Porto Alegre (RS) - Uma coisa que impressiona no Brasil de nossos dias é o atraso da imprensa. Da imprensa-jornal, da imprensa-rádio e também da imprensa-televisão. Atraso esse que reflete o pensamento de uma oligarquia decadente, mas que ainda insiste em impor a sua forma de pensar e principalmente sua forma arcaica de dirigir os destinos do Brasil. Quando eu digo atraso, quero dizer conservadorismo político. São aqueles que têm medo do presente e sequer querem pensar no futuro, porque olham e vêem que o futuro já não lhes reserva nenhum lugar ao sol.
Por isso, os conservadores são tristes, fechados no seu mundinho egoísta. Rico materialmente, mas muito pobre de imaginação e esperança. Sabem porque estou falando nisso? É que lembrei do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o único presidente conservador desse país. FHC disse em uma ocasião em que ainda era presidente, do alto da sua sabedoria livresca, mas inútil, que no Brasil predominava o pensamento neoliberal. E quem não fosse neoliberal, só restava a ser "neobobo". Hoje, quando a crise financeira praticamente liquida o pensamento neoliberal, que permanecerá apenas como uma lição de como não se deve administrar a economia pública, eu gostaria de perguntar quem é mesmo o neobobo?
São neobobos aqueles que sempre alertaram para o desastre que estava por vir? Uma economia inteiramente dominada por bancos, papéis e na jogatina da economia-cassino sem lastro material para sustentar crescimento de todos e não de minorias espertas e dominantes? Agora que o mundo está mergulhado na crise neoliberal terminal é de indagar quem são mesmo os neobobos. Pois esses mesmo neoliberais ou neobobos conservadores não estão ainda convencidos do tamanho da crise que vem por aí.
Os grandes jornalões brasileiros, porta-vozes desses conservadores historicamente fracassados, ainda continuam insistindo para que o governo contenha os gastos públicos, que deve haver equilíbrio fiscal e outros receituários inúteis. Ora, todos sabemos que diante de uma ameaça profunda e prolongada o remédio é precisamente o contrário. É necessário mais do que nunca aumentar o gasto do Estado para garantir liquidez, dinheiro na mão do consumidor e estímulo à atividade produtiva, seja do setor produtivo, seja do setor primário.
O governo Lula, ao que parece, felizmente não está dando ouvidos aos neoliberais-neobobos, mas está estimulando a movimentação da roda da economia, através de medidas como a aceleração do PAC, a estatização de bancos em dificuldades, o estímulo ao crédito e talvez ao controle cambial. Embora esta última medida ainda não tenha sido decidida, mas esperamos que seja.
Pensem nisso, enquanto eu me despeço.
Até a próxima!
Cristóvão Feil é sociólogo e editor do blog Diário Gauche
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