terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

INTERESSE NACIONAL - Desnacionalização de setores estratégicos.

Desnacionalização avança no setor siderúrgico e de mineração

por Michelle Amaral da Silva.

Iniciado no governo Collor, o Estado Brasileiro promoveu a privatização ou a participação estrangeira em setores estratégicos como o de telefonia, energia e mineração.

Bernardo Alencar.

De Belo Horizonte (MG)

A participação do capital internacional no controle de estatais que foram privatizadas a partir da década de 90 avança no Brasil. Ações de empresas como a Vale do Rio Doce, Usiminas e Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), ou pertencentes a estas, tem sido vendidas a multinacionais, mesmo com a perspectiva de que os recursos naturais que detêm são finitos e possuem à união.

Iniciado no governo Fernando Collor de Mello, e intensificado no governo de Fernando Henrique Cardoso, o Estado Brasileiro, seguindo políticas neoliberais, promoveu a privatização ou a participação estrangeira em setores estratégicos como o de telefonia, energia e mineração.

Exemplo disto é o que acontece na siderurgia e mineração nacional. A multinacional do setor siderúrgico, a japonesa Nippon Steel, anunciou no mês passado a intenção de compra de 5,9% em ações da Usiminas que antes eram controladas pela Vale. Se o acordo for confirmado, a multinacional, que detem 23,2% da Usiminas, passará a controlar 29,2% do capital da siderúrgica. Hoje, através da Nippon Usiminas, a holding japonesa controla a maioria do capital acionário.

Processo semelhante foi o que aconteceu com a Cenibra Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra). A Cenibra começou a operar em 1973 controlada pela Vale do Rio Doce e pela JBP (Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development CO.). Em 2001, três anos após a privatização da Vale, a participação nacional da empresa foi transferida para a JBP que pertence a multinacional japonesa do setor de celulose, Oji Paper. No ano passado, a Cenibra teve um faturamento cujo lucro líquido foi de R$ 278 milhões.

Outra empresa também passada à participação privada foi a siderúrgica CST, privatizada em 1996, e que agora é controlada pela empresa Arcelor Mittal sediada em Luxemburgo.

Mesmo empresas públicas, como a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), têm promovido a desnacionalização. Em 2008 a Namisa (Nacional Minérios S.A.), controlada pela CSN, teve 40% de suas ações vendidas para um consórcio formado pelas siderúrgicas japonesas Nippon Steel, JFE Steel, Sumitomo Metal Industries, Kobe Steel e Nisshin Steel. O grupo ainda conta com a sul-coreana de aço Posco e a trading japonesa Itochu.

Demanda

De acordo com especialistas, a expectativa no que se refere à demanda por commodities tende a se manter elevada mesmo sendo afetada pela atual crise financeira. Há, em curto prazo, uma retração no consumo de minérios e derivados. Porém, a médio e longo prazo, a tendência é de expansão, principalmente por conta de países considerados emergentes. Só no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia, o consumo de aço deve dobrar até 2015.

Em Minas Gerais, estado responsável por 44% das exportações nacionais de minérios e derivados, no ano de 2008 a assembléia legislativa do estado organizou o seminário “Minas de Minas”. O seminário tinha como objetivo a discussão de diretrizes e propostas sobre o setor para serem votadas no ano de 2009. Porém, como explica o deputado estadual, Padre João (PT), “propostas como a reestatização da Vale foram rejeitadas e não serão ao menos votadas”.

O deputado Carlin Moura (PC do B) afirma que o setor de mineração e siderurgia no Brasil foi “fatiado e, de certa forma, está acontecendo o que tem acontecido na Petrobrás ao permitir a participação de companhias internacionais na prospecção e comércio do petróleo”. “Num primeiro momento ocorreram as privatizações e, logo em seguida, a desnacionalização feita gradualmente através da venda de ações”, completa.

Fonte:Brasil de Fato.

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