segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A CLASSE MÉRDIA E O COMPLEXO DE VIRA -LATA.

Nesse domingo, na capa do portal UOL, havia uma chamada para o blog do designer de móveis e objetos Duilio Ferronato. Título: "Brasileiro tem fama de desonesto na Europa." Será que, a partir de si próprio, é que o blogueiro constrói um estereótipo do brasileiro?

Como prestar um grande desserviço ou o complexo de um cão vira-latas da classe mérdia

por Conceição Oliveira, no blog Maria Frô

A chamada de capa de um blog da Uol deste domingo me assustou, pensei, lá vem bobagens. Acertei na mosca.

Nunca ouvi falar em Duilio Ferronato, mas sinceramente ele perdeu uma grande chance de ficar calado: reduzir todo o caráter do povo de um país ao dele e ao dos amiguinhos de classe média que às vezes vão para a Europa aplicar certos golpes é, no mínimo, irresponsabilidade.

Será que precisamos lembrar este sujeitinho sobre os lixeiros, garis, e trocentos outros trabalhadores brasileiros que devolvem, devolveram e devolverão grandes quantidades de dinheiro, jóias e outros pertences encontrados a quem os perdeu? São trabalhadores pobres que jamais irão pra Europa, mas têm a honradez de devolver somas que jamais conseguirão juntar na vida toda. Por duas razões: eles sabem que o pertence não é deles; são honestos, dignos.
Será que precisamos lembrar a este sujeitinho que o dono das Casas Bahia cresceu exatamente por confiar nos brasileiros trabalhadores e lhes ofertar produtos de desejo, via crediário? Samuel Klein enriqueceu e salpicou Casas Bahia em tudo que é canto, por saber que o brasileiro trabalhador é de confiança, honra compromissos. Afinal, esse brasileiro sabe que a única coisa que tem na vida é seu nome limpo na praça e a consciência tranqüila quando bota a cabeça no travesseiro.

Caráter tem a ver com valores. É aquilo que não tem mais ou menos. É aquilo que é alimentado por princípios sólidos com os quais você estrutura a sua vida e condutas.

Caráter passa pela crença de que todo ser humano tem direito à vida. Daí você não sai repetindo preconceitos e estereótipos que ajudam Estados degradados, irresponsáveis, violentos e de exclusão a matar a juventude negra, por exemplo. Você não fica achando graça das piadas homofóbicas e as reproduzindo em rodas de amigos. Você não acha natural a sua empregada ganhar salário mínimo. Você não assina listas pra que as empregadas domésticas não tenham direito a FGTS. Aliás, você se envergonha ao menos desta herança Casa Grande & Senzala e busca respeitar esses trabalhadores. Quando se tem caráter, você não fica repetindo nas festinhas com seus pares que odeia este 'presidente analfabeto', que salvou o seu rabo da crise econômica.

Quando você tem caráter você não pratica delitos de ladrões comuns e põe a culpa em seus tempos de juventude. Você simplesmente não os pratica.

Mas se você faz parte da 'classe mérdia brasileira' (como a alcunhou o meu amigo Helio Paz) as coisas mudam de figura. Este é o grupo social mais esquizofrênico em termos de valores que existe. Eu não vou definir este grupo social aqui, pois o Hélio fez isto muito bem, mas a meu ver, o texto deste sujeitinho Duilio mostra como esta classe acha que todo mundo é igual a ela. Atenção: não somos.

O povo brasileiro, incluindo aí os do Bolsa Família que os golpistas vivem esculhambando, não é como este tal de Duilio: um deslumbrado, com complexo de cão vira-latas, como diria o Mello.

Sujeitos como este tal Duilio não conseguem perceber que o nosso país mudou e está mudando para melhor à revelia desses imbecis 'classe mérdia'. Ele e seus comparsas prefeririam ter nascido na Zoropa, e vão morrer com este complexo de cão vira-latas, dando seus golpes no Velho Mundo e, por vezes, se a gente der mole, tentarão dá-los por aqui também. Alguns viram políticos, empresários que roubam a merenda das crianças, mas a grande maioria desta estirpe de golpistas e seus asseclas vivem mesmo é da tentativa de sustentar com seu discurso demodé os políticos mais fisiológicos que temos notícia.

Sujeitos como Duilio insistem em reduzir todo o povo brasileiro a seus valores deturpados e a sua mesquinhez. São cínicos, preconceituosos, arrivistas e, claro, contribuem para acirrar a xenofobia quando resolvem pegar a sua mochila e se aventurar na Zoropa. Depois, cansados (porque sujeitinhos como estes não constroem nada de bom nem lá nem cá) geralmente voltam para o Brasil e ganham espaço na mídia golpista para falar suas sandices. Desconfio que os leitores para esses tipos preconceituosos são cada vez mais raros no novo Brasil, onde cresce uma blogosfera cada vez mais crítica.
Fonte: Blog Vi o Mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este Duílio é uma lástima. Ele se parece muito com outro cronista de um jornal de Belo Horizonte, que ao descrever uma viagem de Barbacena (onde nasceu) até Belo Horizonte, ofendeu os moradores de Ressaquinha, onde eu resido, chamando-a de cidade fedorenta. Para nosso azar, pouco antes havia parado na cidade um caminhão de carniça, e quando o palhaço do jornal O Tempo passou lá, o mal-cheiro continuava. Pois ele escreveu uma crônica difamando nossa cidade.