A grande novidade da atual eleição não é o desempenho de nenhum partido ou candidato. Atende pelo nome de abstenção da classe média. Somente no Rio de Janeiro, o percentual de eleitores que não votaram na zona sul chegou a quase 25%. Ou seja, um quarto do público que mais lê jornais na cidade preferiu ficar longe das urnas. Para o colunista político Maurício Dias, de Carta Capital, o descolamento do eleitor de classe média da disputa eleitoral reflete um processo de rejeição, vitaminado pela imprensa, que começou com a eleição de Lula, em 2002.
“A eleição de um presidente operário deflagrou a situação em que vivemos hoje, na qual a imprensa ataca a classe política de forma obsessiva e suicida”, disse Maurício Dias em entrevista ao Conversa Afiada. Para ele, a forma que a mídia cobre a política projeta a idéia de que a situação do país seria melhor se não houvesse Congresso.
“Costuma ser dito que pobre não vota. Mas isso é falso. No Rio, os percentuais de abstenção na zona norte e zona oeste foram de aproximadamente 19%, menor do que o da zona sul”, frisa Maurício. Em seu ponto de vista, o distanciamento decorre da manipulação que a classe média sofre por parte da dita grande imprensa. “É como diz o Marcos Coimbra (presidente do Instituto Vox Populi), eles acabam sendo ‘inocentes úteis’”, pontua. Outro fator responsável pelo desencanto eleitoral, acredita Maurício, é a própria pausteurização dos partidos políticos, principalmente o PT, que perdeu seus diferenciais diante do eleitorado.
Para Maurício, é uma falácia a tentativa de vincular o resultado das eleições municipais com a sucessão de Lula. “Há um estudo do cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj, que mostra isso claramente”, disse. A partir de um levantamento de três eleições presidenciais e municipais coincidentes foi possível observar o desvinculamento entre os dois pleitos. “Quando o Lula foi eleito, em 2002, o PT tinha apenas 12% das prefeituras”, exemplifica.
Outro exemplo, segundo Maurício, vem da eleição municipal de 1996. Naquele ano, os prefeitos César Maia, do Rio, e Paulo Maluf, de São Paulo, elegeram sucessores desconhecidos. “Tanto César como Maluf foram apontados como figuras que seriam fundamentais na eleição presidencial de 1998, mas isso não se confirmou”, pontua.
Fonte:Blog Conversa Afiada
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