o relacionamento familiar, empresarial e um fluir de uma nova betumação social com certeza iria nascer, onde todos seriam beneficiados, e a sociedade à luz do por vir sempre na esperança, na fé e no pulsar de um novo horizonte, visto a estrutura está alicerçada nas bases culturais que foram responsáveis pelo processo civilizatório da humanidade.
Fonte: Blog Coluna do Domingos.
Penso que a mídia brasileira vem crescendo de forma positiva, ágil, versátil, informatizada; seu poder de informação é amplo, irrestrito, sem fronteiras; os noticiosos são bem aprimorados, toda uma programação que de fato e de direito se posiciona muito bem num Estado Democrático de Direito cumprindo a sua função primeira que é informar a sociedade, mantê-la sempre vigilante e atuante no processo continuo de aprimoramento dos seres humanos no espaço social. Sempre uma luz a pairar no presente, problematizado o nascedouro do futuro e abrindo novas facetas para novas problematizações.
Esta força desenvolvimentista é um imperativo para o crescer harmonicamente em sociedade, e de maior valia para a unidade social Brasileira. Porém, com este processo acelerativo do momento presente, onde novas ferramentas são diariamente oferecidas e que tudo deve ser atualizado, pois a informática é um dos setores que está sendo privilegiada, por aprimoramento de instrumentos que agilizam todo o processo como um todo, o que é uma forma de aprimoramento contínuo, facilitando a vida de todos os cidadãos brasileiros, talvez pela versatilidade da informática, alguns setores que formam a base da estrutura da liga social vem de certa forma, ainda que talvez sem querer, o por não ter a dimensão de seu poder, esquecendo ou não priorizando para o momento e que de certa forma vem causado uma falta para a sociedade, pois, se não Vejamos: Todos os demais paises têm um grande orgulho em mostrar para o mundo seus grandes escritores, poetas, contistas e principalmente os agentes culturais do país. Os Fomentadores da cultura sejam: regional ou nacional.
Os grandes Veículos de comunicação do Brasil durante o século XIX e até meados do século XX traziam em seu bojo, romance, contos, referencial dos grandes vultos da literatura nacional e a poesia sempre presente.
Creio que a juventude precisa ser oportunizada para leituras de poesias, incentivadas para a leitura dos clássicos nacionais e o fomento as manifestações artísticas e culturais de uma região, do país. A iniciativa de projetar para os jovens esta vontade de focar o gosto pela cultura arte e literatura {…} iria com certeza facilitar o trabalho dos educadores em sala de aula, o relacionamento familiar, empresarial e um fluir de uma nova betumação social com certeza iria nascer, onde todos seriam beneficiados, e a sociedade à luz do por vir sempre na esperança, na fé e no pulsar de um novo horizonte, visto a estrutura está alicerçada nas bases culturais que foram responsáveis pelo processo civilizatório da humanidade.
Fonte: Blog Coluna do Domingos.
A DERROTA DO "ESTADO MÍNIMO".
Luiz Carlos Azenha
Nas últimas horas o senador John McCain foi informado, por assessores, de que sua vitória em Indiana não está assegurada. O estado foi um sólido bastião republicano durante a era Bush.
Faltando cinco dias para as eleições nos Estados Unidos, McCain só conseguirá se eleger se vencer não só em Indiana, mas na Flórida, Ohio, Virgínia, Carolina do Norte, Missouri e na Pensilvânia. A campanha eleitoral está concentrada nestes sete estados. Nas pesquisas, McCain só está na frente em Missouri e Indiana -- e por pequena margem.
A campanha democrata gastou mais de 5 milhões de dólares ontem à noite para colocar no ar um programa de meia hora de duração nas principais emissoras dos Estados Unidos.
Além disso, Barack Obama lançou mão de artilharia pesada em comícios na Pensilvânia e Flórida, contando com a presença do ex-presidente Bill Clinton.
Clinton é essencial para atrair eleitores que tem resistido ao apelo de Obama: homens de classe média baixa. O ex-presidente tem um argumento poderoso: no governo dele os Estados Unidos viveram oito anos de expansão econômica.
Em seu discurso-padrão, Clinton tem lembrado os eleitores que nos últimos oito anos 90% de todos os ganhos da economia americana ficaram com os 10% mais ricos. O ex-presidente diz que a sociedade americana sempre foi construída "de baixo para cima" e acusa o governo Bush de ter invertido a pirâmide, transferindo renda de baixo para cima.
Bill Clinton é craque em campanha. Vai direto ao assunto. Diz que o sistema de saúde dos Estados Unidos é "uma desgraça" e dá os números: 1 de cada 8 pacientes de câncer não pode pagar pelos remédios necessários ao tratamento e o país caiu para a vigésima nona posição no ranking mundial da mortalidade infantil.
O mote da campanha de McCain passou a ser a acusação de que, eleito, Barack Obama vai aumentar os impostos. Porém, a mensagem já não encontra a ressonância que teve no passado. Obama está avançando na classe média por conta de sua promessa de só aumentar os impostos dos mais ricos e de dar ajuda federal especialmente na saúde e educação.
Insegura, a classe média já não aposta no "estado mínimo", cujas supostas vantagens embalaram os triunfos eleitorais de Ronald Reagan e George W. Bush.
Fonte: Revista Carta Capital.
Nas últimas horas o senador John McCain foi informado, por assessores, de que sua vitória em Indiana não está assegurada. O estado foi um sólido bastião republicano durante a era Bush.
Faltando cinco dias para as eleições nos Estados Unidos, McCain só conseguirá se eleger se vencer não só em Indiana, mas na Flórida, Ohio, Virgínia, Carolina do Norte, Missouri e na Pensilvânia. A campanha eleitoral está concentrada nestes sete estados. Nas pesquisas, McCain só está na frente em Missouri e Indiana -- e por pequena margem.
A campanha democrata gastou mais de 5 milhões de dólares ontem à noite para colocar no ar um programa de meia hora de duração nas principais emissoras dos Estados Unidos.
Além disso, Barack Obama lançou mão de artilharia pesada em comícios na Pensilvânia e Flórida, contando com a presença do ex-presidente Bill Clinton.
Clinton é essencial para atrair eleitores que tem resistido ao apelo de Obama: homens de classe média baixa. O ex-presidente tem um argumento poderoso: no governo dele os Estados Unidos viveram oito anos de expansão econômica.
Em seu discurso-padrão, Clinton tem lembrado os eleitores que nos últimos oito anos 90% de todos os ganhos da economia americana ficaram com os 10% mais ricos. O ex-presidente diz que a sociedade americana sempre foi construída "de baixo para cima" e acusa o governo Bush de ter invertido a pirâmide, transferindo renda de baixo para cima.
Bill Clinton é craque em campanha. Vai direto ao assunto. Diz que o sistema de saúde dos Estados Unidos é "uma desgraça" e dá os números: 1 de cada 8 pacientes de câncer não pode pagar pelos remédios necessários ao tratamento e o país caiu para a vigésima nona posição no ranking mundial da mortalidade infantil.
O mote da campanha de McCain passou a ser a acusação de que, eleito, Barack Obama vai aumentar os impostos. Porém, a mensagem já não encontra a ressonância que teve no passado. Obama está avançando na classe média por conta de sua promessa de só aumentar os impostos dos mais ricos e de dar ajuda federal especialmente na saúde e educação.
Insegura, a classe média já não aposta no "estado mínimo", cujas supostas vantagens embalaram os triunfos eleitorais de Ronald Reagan e George W. Bush.
Fonte: Revista Carta Capital.
À QUEM SERVIU O ÓDIO DA ESQUERDA?
Faltou a pergunta principal: a quem serviu o ódio aos "liberais" e aos "esquerdistas", que esteve no centro do discurso disseminado pelos neocons em revistas, seminários, palestras, livros, na internet, no rádio e na televisão?
A quem servem Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, Ali Kamel e essa turma no Brasil? Trata-se apenas do bom combate ideológico?
Siga o dinheiro, é o que sugiro. Nos Estados Unidos os institutos que deram empregos e bolsas de estudos aos neocons foram financiados pelos capitães da indústria, que também financiaram revistas como a Weekly Standart e outras através de publicidade.
Alguns dos neocons atingiram um status financeiro notável, não só por conta de seu trabalho intelectual, mas em atividades na iniciativa privada, especialmente na área de consultoria.
Quais as idéias que eles promoveram?
-- Uma política externa ativista dos Estados Unidos, com o uso do poderio militar sempre que necessário.
Beneficiados: os fabricantes de armas.
-- Ataques aos sindicatos como corruptos ou símbolos do atraso.
Beneficiados: empresas que combateram e combatem a sindicalização -- Wal Mart, por exemplo -- como forma de "flexibilizar" o uso de mão-de-obra, cortar salários e benefícios.
-- Ataques ao funcionalismo público como "ineficiente" e custoso para a sociedade.
Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária na versão implantada por George W. Bush.
-- Ataques aos programas sociais do governo, como o "welfare", que dá ajuda a famílias de baixa renda.
Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária das empresas.
-- Ataques a um sistema nacional de saúde como "socializante".
Beneficiados: indústria farmacêutica e empresas de seguros de saúde privados.
-- Ataques ao Social Security, a previdência social dos Estados Unidos, com pedidos de privatização.
Beneficiados: empresas de previdência privada, como as que administram os planos 401(k), em que as aposentadorias rendem de acordo com as ações na bolsa de Valores de Nova York; através do pagamento de taxas e comissões esse sistema transferiu bilhões de dólares dos trabalhadores para as corretoras de Wall Street.
-- Ataques generalizados ao "governo que pesa nas costas do trabalhador" e pregação do "estado mínimo"
Beneficiados: as empresas que tiveram sua carga tributária reduzida; também tiveram os custos reduzidos por conta da desregulamentação do sistema financeiro; da perda de poder das agências fiscalizadoras do governo, dentre as quais a Food and Drug Administration (FDA), encarregada de alimentos e remédios; a FCC (Federal Communications Comission), que zelava por evitar a formação de monopólios da mídia; a EPA (Environment Protection Agency), encarregada de zelar pelo meio ambiente.
-- Ataques ao feminismo e a todos os movimentos sociais organizados.
Beneficiados: os empregadores, com a desmobilização dos grupos de pressão que defendiam direitos.
De acordo com o ex-presidente Bill Clinton, nos últimos oito anos 90% de toda riqueza gerada na economia americana beneficiou aos 10% mais ricos. Agora vocês entendem a quem serviram os neocons?
Fonte: Blog Vi o Mundo.
A quem servem Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, Ali Kamel e essa turma no Brasil? Trata-se apenas do bom combate ideológico?
Siga o dinheiro, é o que sugiro. Nos Estados Unidos os institutos que deram empregos e bolsas de estudos aos neocons foram financiados pelos capitães da indústria, que também financiaram revistas como a Weekly Standart e outras através de publicidade.
Alguns dos neocons atingiram um status financeiro notável, não só por conta de seu trabalho intelectual, mas em atividades na iniciativa privada, especialmente na área de consultoria.
Quais as idéias que eles promoveram?
-- Uma política externa ativista dos Estados Unidos, com o uso do poderio militar sempre que necessário.
Beneficiados: os fabricantes de armas.
-- Ataques aos sindicatos como corruptos ou símbolos do atraso.
Beneficiados: empresas que combateram e combatem a sindicalização -- Wal Mart, por exemplo -- como forma de "flexibilizar" o uso de mão-de-obra, cortar salários e benefícios.
-- Ataques ao funcionalismo público como "ineficiente" e custoso para a sociedade.
Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária na versão implantada por George W. Bush.
-- Ataques aos programas sociais do governo, como o "welfare", que dá ajuda a famílias de baixa renda.
Beneficiados: todos aqueles que defendiam a redução da carga tributária das empresas.
-- Ataques a um sistema nacional de saúde como "socializante".
Beneficiados: indústria farmacêutica e empresas de seguros de saúde privados.
-- Ataques ao Social Security, a previdência social dos Estados Unidos, com pedidos de privatização.
Beneficiados: empresas de previdência privada, como as que administram os planos 401(k), em que as aposentadorias rendem de acordo com as ações na bolsa de Valores de Nova York; através do pagamento de taxas e comissões esse sistema transferiu bilhões de dólares dos trabalhadores para as corretoras de Wall Street.
-- Ataques generalizados ao "governo que pesa nas costas do trabalhador" e pregação do "estado mínimo"
Beneficiados: as empresas que tiveram sua carga tributária reduzida; também tiveram os custos reduzidos por conta da desregulamentação do sistema financeiro; da perda de poder das agências fiscalizadoras do governo, dentre as quais a Food and Drug Administration (FDA), encarregada de alimentos e remédios; a FCC (Federal Communications Comission), que zelava por evitar a formação de monopólios da mídia; a EPA (Environment Protection Agency), encarregada de zelar pelo meio ambiente.
-- Ataques ao feminismo e a todos os movimentos sociais organizados.
Beneficiados: os empregadores, com a desmobilização dos grupos de pressão que defendiam direitos.
De acordo com o ex-presidente Bill Clinton, nos últimos oito anos 90% de toda riqueza gerada na economia americana beneficiou aos 10% mais ricos. Agora vocês entendem a quem serviram os neocons?
Fonte: Blog Vi o Mundo.
CÚPULA ÍBERO-AMERICANA 2008.
Críticas ao neoliberalismo marcam abertura da Cúpula
Está aberta a Cúpula. Os chefes de estado e governo dos países ibero-americanos, ou seus representantes, foram recebidos por milhares de alunos e alunas que trajavam uniformes brancos e azuis - as cores do país anfitrião – e portaram as bandeiras dos 22 países participantes. A cerimônia começou às 18h30 (horário local), logo após a chegada da rainha Sofia, da Espanha.
O discurso mais aplaudido da noite foi o de Michelle Bachelet.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
O Rei Juan Carlos (Espanha) e Michelle Bachelet (Chile)
“O que há por trás de uma crise financeira é o esgotamento de uma aplicação dogmática de um modelo baseado na desregulamentação e no abandono do que é público”, disse a presidente do Chile.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
Martín Torrijos (Panamá) e Alan García (Peru)
“O esgotamento de um modelo que sobrepõe o interesse individual sobre o interesse da sociedade”
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
Felipe Calderón (México), Álvaro Colom (Guatemala) e Óscar Arias (Costa Rica)
“(o esgotamento do) modelo daqueles que não acreditam no papel regulador do Estado para garantir o interesse geral e promover a igualdade”.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
O uruguaio Enrique Iglesias (secretário-geral ibero-americano) e José Luís Zapatero (Espanha)
Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, mandou uma mensagem de vídeo felicitando os sete países que já ratificaram a Convenção Ibero-Americana dos Direitos da Juventude, de 2005 (Bolívia, Costa Rica, Equador, Espanha, Honduras, República Dominicana e Uruguai). “Este é um instrumento sem precedentes a nível mundial”, disse Ban Ki-Moon. “Espero que esta cúpula sirva de incentivo aos países que ainda não ratificaram”.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
Depois dos discursos, houve um show musical, iniciado pela Orquestra Sinfônica Juvenil. Quando subiu ao palco o cantor mexicano Alejandro Fernández, o anfiteatro estalou com gritos entusiasmados das jovens salvadorenhas. Fernández cantou “El Carbonero” e “Granada”. Ainda quebrou o protocolo, indo abraçar a rainha Sofia.
Gerhard Dilger/Especial para Terra Magazine
O cantor Alejandro Fernández, que revelou ter almoçado na casa do presidente salvadorenho, Elías Antonio Saca
Ao mesmo tempo, Evo Morales chegou a El Salvador. “O capitalismo não é a melhor forma para levar adiante o país, e os países podem trocar de modelo”, declarou o presidente boliviano.
Ao ser questionado sobre a ingerência da Bolívia e da Venezuela (do presidente Hugo Chávez) na política salvadorenha, respondeu: “Cada passo que damos, cada palavra que expressamos é política. Somos políticos, e se tiver que haver ajuda a algum partido, algum movimento revolucionário, estamos aqui para ajudá-los, com sinceridade, porque trata-se de fazer transformações profundas, não apenas em nossos países, senão que em todo o continente”.
Horas antes, alguns dos meios de El Salvador tinham insistido que o presidente venezuelano chegaria de última hora, citando “fontes da organização”.
Fonte:Terra Magazine.
Está aberta a Cúpula. Os chefes de estado e governo dos países ibero-americanos, ou seus representantes, foram recebidos por milhares de alunos e alunas que trajavam uniformes brancos e azuis - as cores do país anfitrião – e portaram as bandeiras dos 22 países participantes. A cerimônia começou às 18h30 (horário local), logo após a chegada da rainha Sofia, da Espanha.
O discurso mais aplaudido da noite foi o de Michelle Bachelet.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
O Rei Juan Carlos (Espanha) e Michelle Bachelet (Chile)
“O que há por trás de uma crise financeira é o esgotamento de uma aplicação dogmática de um modelo baseado na desregulamentação e no abandono do que é público”, disse a presidente do Chile.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
Martín Torrijos (Panamá) e Alan García (Peru)
“O esgotamento de um modelo que sobrepõe o interesse individual sobre o interesse da sociedade”
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
Felipe Calderón (México), Álvaro Colom (Guatemala) e Óscar Arias (Costa Rica)
“(o esgotamento do) modelo daqueles que não acreditam no papel regulador do Estado para garantir o interesse geral e promover a igualdade”.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
O uruguaio Enrique Iglesias (secretário-geral ibero-americano) e José Luís Zapatero (Espanha)
Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, mandou uma mensagem de vídeo felicitando os sete países que já ratificaram a Convenção Ibero-Americana dos Direitos da Juventude, de 2005 (Bolívia, Costa Rica, Equador, Espanha, Honduras, República Dominicana e Uruguai). “Este é um instrumento sem precedentes a nível mundial”, disse Ban Ki-Moon. “Espero que esta cúpula sirva de incentivo aos países que ainda não ratificaram”.
Gerahrd Dilger/Especial para Terra Magazine
Depois dos discursos, houve um show musical, iniciado pela Orquestra Sinfônica Juvenil. Quando subiu ao palco o cantor mexicano Alejandro Fernández, o anfiteatro estalou com gritos entusiasmados das jovens salvadorenhas. Fernández cantou “El Carbonero” e “Granada”. Ainda quebrou o protocolo, indo abraçar a rainha Sofia.
Gerhard Dilger/Especial para Terra Magazine
O cantor Alejandro Fernández, que revelou ter almoçado na casa do presidente salvadorenho, Elías Antonio Saca
Ao mesmo tempo, Evo Morales chegou a El Salvador. “O capitalismo não é a melhor forma para levar adiante o país, e os países podem trocar de modelo”, declarou o presidente boliviano.
Ao ser questionado sobre a ingerência da Bolívia e da Venezuela (do presidente Hugo Chávez) na política salvadorenha, respondeu: “Cada passo que damos, cada palavra que expressamos é política. Somos políticos, e se tiver que haver ajuda a algum partido, algum movimento revolucionário, estamos aqui para ajudá-los, com sinceridade, porque trata-se de fazer transformações profundas, não apenas em nossos países, senão que em todo o continente”.
Horas antes, alguns dos meios de El Salvador tinham insistido que o presidente venezuelano chegaria de última hora, citando “fontes da organização”.
Fonte:Terra Magazine.
PREVIDÊNCIA - Organizações sociais protestam no Chile.
E ainda tem gente que acha que o Brasil deveria copiar o modelo chileno.
Organizações sociais chilenas convocam para uma manifestação contra o saque de seus fundos de pensão, que chamam sistema Morte em Vida. O protesto será realizado nessa quinta-feira, entre 12h e 12h30, em frente ao Ministério do Trabalho. Durante a mobilização, os afiliados do sistema de capitalização individual (AFP) vão realizar uma performance criticando o sistema.
Em todas as quintas-feiras, há manifestações contra o saque de seus fundos de pensão. Segundo as organizações, mais de três bilhões de dólares foram "perdidos" pelo atual sistema de capitalização individual garantido pelas autoridades.
Além disso, ressaltam que o sistema foi criado em plena ditadura e que não houve nenhuma intenção de modifica-lo ou abrir as possibilidades de afiliação ao sistema público, que apesar de tudo, está vigente graças àqueles que resistiram a pressões. Ameaças e à propaganda enganosa e se mantiveram nas caixas de previdência.
"Tanto é assim que, diante das falências, ditou-se uma lei denominada de ‘reforma previdenciária’, que estendeu as pensões assistenciais a uma maior quantidade de gente e também aumentou seu montante que permite financiar, por exemplo, dois quilos de pão diariamente", afirmam.
Fonte: ADITAL.
Organizações sociais chilenas convocam para uma manifestação contra o saque de seus fundos de pensão, que chamam sistema Morte em Vida. O protesto será realizado nessa quinta-feira, entre 12h e 12h30, em frente ao Ministério do Trabalho. Durante a mobilização, os afiliados do sistema de capitalização individual (AFP) vão realizar uma performance criticando o sistema.
Em todas as quintas-feiras, há manifestações contra o saque de seus fundos de pensão. Segundo as organizações, mais de três bilhões de dólares foram "perdidos" pelo atual sistema de capitalização individual garantido pelas autoridades.
Além disso, ressaltam que o sistema foi criado em plena ditadura e que não houve nenhuma intenção de modifica-lo ou abrir as possibilidades de afiliação ao sistema público, que apesar de tudo, está vigente graças àqueles que resistiram a pressões. Ameaças e à propaganda enganosa e se mantiveram nas caixas de previdência.
"Tanto é assim que, diante das falências, ditou-se uma lei denominada de ‘reforma previdenciária’, que estendeu as pensões assistenciais a uma maior quantidade de gente e também aumentou seu montante que permite financiar, por exemplo, dois quilos de pão diariamente", afirmam.
Fonte: ADITAL.
CUBA - Embargo, crise e reformas.
Mair Pena Neto.
Pelo décimo-sétimo ano consecutivo, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou resolução pelo fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, que já dura 46 anos. A decisão tem um caráter de denúncia do unilateralismo e intolerância dos EUA, já que não é respeitada pelo país, que mantém e muitas vezes aprimora o condenado bloqueio.
A novidade da mais recente votação foi a mudança do placar. Agora são 185 países favoráveis ao fim do bloqueio e três contrários. Votaram contra a resolução da ONU os Estados Unidos, Israel, que deve sua sobrevivência ao país de Bush, e Palau, uma microscópica ilha na Micronésia, totalmente dependente dos EUA. Até as Ilhas Marshall, que ano passado acompanharam os EUA, agora se abstiveram, junto a Micronésia, onde ficam Palau e Marshall..
“O bloqueio é mais velho que o senhor Barack Obama e que toda a minha geração”, disse o chanceler cubano Felipe Pérez Roque, referindo-se ao candidato democrata à presidência dos EUA, que na verdade é um ano mais velho que o bloqueio. Mas a imagem do chanceler cubano é perfeita. O bloqueio caducou, é anacrônico aos tempos atuais e poderia ter seu fim na simbólica troca de poder que se anuncia nos EUA.
Ainda segundo o chanceler de Cuba, “sete em cada dez cubanos passaram a vida sob esta política irracional e inútil”, que foi incapaz de mudar o regime da ilha e só trouxe sofrimento ao povo cubano.
Apesar de sua importância, a decisão da ONU é também reveladora das limitações do organismo em tratar de questões internacionais e da necessidade urgente de sua reforma. Há 15 anos, quase o mesmo tempo em que condena o bloqueio americano a Cuba, a ONU discute a reforma de seu Conselho de Segurança. A instância deixou de ser representativa da composição de influência do mundo atual e ainda embute o poder de veto de cinco países (EUA, Rússia, Grã Bretanha, França e China), o que muitas vezes transforma suas resoluções em encenação. Se um desses países não quiser brincar, nada feito.
Dominada pelos países mais poderosos, a ONU não se dedicou a promover um desenvolvimento menos desigual no mundo e testemunhou, impotente, a acumulação dos que já tinham mais. A crise financeira atual se desenvolveu sob a falta de solidariedade e de valores éticos atropelando os Estados, a quem a sociedade confere o poder de zelar pela justiça, em todos os seus sentidos.
Agora que o mundo parece em frangalhos, depois de ter desmontado suas redes de proteção social e deixado o capital se reproduzir sobre bases falsas, todos falam na necessidade de uma solução global. Seria mesmo uma boa hora para a criação de uma nova ordem mundial, mudando a composição das instituições internacionais, como a ONU, FMI, OMC e todos os fóruns que interferem na vida econômica, política e social dos países. Resta saber se há mesmo disposição e vontade para tanto.
Fonte:Direto da Redação.
Pelo décimo-sétimo ano consecutivo, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou resolução pelo fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, que já dura 46 anos. A decisão tem um caráter de denúncia do unilateralismo e intolerância dos EUA, já que não é respeitada pelo país, que mantém e muitas vezes aprimora o condenado bloqueio.
A novidade da mais recente votação foi a mudança do placar. Agora são 185 países favoráveis ao fim do bloqueio e três contrários. Votaram contra a resolução da ONU os Estados Unidos, Israel, que deve sua sobrevivência ao país de Bush, e Palau, uma microscópica ilha na Micronésia, totalmente dependente dos EUA. Até as Ilhas Marshall, que ano passado acompanharam os EUA, agora se abstiveram, junto a Micronésia, onde ficam Palau e Marshall..
“O bloqueio é mais velho que o senhor Barack Obama e que toda a minha geração”, disse o chanceler cubano Felipe Pérez Roque, referindo-se ao candidato democrata à presidência dos EUA, que na verdade é um ano mais velho que o bloqueio. Mas a imagem do chanceler cubano é perfeita. O bloqueio caducou, é anacrônico aos tempos atuais e poderia ter seu fim na simbólica troca de poder que se anuncia nos EUA.
Ainda segundo o chanceler de Cuba, “sete em cada dez cubanos passaram a vida sob esta política irracional e inútil”, que foi incapaz de mudar o regime da ilha e só trouxe sofrimento ao povo cubano.
Apesar de sua importância, a decisão da ONU é também reveladora das limitações do organismo em tratar de questões internacionais e da necessidade urgente de sua reforma. Há 15 anos, quase o mesmo tempo em que condena o bloqueio americano a Cuba, a ONU discute a reforma de seu Conselho de Segurança. A instância deixou de ser representativa da composição de influência do mundo atual e ainda embute o poder de veto de cinco países (EUA, Rússia, Grã Bretanha, França e China), o que muitas vezes transforma suas resoluções em encenação. Se um desses países não quiser brincar, nada feito.
Dominada pelos países mais poderosos, a ONU não se dedicou a promover um desenvolvimento menos desigual no mundo e testemunhou, impotente, a acumulação dos que já tinham mais. A crise financeira atual se desenvolveu sob a falta de solidariedade e de valores éticos atropelando os Estados, a quem a sociedade confere o poder de zelar pela justiça, em todos os seus sentidos.
Agora que o mundo parece em frangalhos, depois de ter desmontado suas redes de proteção social e deixado o capital se reproduzir sobre bases falsas, todos falam na necessidade de uma solução global. Seria mesmo uma boa hora para a criação de uma nova ordem mundial, mudando a composição das instituições internacionais, como a ONU, FMI, OMC e todos os fóruns que interferem na vida econômica, política e social dos países. Resta saber se há mesmo disposição e vontade para tanto.
Fonte:Direto da Redação.
PETRÓLEO - A crise do pico petrolífero: no centro da tempestade.
Enquanto aguardamos a revelação de quantos milhões de barris/dia será o corte da OPEP [1], é boa oportunidade rever a situação financeiro-energética, pois ambas estão agora fortemente ligadas.
Como é bem sabido, as características mais destacadas no panorama destes últimos meses têm sido o mergulho dos preços do petróleo e o aprofundamento da crise económica. Até agora os preços do petróleo estiveram em queda mais depressa do que a economia desmorona, dando com isso a impressão de que a gasolina mais barata em breve remediará os nossos males econômicos e tudo ficará bem.
Nunca pudemos entender o peso correto de cada um dos fatores que levou ao colapso dos preços do petróleo neste ano. A percepção coletiva de que o mundo se encaminha para tempos de dificuldades econômicas muito sérias obviamente está à cabeça da lista. A ascensão do dólar ou a queda do euro, margin calls sobre especuladores, o colapso da indústria habitacional dos EUA, o arranque das Olimpíadas que terminaram a grande farra de compras chinesas de petróleo, e mais recentemente a falta de crédito para financiar transações de petróleo, tudo isso contribuiu para o mergulho dos preços.
Atualmente a atenção mundial está centrada, sobretudo, no esmagamento do crédito, que foi precipitado pela relutância de bancos insolventes em admitirem a sua situação. Considerando que governos do mundo gastaram, emprestaram, penhoraram, garantiram, prometeram quatro milhões de milhões (trillion) de dólares num esforço para conseguir que os bancos emprestem dinheiro outra vez, não é de admirar que os mercados saltem ou mergulhem a cada convulsão do London Interbank Offered Rate. Por enquanto, poucos comentaristas parecem apreender realmente que por trás do esmagamento do crédito jaz um universo de perturbações: hipotecas incomportáveis, preços da habitação em queda, declínio das vendas ao consumidor, ascensão do desemprego, inadimplências nas prestações de empréstimos a casas, carros e cartões de crédito. Esta recessão, ou seja o quer for que acabe por ser, ainda está no seu princípio.
Assim, como é que tudo isto se reflete na oferta mundial de petróleo – o sangue vital da nossa civilização? Relatórios recentes dizem que a produção mundial caiu rapidamente em setembro. Quando a acumulação de estoques parece estar em ascensão, podemos presumir que a OPEP cortará a produção mais uma vez ou será confrontada com preços do petróleo muito mais baixos. Como quase todos os exportadores de petróleo do mundo permitiram que as suas economias se habituassem a seis anos de crescimento firme dos rendimentos petrolíeros, eles, tal como os seus clientes, atravessarão alguns momentos difíceis.
O factor mais assustador neste momento são relatórios de que traders mais pequenos, que têm sido uma parte essencial da movimentação de petróleo através do globo, podem não conseguir mais financiamento para embarques de petróleo – embora a Exxon, Shell, BP e WalMart não tenham de se preocupar acerca de tais coisas. Esta falta de empréstimos está a forçar muitos traders a afastarem-se, deixando o mercado apenas aos maiores participantes.
Uma vez que ninguém realmente pode prever no que toda a miríade de forças em jogo vai resultar, pode ser útil examinar um cenário ou dois para tentar perceber o que o futuro pode nos ter reservado em termos de oferta e de preço do petróleo. Em primeiro lugar, devemos recordar que a produção mundial de petróleo confirmadamente atingiu o pico devido à crise financeira, de modo que no fim deste ano a produção provavelmente será substancialmente mais baixa devido à falta de procura e aos cortes. Um corolário desta queda é que o investimento em novos projectos de produção já está a desacelerar devido a `preços de petróleo insuficientes` e a falta de financiamento. Enquanto as bem financiadas companhias majors provavelmente irão concluir o trabalho nos projectos já em curso, alguns deles poderiam ser adiados.
Vamos tomar um cenário imaginável mau, se não o pior. Suponha-se que a economia mundial realmente azede nos próximos dois anos, que o desemprego cresça para dois dígitos, que caiam as vendas ao consumidor, que a produção agrícola e industrial desça nitidamente por todo o mundo desenvolvido e o comércio internacional se reduza. O que acontece à produção, procura e preços do petróleo? Para começar, há numerosos países no mundo que já estão na espiral da morte económica. Para aqueles incapazes de obter divisas estrangeiras, a procura por petróleo cairá precipitadamente e grandes partes das suas economias em breve retornarão ao século XIX.
A China, entretanto, com uma grande população e economia em expansão irá aguentar-se [mesmo] que seja desconectada do resto do mundo de modo que poderá manter-se a crescer e a importar mais petróleo a cada ano. A Europa, que atravessou tempos difíceis no passado de gente que ainda está viva, utiliza apenas a metade do petróleo per capita dos EUA, e tem excelentes transportes por autocarros e comboio, pode provavelmente contentar-se com menos petróleo e gás natural.
A grande incógnita é provavelmente o consumo de petróleo dos EUA em meio a um grande desabamento económico. Actualmente o nosso consumo está abaixo em cerca de 8,5 por cento (4,3 por cento para a gasolina) devido aos altos preços do último Verão e à estagnação da economia. Como a gasolina provavelmente vai estar abaixo dos US$2,50 por galão [3,785 litros] ou em torno disso, os preços de US$4 do último Verão não estarão a inibir o consumo por algum tempo. Nos próximos poucos anos provavelmente seremos relegados a alto desemprego, actividade económica mais reduzida e consumidores intimidados ou empobrecidos, sendo estas as principais razões para o menor consumo de petróleo. Ainda não podemos dizer se isto cortará a procura estado-unidense em 10, 20 ou 30 por cento. Esforços sérios para a conservação – limites de velocidades mais baixos, partilha de carros, autocarros, mais isolamento térmico – poderiam ter algum papel na determinação de quanto cairá a procura.
A questão final é que efeito tem uma severa recessão económica sobre a produção mundial? Cairá rapidamente ou permanecerá no actual plateau? Será que a procura por petróleo cairá tão rapidamente que, pelo menos por algum tempo, manter-se-á à frente da capacidade declinante dos campos petrolíferos do mundo para produzirem? Poderemos nós esquecer as alternativas para o petróleo por um momento quando procura mundial mais reduzida significa que podemos obter todo o petróleo que ainda quisermos relativamente barato? Poderemos nós ter recursos para efectuar a transição para fontes de energia alternativas?
Por agora são apenas perguntas, mas no próximo ano ou pouco mais deveríamos começar a buscar respostas. De uma forma ou de outra, não será um tempo fácil.
Tom Whipple (jornalista)
[1] Em 24 de Outubro a OPEP decidiu reduzir a produção em 1,5 milhão de barris por dia.
O original encontra-se em www.fcnp.com.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/.
Fonte: AEPET.
Como é bem sabido, as características mais destacadas no panorama destes últimos meses têm sido o mergulho dos preços do petróleo e o aprofundamento da crise económica. Até agora os preços do petróleo estiveram em queda mais depressa do que a economia desmorona, dando com isso a impressão de que a gasolina mais barata em breve remediará os nossos males econômicos e tudo ficará bem.
Nunca pudemos entender o peso correto de cada um dos fatores que levou ao colapso dos preços do petróleo neste ano. A percepção coletiva de que o mundo se encaminha para tempos de dificuldades econômicas muito sérias obviamente está à cabeça da lista. A ascensão do dólar ou a queda do euro, margin calls sobre especuladores, o colapso da indústria habitacional dos EUA, o arranque das Olimpíadas que terminaram a grande farra de compras chinesas de petróleo, e mais recentemente a falta de crédito para financiar transações de petróleo, tudo isso contribuiu para o mergulho dos preços.
Atualmente a atenção mundial está centrada, sobretudo, no esmagamento do crédito, que foi precipitado pela relutância de bancos insolventes em admitirem a sua situação. Considerando que governos do mundo gastaram, emprestaram, penhoraram, garantiram, prometeram quatro milhões de milhões (trillion) de dólares num esforço para conseguir que os bancos emprestem dinheiro outra vez, não é de admirar que os mercados saltem ou mergulhem a cada convulsão do London Interbank Offered Rate. Por enquanto, poucos comentaristas parecem apreender realmente que por trás do esmagamento do crédito jaz um universo de perturbações: hipotecas incomportáveis, preços da habitação em queda, declínio das vendas ao consumidor, ascensão do desemprego, inadimplências nas prestações de empréstimos a casas, carros e cartões de crédito. Esta recessão, ou seja o quer for que acabe por ser, ainda está no seu princípio.
Assim, como é que tudo isto se reflete na oferta mundial de petróleo – o sangue vital da nossa civilização? Relatórios recentes dizem que a produção mundial caiu rapidamente em setembro. Quando a acumulação de estoques parece estar em ascensão, podemos presumir que a OPEP cortará a produção mais uma vez ou será confrontada com preços do petróleo muito mais baixos. Como quase todos os exportadores de petróleo do mundo permitiram que as suas economias se habituassem a seis anos de crescimento firme dos rendimentos petrolíeros, eles, tal como os seus clientes, atravessarão alguns momentos difíceis.
O factor mais assustador neste momento são relatórios de que traders mais pequenos, que têm sido uma parte essencial da movimentação de petróleo através do globo, podem não conseguir mais financiamento para embarques de petróleo – embora a Exxon, Shell, BP e WalMart não tenham de se preocupar acerca de tais coisas. Esta falta de empréstimos está a forçar muitos traders a afastarem-se, deixando o mercado apenas aos maiores participantes.
Uma vez que ninguém realmente pode prever no que toda a miríade de forças em jogo vai resultar, pode ser útil examinar um cenário ou dois para tentar perceber o que o futuro pode nos ter reservado em termos de oferta e de preço do petróleo. Em primeiro lugar, devemos recordar que a produção mundial de petróleo confirmadamente atingiu o pico devido à crise financeira, de modo que no fim deste ano a produção provavelmente será substancialmente mais baixa devido à falta de procura e aos cortes. Um corolário desta queda é que o investimento em novos projectos de produção já está a desacelerar devido a `preços de petróleo insuficientes` e a falta de financiamento. Enquanto as bem financiadas companhias majors provavelmente irão concluir o trabalho nos projectos já em curso, alguns deles poderiam ser adiados.
Vamos tomar um cenário imaginável mau, se não o pior. Suponha-se que a economia mundial realmente azede nos próximos dois anos, que o desemprego cresça para dois dígitos, que caiam as vendas ao consumidor, que a produção agrícola e industrial desça nitidamente por todo o mundo desenvolvido e o comércio internacional se reduza. O que acontece à produção, procura e preços do petróleo? Para começar, há numerosos países no mundo que já estão na espiral da morte económica. Para aqueles incapazes de obter divisas estrangeiras, a procura por petróleo cairá precipitadamente e grandes partes das suas economias em breve retornarão ao século XIX.
A China, entretanto, com uma grande população e economia em expansão irá aguentar-se [mesmo] que seja desconectada do resto do mundo de modo que poderá manter-se a crescer e a importar mais petróleo a cada ano. A Europa, que atravessou tempos difíceis no passado de gente que ainda está viva, utiliza apenas a metade do petróleo per capita dos EUA, e tem excelentes transportes por autocarros e comboio, pode provavelmente contentar-se com menos petróleo e gás natural.
A grande incógnita é provavelmente o consumo de petróleo dos EUA em meio a um grande desabamento económico. Actualmente o nosso consumo está abaixo em cerca de 8,5 por cento (4,3 por cento para a gasolina) devido aos altos preços do último Verão e à estagnação da economia. Como a gasolina provavelmente vai estar abaixo dos US$2,50 por galão [3,785 litros] ou em torno disso, os preços de US$4 do último Verão não estarão a inibir o consumo por algum tempo. Nos próximos poucos anos provavelmente seremos relegados a alto desemprego, actividade económica mais reduzida e consumidores intimidados ou empobrecidos, sendo estas as principais razões para o menor consumo de petróleo. Ainda não podemos dizer se isto cortará a procura estado-unidense em 10, 20 ou 30 por cento. Esforços sérios para a conservação – limites de velocidades mais baixos, partilha de carros, autocarros, mais isolamento térmico – poderiam ter algum papel na determinação de quanto cairá a procura.
A questão final é que efeito tem uma severa recessão económica sobre a produção mundial? Cairá rapidamente ou permanecerá no actual plateau? Será que a procura por petróleo cairá tão rapidamente que, pelo menos por algum tempo, manter-se-á à frente da capacidade declinante dos campos petrolíferos do mundo para produzirem? Poderemos nós esquecer as alternativas para o petróleo por um momento quando procura mundial mais reduzida significa que podemos obter todo o petróleo que ainda quisermos relativamente barato? Poderemos nós ter recursos para efectuar a transição para fontes de energia alternativas?
Por agora são apenas perguntas, mas no próximo ano ou pouco mais deveríamos começar a buscar respostas. De uma forma ou de outra, não será um tempo fácil.
Tom Whipple (jornalista)
[1] Em 24 de Outubro a OPEP decidiu reduzir a produção em 1,5 milhão de barris por dia.
O original encontra-se em www.fcnp.com.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/.
Fonte: AEPET.
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