terça-feira, 28 de outubro de 2008

POLÍTICA - PMDB, o fiel (?) da balança para 2010.

Com o resultado das eleições municipais, o PMDB consolidou sua posição de fiel da balança para as eleições de 2010. Lual conta com o apoio do partido, mas vários sinais já lançados mostram que, num eventual cenário de disputa entre Dilma Rousseff e José Serra em 2010, parte do PMDB pode deixar a petista na mão e aderir ao projeto do tucano.

Maurício Thuswohl

O resultado das eleições municipais garantiu ao PMDB o papel mais importante da política brasileira pelos próximos dois anos. O partido mais uma vez elegeu o maior número de prefeitos e vereadores em todo o país e, aproveitando sua condição privilegiada na base de apoio do governo Lula, consolidou sua posição de fiel da balança para as eleições de 2010. Maior partido de centro do Brasil, presente em todo o país, com a presidência da Câmara - e talvez a do Senado - nas mãos, o PMDB será decisivo para definir quem substituirá Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

Alguns caciques peemedebistas saíram vitoriosos e outros derrotados em seus estados. É do comportamento deles daqui pra frente que dependerá a continuidade da aliança nacional com o PT. Fato incontestável é que o desenrolar político destas eleições municipais, sobretudo nas cidades onde ocorreu segundo turno, não contribuiu muito para a aproximação entre os dois partidos. Ao contrário, vários sinais já lançados mostram que, num eventual cenário de disputa entre Dilma Rousseff e José Serra em 2010, parte do PMDB pode deixar a petista na mão e aderir ao projeto do tucano.

Dois importantes exemplos dessa reaglutinação à direita do PMDB aconteceram nas cidades de São Paulo e de Salvador. Na capital paulista, quando ninguém apostava na reeleição de Gilberto Kassab, o ex-governador Orestes Quércia se aproximou e ofereceu o apoio do PMDB. Em troca, obteve o apoio do DEM para que um peemedebista (o próprio Quércia, provavelmente) concorra ao Senado em 2010, quando serão disputadas duas vagas por estado. Com a folgada vitória de Kassab, é certo que Quércia e a maioria do PMDB em São Paulo, que vai participar da administração municipal, passe a forçar o apoio do partido a Serra nas eleições presidenciais.

A carnificina verbal do segundo turno em Salvador, por sua vez, revelou a grande distância entre PT e PMDB na Bahia. Candidato a novo babalorixá da política baiana, o ministro da Integração Nacional, Gedel Vieira Lima, demonstrou força nas urnas ao reeleger o candidato do partido, João Henrique. O mais importante para o cacique peemedebista, no entanto, foi ter conseguido para o prefeito reeleito o apoio do DEM no segundo turno, fato que pode configurar um novo bloco na política baiana: “Essa campanha nos lembrou que nosso inimigo comum é o PT”, disse ACM Neto, herdeiro do carlismo. Sinais de que a vida dos prováveis candidatos petistas Jaques Wagner e Dilma Rousseff pode não ser tão fácil na Bahia em 2010.

O elo mais sólido da aliança entre PT e PMDB, ao menos aparentemente, acontece no Rio de Janeiro, onde a vitória de Eduardo Paes na capital fortaleceu ainda mais o grupo do governador Sérgio Cabral Filho na eterna disputa interna do PMDB no estado. Cabral é, hoje em dia, um dos aliados de fora do PT em quem Lula mais confia. O presidente da República não esconde de ninguém que o governador do Rio é seu nome preferido no PMDB para compor a chapa com Dilma. Além disso, a vitória no Rio acabou servindo como contraponto para a derrota em São Paulo, já que o adversário de Paes, Fernando Gabeira, era claramente apoiado por José Serra e pelo prefeito Cesar Maia (DEM).

A provável lealdade de Cabral, no entanto, não garante automaticamente o apoio do PMDB fluminense ao candidato do PT em 2010. A primeira variável nesse jogo é o controle das instâncias de base do PMDB no estado, que vai definir a escolha do sucessor de Cabral se o governador for mesmo compor a chapa presidencial petista. O presidente regional do partido ainda é o ex-governador Anthony Garotinho, adversário de Cabral, que certamente disputará o controle da máquina partidária. Garotinho está mais forte depois da eleição de sua mulher, a ex-governadora Rosinha Matheus, para a Prefeitura de Campos, berço político do casal e um dos maiores colégios eleitorais do estado. Além de Garotinho, outra liderança de peso no PMDB fluminense é o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, ex-aliado de Garotinho que tem apoiado Cabral e avalizou a candidatura de Paes.

Outra variável a ser levada em conta é o comportamento do próprio Eduardo Paes, que percorreu 90% de sua trajetória política até aqui vestindo as camisas do PFL (atual DEM) e do PSDB e só recentemente passou a fazer parte da base de apoio ao governo Lula. Infiel partidário de carteirinha, o novo prefeito do Rio talvez não seja figura das mais confiáveis, apesar da aparente solidez de sua atual parceria com Sérgio Cabral. Quando tucano, Paes era um dos mais chegados a José Serra e por ele foi alçado à secretaria-geral do partido. Dependendo do cenário político e econômico em 2010, não será surpresa se trabalhar politicamente para o fim da aliança com o PT.

Existem também estados importantes onde o PMDB provavelmente não estará com Serra em 2010, mas tampouco pode ser considerado seriamente como um aliado do PT. Caso emblemático é o Rio Grande do Sul, onde a histórica polarização entre os dois partidos se refletiu na disputa em Porto Alegre, vencida pelo prefeito reeleito José Fogaça, outro que pode ser tranqüilamente incluído na lista dos não-confiáveis politicamente. O trunfo do PT gaúcho, no entanto, é o bom desempenho obtido pelo partido no interior e nas cidades metropolitanas que circundam a capital, onde conseguiu eleger 61 prefeitos. É certo que cada um dos partidos terá candidato ao Governo do Estado em 2010. Resta saber como isso se refletirá numa eventual chapa PT-PMDB para a Presidência da República.

Outro exemplo é Minas Gerais, onde o xadrez político parece um pouco mais complicado. Apesar da boa relação entre o PT e o PMDB mineiros, traduzida pela presença de Hélio Costa no Ministério das Comunicações, as eleições municipais também devem deixar seqüelas na relação entre os dois partidos. É pouco provável que a vitória de Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte efetive uma aproximação nacional entre o PT e o PSDB, como pretendem o prefeito Fernando Pimentel e o governador Aécio Neves. O certo, no entanto, é que dificultará a aliança entre PT e PMDB em 2010, pois a derrota de Leonardo Quintão já faz a velha-guarda peemedebista, com o ex-governador Newton Cardoso à frente, pensar numa estratégia de sobrevivência para as próximas eleições estaduais. Essa estratégia talvez não passe pelo apoio nacional ao PT.

O primeiro teste das ambições do PMDB após a injeção de vitaminas que recebeu das urnas acontecerá com as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Entre os deputados petistas e peemedebistas, ao menos por enquanto, reina a paz selada sobre o acordo que deverá levar Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara. No Senado, ao contrário, a bancada do PMDB, com perfil mais à direita, não parece disposta a aceitar ceder a presidência da casa para um senador petista, seja ele quem for. Nesta disputa, começarão a ser lançados de fato os dados para 2010.

Finalmente, além dos cenários estaduais, o comportamento dos seis ministros peemedebistas do governo Lula nos próximos meses também será fundamental para definir o futuro da aliança com o PT. O objetivo do Palácio do Planalto é fortalecer essa aliança para eleger Dilma Rousseff, mas, como bem observou o ministro da Justiça, Tarso Genro, as eleições municipais “modificaram a disputa” para 2010: “Temos agora a presença de um partido centrista forte, o PMDB, que exigirá uma definição programática maior nos dois pólos, formados pelo PT de um lado e pelo PSDB de outro. Essa definição programática será fundamental para conquistar o apoio do PMDB”, disse.

Fonte:Agência Carta Maior.

2 comentários:

Unknown disse...

DIREITA E ESQUERDA POLITICA - OS conceitos de direita e de esquerda politica emergiram das antigas monarquia, em que nas reuniões que o rei promovia com as populações, os representantes dos ricos sentavam - se à sua direita e dos pobres e trabalhadores se sentavam à sua esquerda. Foi contra este tipo de descriminação social que surgiu o conceito de Democracia, do Pensamento filosófico, da Grécia Antiga, em que relações de competição não têm cabimento, mas sim e somente, relações humanas de cooperação solidária, bem como de complementaridade de aptidões e de competências individuais garantes da coesão social, quer a nível local, regional, nacional e mundial, em que o contraste entre ricos e pobres não tem cabimento, mas sim e somente o bem - comum de toda a Humanidade, na medida das necessidades e capacidades específicas de cada pessoa,não podendo existir pessoas válidas para o trabalho desocupadas, nem inválidos sem a assistência necessária. Significa isso, que a nível mundial, não devem existir pessoas válidas,profissionalmente, desocupadas, nem
recursos naturais necessários não aproveitáveis, e que compete ao poder politico,como sua obrigação fundamental, assegurar. MANUEL GOMES ALEXANDRE

Unknown disse...

CIVILIZAR É ABOLIR AS RELAÇÕES « HUMANAS» DE COMPETIÇÃO, ESPECIFICAS DOS ANIMAIS SELVAGENS E INSTITUIR, OBRIGATORIAMENTE E DEMOCRATICAMENTE,RELAÇÕES HUMANAS DE COOPERAÇÃO SOLIDÁRIA E COMPLEMENTARIDADE DE APTIDÕES E DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS, GARANTES DA COESÃO SOCIAL DE TODA A HUMANIDADE,OU ESPÉCIE HUMANA