sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CRISE AMERICANA - Greenspan admite que errou ao confiar na auto-regulação dos mercados.

Durante 18 anos a ditar a política monetária dos EUA, Greenspan defendeu a desregulamentação. Agora diz que afinal estava enganado... O antigo responsável pela Reserva Federal dos EUA admitiu esta quinta-feira ter errado ao acreditar que os mercados se podiam regular a eles próprios sem intervenção estatal. Também o secretário do Tesouro Henry Paulson admitiu hoje que poderia ter previsto mais cedo a crise do subprime, embora ache que não tomaria decisões diferentes por causa disso.

"Eu enganei-me ao presumir que os interesses próprios das organizações, em especial os bancos e outras, faziam com que fossem elas as mais capazes de proteger os seus accionistas e os capitais próprios das suas empresas", admitiu Greenspan, um dos mais fervorosos defensores da desregulamentação dos mercados durante os 18 anos do seu mandato à frente do banco central dos EUA.

Greenspan respondia ao presidente da Comissão de acompanhamento da actividade governativa, o democrata Henry Waxman, que lhe perguntou em seguida se afinal Greenspan não teria descoberto que a sua ideologia simplesmente não funcionava.

"Exacto, é isso mesmo!", respondeu Greenspan. "Essa é a razão do meu choque, porque passei mais de 40 anos com provas consideráveis de que estava a funcionar excepcionalmente bem". Já sobre a capacidade dos bancos se regularem a si mesmos, Greenspan disse estar "num estado de choque descrente" e não conseguir ver "como é que podemos evitar um aumento significativo dos despedimentos e do desemprego".

Em entrevista ao New York Times, o secretário do Tesouro Henry Paulson admitiu que poderia ter previsto mais cedo que a crise do subprime vinha a caminho. "Mas não digo que teria feito alguma coisa diferente", disse Paulson, que está debaixo do fogo das críticas do sistema financeiro por ter deixado cair o Lehman Brothers, impulsionando os momentos de pânico bolsista por todo o mundo. Paulson diz que fez tudo para convencer os administradores a arranjar um comprador para o banco, mas a exigência de garantias do Estado fez gorar o negócio.

Paulson, que antes de integrar a administração Bush trabalhou para o Goldman Sachs, discorda dos críticos e diz que o "Lehman Brothers não foi uma causa, mas sim um sintoma da crise". "Daqui por dez anos, ninguém dirá que esta crise apareceu porque o Lehman Brothers caiu", defendeu o secretário do Tesouro.
Fonte:Esquerda.net

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