Mair Pena Neto.
Pelo décimo-sétimo ano consecutivo, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou resolução pelo fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, que já dura 46 anos. A decisão tem um caráter de denúncia do unilateralismo e intolerância dos EUA, já que não é respeitada pelo país, que mantém e muitas vezes aprimora o condenado bloqueio.
A novidade da mais recente votação foi a mudança do placar. Agora são 185 países favoráveis ao fim do bloqueio e três contrários. Votaram contra a resolução da ONU os Estados Unidos, Israel, que deve sua sobrevivência ao país de Bush, e Palau, uma microscópica ilha na Micronésia, totalmente dependente dos EUA. Até as Ilhas Marshall, que ano passado acompanharam os EUA, agora se abstiveram, junto a Micronésia, onde ficam Palau e Marshall..
“O bloqueio é mais velho que o senhor Barack Obama e que toda a minha geração”, disse o chanceler cubano Felipe Pérez Roque, referindo-se ao candidato democrata à presidência dos EUA, que na verdade é um ano mais velho que o bloqueio. Mas a imagem do chanceler cubano é perfeita. O bloqueio caducou, é anacrônico aos tempos atuais e poderia ter seu fim na simbólica troca de poder que se anuncia nos EUA.
Ainda segundo o chanceler de Cuba, “sete em cada dez cubanos passaram a vida sob esta política irracional e inútil”, que foi incapaz de mudar o regime da ilha e só trouxe sofrimento ao povo cubano.
Apesar de sua importância, a decisão da ONU é também reveladora das limitações do organismo em tratar de questões internacionais e da necessidade urgente de sua reforma. Há 15 anos, quase o mesmo tempo em que condena o bloqueio americano a Cuba, a ONU discute a reforma de seu Conselho de Segurança. A instância deixou de ser representativa da composição de influência do mundo atual e ainda embute o poder de veto de cinco países (EUA, Rússia, Grã Bretanha, França e China), o que muitas vezes transforma suas resoluções em encenação. Se um desses países não quiser brincar, nada feito.
Dominada pelos países mais poderosos, a ONU não se dedicou a promover um desenvolvimento menos desigual no mundo e testemunhou, impotente, a acumulação dos que já tinham mais. A crise financeira atual se desenvolveu sob a falta de solidariedade e de valores éticos atropelando os Estados, a quem a sociedade confere o poder de zelar pela justiça, em todos os seus sentidos.
Agora que o mundo parece em frangalhos, depois de ter desmontado suas redes de proteção social e deixado o capital se reproduzir sobre bases falsas, todos falam na necessidade de uma solução global. Seria mesmo uma boa hora para a criação de uma nova ordem mundial, mudando a composição das instituições internacionais, como a ONU, FMI, OMC e todos os fóruns que interferem na vida econômica, política e social dos países. Resta saber se há mesmo disposição e vontade para tanto.
Fonte:Direto da Redação.
Um comentário:
A ONU tem sede em Nova Yorque ou seja tem total influência dos EUA.
Imagina se muda esssas instituições?
Mas mudar pra melhor, estando ao lado de quem realmente precisa!
O mundo precisa mudar, precisar não viver em função só dos blocos dos países desenvolvidos.
Cuba ganha ou perde algo com a crise dos EUA?
E como será Cuba se houver mesmo esse desbloqueio?
Ótimo blog viu! Parabéns!
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